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quarta-feira, 11 de outubro de 2023

POR QUE DEVEMOS FILOSOFAR? #porquedevemosfilosofar #universodafilosofiafiatlux

 Para reflexão...É POR ISSO QUE A FILOSOFIA É IMPORTANTE...

Eu tenho colocado neste espaço ( minha página) temas polêmicos e argumentos ácidos. Ninguém é obrigado a concordar comigo. Procuro argumentar usando a lógica, a razão, mas também demonstrar toda a minha indignação contra os poderosos, as elites, que exploram o povo em todas as dimensões da vida das pessoas necessitadas e oprimidas. O meu objetivo, neste espaço, sempre foi o mesmo que me fez prestar vestibular para Filosofia e ser professor no Ensino Médio. Paguei e continuo pagando um preço alto por isso, mas não me arrependo. Faria tudo de novo.

Os donos do mundo usam as seguintes armas, entre outras, para nos manterem conformados: poderes econômicos, políticos, culturais, religiosos, ideológicos, intelectuais, midiáticos ( todas as mídias imagináveis) e como recurso extra, o PODER ESTATAL com as suas leis e a força bruta militar. Segundo Weber, a meu ver, um reacionário de Direita, o Estado tem o monopólio da força. A força em todos os sentidos, certo? Pensem nas guerras que acontecem no mundo e os Estados que as patrocinam com o dinheiro público, ou seja, dinheiro do povo para defender os interesses dos poderosos.

Para nós, que somos assalariados, desempregados, pobres, dependentes dos serviços públicos, trabalhadores explorados e oprimidos, não nos resta nada mais do que tomar consciência da vida tal como ela é. A vida para a nossa classe é tão dura e difícil que muitos de nós queremos viver a paz e o amor através da crença na salvação das nossas almas num suposto paraíso. A pergunta é: NÃO podemos nos unir e sermos felizes no planeta Terra, primeiro? Somos a maioria e podemos mudar a situação. E nem precisa ser com violência. Se a humanidade toda parasse de produzir por apenas 15 dias...Quem produz todas as riquezas do mundo? São os trabalhadores ou os patrões? Não me refiro aos pequenos e médios empresários, pois estes estão lutando para sobreviverem como todos nós. Para ficar num exemplo simples: um trabalhador, de uma fábrica de carros, ajuda a produzir quantos carros por ano? Quantos carros são dele?

A única mercadoria que ele tem é a força de trabalho, mais nada. O que ele produz é apropriado pelo dono dos meios de produção. Temos cada vez menos donos, porque os capitalistas mais poderosos vão fundindo ou comprando outras empresas. Provavelmente, eles não chegam a 1% de pessoas, mas exploram e dominam cerca de 99% da população mundial.

PIOR: é essa minoria que destrói o planeta sem dó nem piedade...Pense nisto: só nós podemos mudar tal situação dramática. Acreditar num capitalismo humanizado é ideologia daqueles que estão a serviço dos exploradores e não dos explorados. Apesar da minha insignificância diante desta força descomunal, que é o sistema capitalista, os homens mais poderosos do mundo não passam de amebas perto da Via Láctea, uma galáxia que pode ser considerada um átomo, se a compararmos com o universo até agora conhecido...Se não houver uma guerra atômica, que varrerá o ser humano do mapa, cedo ou tarde, a própria natureza realizará tal tarefa...Já vemos os sinais, não é?!!!

Texto: Marco Aurélio Machado



terça-feira, 27 de junho de 2023

O GOSTAR!

 Para refletir. Escrevi esse texto há anos, achei sem querer numa pasta perdida nos meus arquivos e resolvi postá-lo aqui. 


"O GOSTAR"!

Eis um sentimento complicado. Até que ponto gostamos mesmo do outro (a), e não apenas de nós mesmos? Tal qual Narciso, que parece que nasceu primeiro do que o espelho, às vezes, penso que é difícil separar esse emaranhado de sentimentos. Ter clareza das coisas, fatos e ações não é nada fácil. E quase sempre confundimos o nosso valor como pessoa com a aceitação ou a rejeição afetiva.

Lançar-se numa aventura amorosa é um risco que corremos, simplesmente, por estarmos vivos. Todavia, não há receita, uma bula, de como uma relação afetiva deve ser construída. Cada relacionamento é um universo complexo e edificar tal ponte é uma tarefa de Sísifo: literalmente, é rolar a pedra ao cume e fazer o possível para que ela não caia tão rápido...

Hoje em dia há muitos manuais por aí que "ensinam" a arte da sedução", e muitas pessoas já embarcaram nessa canoa. A meu ver, um barco perigoso, cujo casco não aguenta muito peso. A possibilidade de inundação é grande e os coaches de plantão "resolvem" todos os problemas alheios, mas quando entram em crise, raramente conseguem solucionar os próprios dilemas...

Fazer de conta que o outro (a) não existe como estratégia de conquista é uma escolha suicida. Pode dar certo para quem não tem amor próprio, inteligência e percepção aguçada da tentativa maquiavélica do "sedutor"(a). A maioria das pessoas não percebe a dosagem certa e, assim, em vez de conquistar, acaba perdendo. Não tem relacionamento que se sustente na dúvida constante. Das duas, uma: ou a pessoa vai se rastejar e perder a sua dignidade ou dará um basta à situação e o suposto sedutor (a) vai beber da própria dose cavalar do veneno que gosta de dar ao outro.

Esse tipo de coisa nunca funciona com todos... A dúvida constante é excelente para a Filosofia, mas nos relacionamentos afetivos, em doses cavalares, é o começo do fim. Cada dúvida, dois passos para trás e uma "lata d'água" de VINTE LITROS no tambor. Em outras palavras, em vez da aproximação, acontece o distanciamento...

Por mais "fortes" que sejamos, a roda da fortuna gira. E cedo ou  tarde, todo ser humano vai se deparar com alguém que poderá encaminhá-lo para a luz ou empurrá-lo nas trevas do abismo. É preciso tomar cuidado, pois enquanto estivermos vivos, a vida estará presente para nos ensinar algumas lições. Pior: ela não tem pressa e bate com luvas de pelica...

TEXTO: MARCO AURÉLIO MACHADO

quinta-feira, 15 de dezembro de 2022

A LIBERDADE DE EXPRESSÃO PODE SER ABSOLUTA?


Será? Vejamos: A MEU VER, se posso tirar a minha própria vida, então, tenho liberdade absoluta para fazer tudo. Mas se eu pudesse fazer tudo o que me desse na "telha", todas as outras pessoas poderiam fazer o mesmo, não é? Neste caso, onde está a minha liberdade? Seria o mundo em estado de natureza de Hobbes: " o homem seria o lobo do próprio homem". Há liberdade nessa situação? Penso que não...


Por outro lado, concordo com o filósofo existencialista francês, Jean Paul Sartre. Temos uma liberdade absoluta, no sentido de tentar fazer o que se passa pela cabeça ( ele não disse com essas palavras), todavia, só pode haver liberdade absoluta com o FARDO DA RESPONSABILIDADE. Somos responsáveis pelas nossas escolhas e atitudes e pagamos um preço por isso, ora! Posso fazer, mas há consequências...Isso de um ponto de vista ético, moral. Imagine, então, a vida em sociedade... Além dos valores éticos e morais, temos que respeitar as leis, não é mesmo? Podemos até desrespeitá-las, mas se formos descobertos, pagaremos o preço pelas nossas escolhas e atos.

Onde não há limite nem responsabilidade, é impossível conviver em sociedade. Portanto, AS FAKE NEWS não podem ser censuradas? Podem, devem e necessitam ser coibidas. Por quê? Porque, além de serem imorais, são ILEGAIS. Como acreditar nas pessoas que preconizam as notícias falsas desenfreadas e sem consequências? Seria o REINO DA BÁRBARIE: o CAOS SOCIAL!!

Para TERMINAR: COMO ACREDITAR que um candidato, que legitima as fake news e as comete, além de estimular milhões de pessoas a fazerem o mesmo, seja confiável? Se o candidato mente o tempo todo, qual a promessa que ele fizer poderá nos convencer? Ele, simplesmente, poderá dizer, se caso for vitorioso nas eleições: "TODOS sabiam que eu minto e, inclusive, me ajudaram, espalhando fake news, que moral vocês têm para me julgarem"? "NÓS SOMOS DA MESMA LAIA...VOCÊS SÃO MEUS CÚMPLICES"...
TEXTO: Marco Aurélio Machado

quarta-feira, 15 de junho de 2022

FRASES PARA REFLEXÃO ANTIDOGMÁTICA!!

 A ética na política não passa de delírio dos ingênuos...

Se Sócrates vivesse no mundo atual seria considerado uma pessoa tóxica...

A liberdade democrática no capitalismo é o outro nome da prisão do oprimido e explorado.

O coletivo pode sobreviver sem alguns indivíduos, mas a recíproca não é verdadeira.

O cético solipsista pode até duvidar da existência deste mundo; pode dizer que um ser superior está sonhando a humanidade, todavia, existindo ou sonhando,  nunca vi um cético parar de se alimentar, trabalhar, produzir, enfim, viver a "inexistência" na frente de uma carreta desgovernada...

Se a ideologia de que o indivíduo é egoísta e ambicioso por natureza, como explicar a existência e a sobrevivência das sociedades no decorrer da História?

A ética kantiana, do ponto de vista filosófico, é uma das mais belas que já li, contudo, se ela fosse colocada em prática, seria o mesmo que as pessoas tivessem acesso aos pensamentos umas das outras, visto que dizer a verdade deveria ser algo universal.

Dizem que ninguém pode tirar de uma pessoa o conhecimento, espero que, quem acredita nisso, não desenvolva o mal de Alzheimer...

O dia em que os trabalhador for capaz de olhar em volta e compreender que tudo é produção dele, descobrirá que pode transformar o mundo. Será? 
 

As coisas só têm o valor de troca e não o valor de uso no sistema capitalista. Logo,  não reclame de ser descartável, afinal, a maioria sonha em ser senhor, mas não compreende que não passa de escravo...

Marco Aurélio Machado


sexta-feira, 10 de dezembro de 2021

TEÍSMO AGNÓSTICO E ATEÍSMO AGNÓSTICO: UM CAMINHO PARA A TOLERÂNCIA RELIGIOSA?

 Há tantas nuances a respeito de crenças religiosas; o assunto é tão extenso, amplo, rico e também problemático e polêmico. Geralmente, apenas uma minoria conhece ou foi um pouco além do senso comum. Para citar algumas concepções de crenças e descrenças, temos: Panteísmo, Teísmo, Ateísmo forte e fraco, Agnosticismo,  Deísmo, Animismo, Ceticismo ( não nega nem afirma), Politeísmo,  entre outras. Não cabe neste texto uma pesquisa exaustiva, esta deixo para quem tiver curiosidade, portanto, se desejar saber mais, na era da internet o que não falta é informação. Ficarei, mesmo que de uma forma superficial, com o título deste texto: Teísmo Agnóstico e Ateísmo agnóstico: um caminho para a tolerância religiosa?

Concordando com Lukács, talvez o maior filósofo marxista do século XX, o trabalho é a categoria ontológica, fundante do ser social. Ele escreveu uma vasta obra sobre a ontologia do ser social, baseada, principalmente, na obra de Karl Marx, O Capital. As outras categorias,  como, por exemplo, valores, mitologia, religião, costumes são derivadas.

E nada disso aconteceria se não fosse as vicissitudes da luta do homem com a natureza por meio da práxis. A relação dialética, transformadora da natureza e do próprio homem, para a satisfação das suas necessidades materiais. E, a longa trajetória humana, para  a sobrevivência da  espécie, é histórica. Parece óbvio, não é? Mas não foi bem assim. Hegel, e depois, Marx, num outro patamar, desvelaram o "óbvio". 

Fiz tal regressão, para tentar argumentar que a mitologia e a religião tiveram uma grande importância nos primórdios da epopeia humana, mas elas são derivadas daquela função ontológica, fundante, ou seja, o trabalho. Elas foram as primeiras abordagens dos seres humanos diante de uma realidade hostil e amedrontadora. O homem precisava dar um sentido, um significado à vida, daí a invenção, não consciente, claro, dos mitos e das religiões,  mas que nos acompanham ainda nos dias de hoje. 

Espero que os leitores compreendam o quão fundamental é ir à raiz dos acontecimentos para que possamos demonstrar que somos o outro nome da História, do tempo, dos diversos modos de produção e das diferentes organizações sociais e culturais. Em outras palavras, somos produtos da História e do que fizemos com ela desde a mais tenra aurora da Humanidade. Agora, sim, podemos retornar ao assunto principal do objetivo deste texto.

Se queremos paz no mundo, serão as religiões os faróis que iluminarão a humanidade? Talvez a solução esteja num outro lugar. Enquanto existir a exploração do homem pelo homem, a meu ver, não haverá paz. E as religiões fazem parte deste conflito. Todas querem ter os seus deuses e dizem, categoricamente, que estão com a verdade;  querem ser advogados(as) dos diversos deuses "existentes" no mundo; são intérpretes do divino, numa guerra sem fim...Enquanto olhamos para o céu, os donos do planeta têm orgasmos múltiplos...

Penso que os nossos principais problemas são de outro nível, mas seria bom demais se todos fôssemos ou teístas agnósticos ou ateístas agnósticos. Os primeiros, seriam mais tolerantes, porque poderiam acreditar em Deus, terem a sua fé, portanto, teístas, mas não saberem, se de fato,  existe um Deus, daí serem  agnósticos também. O lema para os teístas agnósticos seria: "tenho fé em Deus, mas devido às limitações da mente humana, não sei se existe de fato". Por outro lado, os ateístas agnósticos seriam mais tolerantes, afinal, poderiam ter a descrença em Deus, por isso, ateístas, mas não terem certeza, se de fato, ele existe, daí serem agnósticos também. O lema dos ateístas agnósticos seria: "não acredito em Deus, mas não sei se existe, afinal, enquanto ser humano, sou racional,  mas a razão tem os seus limites".

Seria uma forma de tolerância...Penso que estava sonhando...


TEXTO: MARCO AURÉLIO MACHADO


domingo, 30 de maio de 2021

DÚVIDAS SOBRE A LIBERDADE ABSOLUTA E ANGÚSTIA EM SARTRE

 Tenho uma certa simpatia pelo filósofo francês, do século XX, nascido em 1905 e falecido em 1980,  Jean Paul Sartre; na opinião de muitos, o maior filósofo francês de todos os tempos. Talvez, seja verdade, mas, que foi o mais famoso não tenho dúvida. Para variar, só para alertar, não faço consultas para escrever os textos deste blog, Cismo que vou escrever e escrevo. O meu objetivo não é o de fazer um trabalho acadêmico, mas provocar polêmicas e estimular o pensamento crítico entre quem gosta de Filosofia, em geral, e do Existencialismo,  em particular. Nunca, jamais tenho a intenção de esgotar o assunto que vou abordar de forma superficial, mas desde as minhas primeiras leituras de Sartre, algumas entrevistas de especialistas, entre outras, que me faço algumas perguntas sobre alguns conceitos do grande filósofo francês. Diga-se de passagem, que Sartre não foi apenas um filósofo, mas também romancista, teatrólogo, entre outros predicados. Além de não ser um filósofo que apenas teorizava, pois o engajamento político sempre fez parte das suas lutas pela pela liberdade dos povos.  Era uma enciclopédia ambulante...

Esclarecido, espero, o parágrafo supracitado, farei um recorte a respeito de dois conceitos caros ao filósofo francês: liberdade absoluta e angústia. Não quero um ponto final, desejo interrogações. É uma tradição na Filosofia a pergunta se o homem é livre ou determinado. Inclusive, se algum leitor pesquisar este blog, encontrará tal tema entre os meus textos. Sartre, ao contrário de muitos filósofos, quiçá à maioria, preconiza uma liberdade absoluta. Será? 

Se compreendermos por liberdade absoluta, ações em que o homem pode fazer tudo, sem freios, regras, leis, normas, obstáculos e interditos, penso ser impossível tal liberdade. Todavia,  Sartre defende uma liberdade absoluta, no entanto, com a responsabilidade do indivíduo que comete a ação. Há um fardo, consequências que a pessoa tem que assumir. Tendo a concordar com isso, entretanto, vamos tentar nos aprofundar mais um pouco...

Sartre pensa assim, porque ele é ateu, ou seja, não há, para ele, um ser superior que tenha a mais ínfima responsabilidade conosco; já nascemos no mundo e não escolhemos uma determinada família, País, sociedade, classe social, etc., No entanto, todas as outras situações são um problema de cada indivíduo, afinal, ele tem a liberdade absoluta para fazer as suas escolhas e ações e se responsabilizar por elas. Uma das frases mais famosas de Sartre é esta: "Estamos condenados a ser livres"! Condenado e livre? Como conciliar tal contradição? Para ele, condenados, porque não pedimos para nascer e livres, porque não há desculpas, temos a liberdade para agir e não há consolo divino. Somos os responsáveis por tudo o que fazemos ou deixamos de fazer. (Ele cita frases interessantes sobre isso, mas foge ao objetivo deste texto.)

Eu poderia escrever a respeito de vários outros conceitos de Sartre, entre muitos, os de SER-PARA-SI e SER-EM-SI; fenomenologia e intencionalidade, essência e existência, mas já há um texto enorme sobre esses temas que escrevi há alguns anos. 

Vou dar alguns exemplos para ficar mais claro a questão da liberdade em Sartre e, a partir daí, fazer um contraponto com o conceito de angústia. Sartre inverteu a ideia de essência e existência. Na Filosofia tradicional e, até hoje, referimo-nos muito a chamada essência, uma espécie de potencialidade, que em tese, nasce, é fundamental ao homem. Quem nunca ouviu estas frases: ele tem muito potencial; é preciso desenvolver todas as potencialidades dos nossos discentes. Ora, Sartre pensa diferente. Para ele não há essência nenhuma no homem, ou seja, "a existência precede a essência", primeiro existimos no mundo, escolhemos, agimos, fazemos e assim a essência não está em potencial no homem, ele a constrói pela ação, pela liberdade. Sartre, dizia: "O homem é aquilo que ele faz". 

Uma outra coisa importante é que a consciência não é uma substância, não existe um conjunto de emoções, traumas, uma caixa com todos os problemas humanos dentro do cérebro ou da consciência do homem. A consciência é intencional, ela vai sempre em direção ao mundo e a partir disso, dá significado ao mundo e às ações humanas. Em outras palavras, ela é um NADA. Se é nada, logo, tem uma liberdade absoluta. Lembre-se: LIBERDADE para escolher, de tentar mudar algo, de se responsabilizar pelos próprios atos, mas não é livre para escapar dos efeitos e das consequências.

Escrevi tudo isso, para questionar como Sartre pode conciliar esta tal liberdade absoluta com a angústia. Sim, porque quem realmente escolhe é considerado alguém que tem uma vida autêntica, livre e responsável; quem finge escolher, vive no  que ele chama de má-fé. O problema maior, a meu ver, é este: como conciliar a liberdade absoluta com a angústia? Se a angústia é ontológica, ou seja, faz parte do homem, ela não seria uma espécie de essência? Mas ele nega isso!! De onde vem a angústia, se ela não é biológica? Afinal, se a consciência é NADA, SER-PARA-SI, por que ela não pode escapar da angústia? A angústia não seria uma escolha também? Se não o é, podemos falar em liberdade absoluta? Se faz parte do ser que não pode escolher tê-la, como defender a liberdade? Não haveria um fundamento ontológico, um determinismo? Sartre caiu em contradição? Não tenho certeza, mas se for para levar Sartre a sério, ele teria que preconizar que a própria angústia é uma escolha...Por que escolher a angústia, se a liberdade é absoluta? E ela é absoluta, porque a consciência não é uma substância, ela vai em direção ao mundo,  ao SER-EM-SI, ou seja, ela está fora. Como articular consciência e o corpo físico se,  em tese, ela não está no cérebro? De que forma, uma consciência pode ter angústia sem que o corpo físico não a sinta? 


TEXTO: MARCO AURÉLIO MACHADO




segunda-feira, 16 de novembro de 2020

REFLEXÃO SOBRE MUDANÇAS!!

Eu gostaria de mudar de mim e viver, temporariamente, na mente de outras pessoas e vice-versa. Desejaria que outras pessoas vivessem na minha mente, ou seja, eu não seria eu, seria a mente de alguém, uma outra pessoa não seria ela, mas eu. Apenas, é claro, de um ponto de vista psicológico 


Talvez essa fosse a "verdadeira" empatia...Ser, essencialmente, a história de vida de alguém, de um ponto de vista mais amplo possível: experiências, traumas, memórias, prazeres, dores, pensamentos, preconceitos, emoções, loucuras, crises existenciais, enfim, tudo...

Quantos de nós pensaram sobre tal assunto? Se existisse essa possibilidade, será que muitos se candidatariam? Sim, porque afirmar que deveríamos ter a capacidade de nos colocarmos no lugar do outro é fácil, não é mesmo? Todavia, ser o outro, ontologicamente, não mais com a sua existência mental, mas "encarnar" a mente de uma outra pessoa, como se você nunca tivesse existido, a situação muda de figura.

Em outras palavras, você seria você, apenas na aparência física, mas sentiria tudo o que o outro(a) sentiu e sente. Como diz o ditado popular: literalmente, "estar na pele do outro". Mais uma vez: é até compreensível, dados os nossos limites, referirmo-nos a sentimentos nobres, como empatia, solidariedade, entre outros, entretanto, é impossível, (pelo menos por enquanto)  encarnamos uma outra pessoa...

Enquanto seres humanos, somos um caos de contradições. Muitos nos chamam de narcisistas,  arrogantes, imaturos, ou nos fazem elogios, que massageiam o nossos egos, não é mesmo? No entanto, quem pode ser "a referência" para ser o juiz(a) do comportamentos dos outros? 

Por outro lado, há comportamentos que jogam por terra tudo o que foi supracitado, como, por exemplo, o genocídio, o nazismo, o fascismo, entre muitas outras violências. Seria muito interessante que as pessoas que defendem tais maldades sofressem uma metamorfose e se tornassem verdadeiramente as vítimas da violência em todas as situações possíveis...Será que aprenderiam? 

O assunto é polêmico e, com certeza, dá uma boa discussão filosófica, todavia, a minha intenção é provocar. Quem é o dono da verdade? E o que é a dita cuja?!!


TEXTO: Marco Aurélio Machado



quarta-feira, 10 de junho de 2020

O HOMEM EM RELAÇÃO AO UNIVERSO E O VÍRUS EM RELAÇÃO AO HOMEM!

Neste período, de profunda crise mundial causada por um vírus mortal, que afeta as relações pessoais, familiares, sociais, políticas, econômicas, entre outras, mas, principalmente e, acima de tudo, a saúde dos mais de oito bilhões de habitantes do planeta, levando milhares de seres humanos ao óbito, neste dia em que escrevo este texto. Todavia, ainda é muito cedo para afirmarmos que não teremos milhões de pessoas mortas, afinal, a doença parece estar longe de ser controlada no planeta e ainda não sabemos quase nada a respeito do novo Coronavírus, denominado, pela ciência, de COVID-19.

Neste texto, proponho uma reflexão sobre a importância do homem diante do Universo, e a de um vírus, um simples micro-organismo, diante do ser humano. O interessante é que o ser humano não deixa de ser "uma espécie de Universo"em que os vírus "habitam", resta saber a relação que ambos tem com os seus "respectivos Universos"... (Aqui não coloco a possibilidade de multiuniversos estudados pelas diversas áreas da Física. Refiro-me ao nosso Universo "conhecido". Apenas faço uma analogia entre o ser humano em relação ao Universo e o vírus diante do ser humano.)

Entendido o que foi supracitado, o que é o homem em relação ao Universo? NADA! O que é um vírus patogênico (causador de doenças) mais especificamente, o COVID-19,  em relação ao ser humano, o "Universo do vírus"? TUDO!! O homem, que se acha tudo, perante o Universo, não é nada; o COVID-19, que não pode pensar, portanto, não pode se achar tudo ou nada, na verdade, mesmo sem o saber, tem um poder de destruição tremendo, tão grande, que faz inveja aos grandes "gênios", que em nome da vaidade e do progresso, inventaram as armas mais temíveis e terríveis para a destruição dos seus semelhantes. 

O homem pode destruir o Universo? Penso que não. Pode, no máximo, aniquilar quase todos os seres vivos do nosso minúsculo e insignificante planeta Terra. Mesmo assim é provável que a Terra se recupere com o decorrer do tempo...O COVID-19 que habita o "Universo humano", pode destruir o homem? Pode e tem destruído, mesmo não sendo consciente, inteligente e ético. E o que é pior: os vírus habitam o planeta Terra há alguns bilhões de anos: sofrem mutações e continuam "sobrevivendo nos diversos "alojamentos" dos seres vivos em geral. O ser humano está por aqui no máximo há algumas centenas de milhares de anos. 

E eu não poderia terminar este texto sem a seguinte e terrível lembrança: se pelo menos trabalhássemos para eliminar "muitos micro-organismos, adversários inconscientes, na luta pela sobrevivência, ainda estaria muito bom. Entretanto, por causa do poder político e econômico e a vontade de ser superior aos seus semelhantes, sendo que não o é nem contra micro-organismos patogênicos,  o homem já é "capaz" de fabricar vírus em laboratório. Não basta a natureza, o todo-poderoso ser humano quer ter armas "biológicas" que talvez fizesse do COVID-19 apenas um brinquedinho de dizimar pessoas inocentes, pois os cientistas, em tese, são capazes de produzir micro-organismos várias vezes mais potentes. 

O homem não passa de natureza que  produziu um "relâmpago" de consciência e inteligência em si mesma ( a natureza), e enquanto ele não se sentir como parte do Universo, a tendência é que essa luz se apague para sempre. Não é o vírus que é maldito, maldito é quem é consciente para destruir...

TEXTO: MARCO AURÉLIO MACHADO



sábado, 16 de novembro de 2019

O MITO SOBRE AS ESCOLAS SEM PARTIDO!!


Estamos diante de mais uma aberração dos poderes políticos e econômicos para tentar nos impor uma ideologia supostamente boa e imparcial mas, que na verdade, oculta um plano diabólico de dominação em todas as áreas das diversas ocupações e relacionamentos humanos. Nenhuma novidade, afinal os seres humanos sempre estiveram perdidos e dependeram, dependem e, provavelmente, dependerão de soluções por parte dos poderosos nas várias dimensões da realidade.

Para que tal reflexão seja possível, precisamos da ajuda de uma chave, não da solução de todos os problemas, mas a condição fundamental, essencial, para problematizarmos e trazer à tona os interesses escusos e maquiavélicos daqueles que querem tornar mais fácil a dominação: o ponto de interrogação (?). Ledo engano de quem pensa que tal ideologia, rasa e superficial, não parece, à primeira vista, algo de muito positivo. Em outras palavras, um método que, em tese, seria imparcial, justo, sem influência de pessoas ou de grupos!! Alguém acredita que seja possível uma escola sem partido? Seria possível essa verdadeira revolução nas sociedades humanas? Façamos algumas perguntas...

Propor uma escola sem partido já não é tomar partido? Esqueçamos, por enquanto, a escola formal, pois esta apareceu muito tempo depois da existência das primeiras comunidades primitivas. "A educação"está disseminada desde os primórdios. O que são, por exemplo, os rituais, os ritos de passagens, as crenças, os valores, enfim, a cultura de um povo? É a educação, evidentemente, baseada na tradição, ou seja, era passada por meio da via oral, não havia escrita à época.

Nos dias de hoje, a educação existe nas escolas formais, mas também acontece em todas as instituições sociais: na família, na igreja, no trabalho, na comunidade, na arte, e em todos os demais relacionamentos humanos. O ser humano não nasce educado instintivamente, ele não é como os animais. Estes são regidos pelos instintos, "já sabem o que fazer, aqueles têm que aprender, ou seja, precisam interagir com a natureza e os diversos grupos sociais para se tornar humano. Para relembrar o grande filósofo grego, Aristóteles, quando ele se refere aos conceitos de "potência e ato."Não vou entrar em detalhes, porque o Existencialismo, corrente filosófica de meados do século XX, principalmente, com Sartre, inverte tais conceitos aristotélicos: para Sartre, "a existência precede a essência". Há controvérsias, aliás, como tudo na Filosofia...

A pergunta que joga por terra toda essa argumentação fajuta de escola sem partido, que, todavia, toma partido para impor a mordaça e o pensamento crítico aos cidadãos, mas que preconiza a imparcialidade no ambiente escolar formal, é uma falácia: se a educação não é privilégio da educação formal, pelo contrário, acontece em todas as demais instituições e, talvez, a mais importante seja a família, como pregar uma uma educação sem partido? Ou não há partidos,(opiniões) formas de ver o mundo, valores morais, éticos, religiosos, econômicos e políticos que começam na família?

Que cidadão, em qualquer parte do mundo, foi respeitado sem ter sido moldado e "enquadrado" em alguma forma de "educação"? Há a mesma educação religiosa nas várias igrejas existentes no mundo? Falamos a mesma língua em todos os lugares? Os economistas defendem apenas uma teoria econômica válida para todos? Os valores capitalistas não são partidários, ou seja, não têm interesses? Eles são ou não impostos, inclusive, dentro das escolas formais? Se nem as ciências naturais são imparciais, porque há divergências entre os métodos, critérios, técnicas, como defender uma escola sem partido? Só de algumas pessoas defenderem isso, por acaso, já estão tomando partido: "O partido da escola sem partido". Isto é possível? As forças amadas não têm partido? Partidos, não como agremiação política, mas influenciada por eles, pelas doutrinas econômicas, pelos valores e práticas consideradas corretas? A interpretação de textos políticos, econômicos, filosóficos, sociológicos, históricos e jornalísticos não são partidários, ou seja, não há um pré-conceito e um preconceito entre outras possibilidades e alternativas?

A quem interessa, por exemplo, que disciplinas como Filosofia e Sociologia sejam desvalorizadas por governos de direita e de extrema-direita? Odeiam o pensamento crítico, porque o questionamento é o fundamento do respeito e das mudanças. Temos que acabar com essa ideologia furada, de que há imparcialidade total em termos de questões humanas, porque isso é mais um mito, no sentido de mentira.

Se nem as ciências naturais conseguem ser imparciais, porque elas não conseguem ser um reflexo objetivo da realidade, caso contrário, não teríamos teorias deferentes para explicar os mesmos fatos. Em última análise, quem tem a última palavra nas chamadas teorias científicas? Não há partido, poder político e econômico nas conclusões finais das ciências?

A proposta de escola sem partido é ridícula. É mais uma ideologia dos partidários do Neoliberalismo e daqueles que querem nos impor crenças sociais como se fossem um carimbo divino ou natural. Aqueles que querem nos impor tal ideologia, são os que mais se aproveitam do partido, da escola sem partido. Tenho dito!!

TEXTO: Marco Aurélio Machado




quarta-feira, 3 de abril de 2019

A ÉTICA DE EPICURO E A ÉTICA ESTATAL CUBANA

Epicuro de Samos é da época helenística: nasceu, como o nome já diz, em Samos, na Grécia, em 341 a.C e faleceu em 270 a.C, em Atenas, na Grécia. Como não faço consultas, vou me ater apenas à ética epicurista, mesmo assim de forma bem sucinta. Por outro lado, tentarei fazer uma "comparação" anacrônica,  pois quando refiro-me à ética de Cuba, o contexto histórico são os séculos XX e XXI.

A meu ver, há uma relação de semelhança entre os ensinamentos éticos de Epicuro, também conhecido como "o filósofo do Jardim", e a ética "capitalista de Estado cubano", que muitos confundem com o socialismo. Farei um recorte dessa ética, afinal existe uma diferença cultural e temporal de mais de dois milênios.

Todavia, como ver relação de semelhança entre a doutrina ética de Epicuro e o Estado cubano? Vejamos, uma doutrina ética do epicurismo muito simples, mas de profunda sabedoria. Epicuro preconizava que há 1)"coisas naturais e necessárias"; 2)"coisas naturais, mas não necessárias" , e a última, talvez a mais importante nos tempos atuais: 3) aquelas que não são "nem naturais nem  necessárias". O que há de comum entre a doutrina ética epicurista e à cubana?

Basta refletir um pouco. Tanto Epicuro quanto o Estado cubano são adeptos do primeiro comportamento ético, lembrando, como se pode perceber acima, que ele citou três formas: uma que é essencial, fundamental para uma vida digna, e as outras duas podem ser descartadas, principalmente, a última, esta que é atual no "sistema capitalista de mercado globalizado" Por quê?

Para uma melhor compreensão, darei alguns exemplos, não necessariamente iguais aos de Epicuro, pois pretendo fazer uma "atualização" para a nossa época. A primeira, diz respeito às "coisas naturais e necessárias": dormir, beber, comer, ter um teto, saúde, amigos(as), prazeres moderados, em outras palavras, ser feliz com uma vida simples, mas digna. A segunda, refere-se às mesmas coisas da primeira, são necessidade naturais, mas, ao contrário da primeira, não necessárias: dormir é algo vital, natural, mas não é necessário que seja numa cama luxuosa; beber e comer são naturais, mas não há necessidade que sejam  bebidas caras e refinadas, o mesmo serve para a comida. Nada de luxo e banquetes, com alimentos que serviriam para os "deuses". Ter um teto é natural, mas não precisa ser um palacete de mármore. Amigos, sim, contudo, não é prudente querer ter apenas amigos ricos e poderosos. Quanto aos prazeres,  a mesma coisa: nada em excesso. A última, está relacionada àquilo que não é nem natural nem necessário: o poder, todos os poderes, a fama a qualquer custo, a riqueza sem limite, a glória, a busca de prazeres, ou seja, o hedonismo, onde o céu é o limite. E onde o Estado cubano entra nisso?

O Estado cubano está fundamentado no primeiro ensinamento da ética de Epicuro: "o que é natural e necessário". Com todos os problemas enfrentados por Cuba, todos comem, bebem, têm um teto, amigos(as) que procuram cooperar entre si, educação e saúde simples, mas da melhor qualidade, e todos estudam; não há crianças fora da escola. Muitos podem dizer que a situação de Cuba é assim, porque o socialismo não deu certo, que eles sonham com muito mais. Será? Cuba está, desde 1959, sob fortes sanções econômicas e políticas. E Cuba não pode transformar-se num País socialista, pois este depende de solidariedade, cooperação e ajuda recíproca de outros Estados socialistas. Ou seja, só é possível um socialismo, de fato, se existisse o mesmo regime de produção em todo ou em quase todos do planeta. O capitalismo está presente em nível global, mas entregou as promessas de felicidade e prosperidade a todas as pessoas, ou ao menos, uma certa dignidade? Não, muito antes pelo contrário. 

Cuba não é o paraíso, mas está longe de ser o inferno. Melhor: ela cumpre a ética epicurista de coisas  naturais e necessárias. Imagine, se todo ser humano vivesse uma vida simples, mas que tivesse o mínimo para ser chamado de ser humano, no sentido mais nobre da palavra?

Evidentemente, a minha reflexão teve como objetivo fazer uma comparação apenas "ética". Não levei em consideração questões políticas nem econômicas. Epicuro procurava sossego, felicidade e ataraxia, fugia da situação política da época, num contexto "local"; a ética cubana é uma política de Estado, possível e pautada em outros valores, que devem ser comparados ao capitalismo neoliberal contemporâneo e planetário. Este busca muito dinheiro, riquezas, fama, poderes,  luxos descartáveis, o hedonismo exacerbado, ideologia,  alienação e exploração. 

Um sistema, uma sociedade globalizada, que destrói o próprio habitat, por causa da busca ambiciosa, gananciosa e egoísta, de coisas que não são nem naturais nem necessárias, não terá sossego, tranquilidade, serenidade, segurança. Ter um teto ( o planeta Terra) é algo natural e necessário. Quando alguém "destrói" a sua moradia (casa) para fazer uma reforma, a intenção é melhorá-la. Quando destruímos o planeta, existe a possibilidade de ser para melhor? Resultado: ansiedade, depressão, insegurança, vazio existencial, ignorância, entre outras situações degradantes. Mesmo sabendo disso, quantos abrem mão do atual modo de vida? Jamais poderíamos condenar um suicida, afinal,  estamos fazendo a mesma coisa, só que num nível global e sem volta. Infelizmente...

Texto: Marco Aurélio Machado

domingo, 11 de novembro de 2018

REFLEXÃO SOBRE RELAÇÕES HUMANAS NA ERA DA INTERNET



Não sou profeta, apenas uma pessoa que reflete bastante os acontecimentos e problemas do seu tempo. As pessoas que nasceram até o final da década de 70, início da de 80, provavelmente, estão sentindo um certo mal-estar. Como o mundo mudou...A família como a conhecíamos vai desaparecer. O "amor" só existirá nas palavras, a monogamia desaparecerá...

Os relacionamentos já mudaram faz tempo. Por exemplo, antes não existia o termo "ficar". As novas gerações estão num outro contexto. Havia o namoro, mesmo que ele durasse pouco. O "ficar" pode ser dez minutos, uma hora ou uma noite; talvez de vez em quando. Quase sempre não há um clima, uma paquera, mas simplesmente a ação. Às vezes as pessoas não sabem nem o nome do "par".


Querer compromisso sério nesta época é motivo de piada, mas ao mesmo tempo lemos e ouvimos a palavra "MOZÃO". O atual comportamento humano ( transcende o local) principalmente, por causa do advento da Internet, está melhor ou pior do que antes? Eu não sei, apenas tento compreender um movimento impermanente tão rápido, que não é possível fechar, concluir...

Concomitantemente percebemos que muitas pessoas querem um relacionamento estável, porém, casam-se e o casamento não costuma durar nem dois anos. E por parte dos homens ( que num primeiro momento perdera o seu chão) agora parece que estão curtindo muito a nova época. A maioria só quer "ficar", afinal se há tantas opções, para que escolher uma só? O mesmo serve para as mulheres. Ser solteiro(a) virou sinônimo de fazer o que quiser com o próprio corpo ( eu penso que estão certos) mas deveriam levar em consideração que não somos só natureza, somos cultura também. Seres humanos não ficam no cio, não são apenas instintos...

A principal consequência de tudo isso é o imenso vazio existencial. Um buraco enorme na "alma". A distração constante pode atenuar o vazio, mas uma hora ele chega para ficar e morar...Os anos vão passando e a lei da gravidade é para todos. Ninguém fica belo a vida toda, mesmo que tal "beleza" conte com uma imensa ajuda: todos os recursos disponíveis no mercado: de photoshop e maquiagens à cirurgia plástica...

Boa sorte para nós e, se possível, muita reflexão. Fico com pena das gerações futuras...

TEXTO: MARCO AURÉLIO MACHADO

quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

REFLEXÃO SOBRE AS REDES SOCIAIS

As redes sociais merecem uma profunda reflexão. Tenho feito algumas observações há algum tempo, principalmente, com pessoas que não conheço pessoalmente. Confesso que estou tendo uma certa dificuldade para compreender os novos tempos. Não há, nestes tempos, uma ética que chegue para ficar valendo por um intervalo temporal "razoável"; nada se cristaliza; nada perdura.

O novo nasce e já está velho na semana seguinte. Nunca se sabe se a pessoa que você vê nas fotografias existe de fato, se é um fake com uma foto que foi "furtada" de uma pessoa maravilhosa (fisicamente), ou mesmo se a pessoa considerada "maravilhosa", na verdade, não passa de um efeito "mágico" dos recursos mais modernos de uma máquina fotográfica que tem a capacidade de gerar uma outra criatura.

Eu fico sempre na dúvida, o que não é novidade para quem me conhece. O que muitas vezes me faz desconfiar de tantos deuses e deusas ( por terem uma beleza que parece não existir neste mundo, mas só no Olimpo grego), é perceber como a maioria escreve mal. A mesma beleza estonteante torna-se frustrante diante da incapacidade de a pessoa não conseguir escrever uma frase sem alguns erros horrorosos. Como pode?

Por outro lado, aparentemente, não existe tristeza nas redes sociais. As pessoas sorriem o tempo todo. As fotos mostram um mundo, que para mim seria o paraíso terrestre, no entanto, há uma grande dicotomia: os alegres, de uma hora para outra, manisfestam a mais profunda tristeza...Como pode isso? Uma outra situação que me chama bastante atenção são os afetos. Num dia a gente olha e a pessoa está num relacionamento sério e a "fábrica" de corações vermelhinhos não "descansa". E a frase que mais se lê é: EU TE AMO!! Todavia, em pouco tempo já não há mais amor, mas a ruptura de um "amor" que parecia tão profundo...Como pode isso?

Existem muitos outros fatos, mas para resumir, por enquanto, pois o assunto merece ser estudado em maior extensão e profundidade, vou citar mais um.

Entre essas pessoas que não sabem escrever direito, algumas ainda têm a coragem de chamá-lo de lerdo, simplesmente, por não ter paciência de esperar a outra pessoa escrever. É como se não houvesse o tempo, tudo tem que ser instantâneo, imediato...Como pode uma pessoa que escreve tão mal rotular alguém de lerdo? Não sei o que se passa com muitos amigos(as) e colegas, mas eu estou me sentindo numa espécie de mundo virtual, contudo, na última esfera (dimensão)!!! Quando vejo pessoas normais, de carne e osso, perto de mim, tenho me questionado se o mundo sensível, concreto, denso, maciço é real, verdadeiro. E parece que a situação ainda está só no começo. O "homem"-máquina vem por aí. O conceito de ser biológico, em pouco tempo, deixará de existir, e só saberemos, pelos livros de História, que um dia houve espécies biológicas. Tem medo disso...

TEXTO: Marco Aurélio Machado

terça-feira, 24 de outubro de 2017

CETICISMO POLÍTICO E OUTROS...

Felizmente ou infelizmente, ao contrário de outras épocas, tenho tido bastante tempo. A "alienação" que o trabalho provoca e que não nos permite refletir muito, talvez seja necessária: "distraímos-nos", além de ser uma forma de não mergulhamos nas questões que deveriam nos interessar...

Tenho vivido, ultimamente, como se estivesse no Helenismo, quando o apogeu da cultura grega deu lugar à invasão macedônica, e toda aquela atmosfera cultural anterior entrou em profunda crise. Logo, surgiram escolas filosóficas gregas que se isolaram e passaram a ter preocupações, principalmente, éticas, visto que com a balbúrdia política da época de dominação, por outros povos, era preciso arrumar um meio de buscar a serenidade, a tranquilidade, a felicidade, e uma vida simples. E a política, com certeza, não é o lugar "ideal" para se encontrar a tranquilidade, muito antes pelo contrário...

Algumas escolas filosóficas, tais como o Cinismo, o Estoicismo e o Epicurismo foram as mais importantes. Vou me ater ao Epicurismo, mas sem a intenção de aprofundar o assunto. Cito-o mais para fazer uma analogia, mesmo que anacrônica, com a situação que me encontro atualmente...

Diante do dilema que a Humanidade, em geral, e o Brasil, em particular, vivem,  o meu "retiro" não é o "Jardim Epicurista", local onde Epicuro vivia em paz com os seus amigos e amigas, filosofando sobre a melhor maneira de obtenção da ataraxia ( tranquilidade da "alma"). O meu "jardim" é de puro concreto e numa zona urbana...

Ao contrário de Epicuro, com a sua Filosofia dogmática, o que tem acontecido comigo é um ceticismo generalizado, mormente, na questão política, social e econômica, tanto no que tange à situação caótica do mundo quanto a total desesperança no Brasil, nos seus políticos, empresários, trabalhadores e o povo. Tenho procurado suspender o juízo, como faziam os céticos antigos, todavia, com todas as limitações do nosso tempo histórico. 

Já não creio em mais nada; nada faz mais sentido para mim. Vivo mergulhado em leituras, reflexões, não para que aconteça alguma transformação na minha vontade, mas, sobretudo, para que eu continue chegando à conclusão de a causa humana já está perdida. As mentiras, as ilusões, estão em toda parte; só me resta a epoché ( suspender o juízo dentro do possível) e esvaziar a minha mente, de tanto lixo acumulado, durante décadas, e que um dia acreditei que pudesse contribuir com alguma mudança...Mera ilusão. A única pessoa que posso mudar sou eu mesmo. E ela consiste no vazio absoluto. A paz está no vazio...

TEXTO: Marco Aurélio Machado

sábado, 29 de abril de 2017

LIBERDADE E DETERMINISMO!!!

O animal "irracional" é determinado. Nasce com instintos, já é "programado," aleatoriamente, pela natureza para fazer o que nasce sabendo. O animal não tem moral, ética ou amoralidade. Afirmar, como muitos por aí, que o animal é malvado, é, no mínimo,  ignorância. A "natureza" do animal é ser o que é e não outra coisa. Ele não faz escolhas...

O homem, que se julga superior aos animais, na verdade,  foi "amaldiçoado" pela mãe natureza, pois não é apenas natureza e também não é só um ser cultural. Ele é e não é cultura e natureza. É um ser determinado e livre; racional e irracional; bondoso e maldoso; ético e antiético; generoso e mesquinho; capaz de amar e de odiar. Competente para construir e destruir coisas belas...

O homem é o único ser que nasce como uma "tábula rasa," como dizia o filósofo inglês, empirista, John Locke. Uma vez nascido neste mundo, necessita de cuidados por parte de outros humanos: não sabe andar, falar, pedir; nasce sem crenças, portanto, é ateu (ausência de crenças); não conhece o bem e o mal, logo não tem moral ou ética. Numa palavra: é um animal irracional inferior aos outros animais, afinal é totalmente dependente. O homem, quando bebê, compartilha de alguns instintos naturais com outros mamíferos: ninguém ensina um bebê a mamar. Há outros, o choro, talvez, seja o mais importante...

Desconfio que o maior problema humano na atualidade ( começou bem antes ) seja a arrogância de pensar que não é um animal inferior e o distanciamento da natureza. Exceto pequenas comunidades tribais isoladas, que têm uma relação de respeito com o mundo natural, porque não foram "contaminadas" pela maneira "civilizada" de pensar, sentir e agir da nossa sociedade "sofisticada".  Há um grande dilema da "espécie humana". Esta quis transcender uma parte da essência que lhe é imanente. Como fugir do próprio corpo? O corpo é natureza, ora!! Como viver só como corpo? O homem não é só corpo, ora!! Ele é também cultura; é capaz de fazer escolhas... Como viver só como corpo? Impossível,  pois como viver em sociedade, agindo apenas com os instintos naturais?  

O equilíbrio se perdeu e penso que é muito tarde...As religiões preconizam uma vida como se o homem não tivesse um corpo e, por consequência, desejos naturais. O capitalismo, consumista, por essência, preocupa-se só com o lucro, a glória, a fama e o hedonismo sem limites. A palavra de ordem é: prazer! Nada de moderação,  porque a produção e o consumo não podem parar.

Alguns homens estão descobrindo o seguinte: éramos natureza e cultura; agora não somos nem uma coisa nem outra. Estamos em estado de derrelição, desamparados pela nossa própria estupidez...


TEXTO: MARCO AURÉLIO MACHADO

domingo, 6 de novembro de 2016

"CAMINHOS PARA COMBATER A INTOLERÂNCIA RELIGIOSA NO BRASIL" *


As pessoas de bom senso, lúcidas e inteligentes não aceitam quaisquer tipos de intolerância: esportiva, econômica, cultural, social, política, entre outras. Todavia, a intolerância religiosa é inaceitável, por vários motivos.

Primeiro, que a CF/88 preconiza que o Estado é laico, ou seja, não tem uma religião oficial. Segundo, que para ser possível a vida na sociedade é extremamente necessário a tolerância e o respeito recíproco entre os cidadãos. E, por último, a educação é fundamental para se ampliar a visão de mundo na mais tenra idade. Dever-se-ia estudar a História das Religiões, assim, não prevaleceria apenas a visão cristã do mundo. Diga-se de passagem que até entre a religião cristã há divergências...

O ser humano é um eterno buscador da verdade. Por ser carente e não ter a maioria das respostas sobre a sua condição no mundo, muitos religiosos querem impor a sua verdade, contudo, não levam em conta que fazem parte de um planeta composto de várias culturas. E cada uma delas acredita que os seus valores são únicos, e a religião tem um peso muito grande nessas circunstâncias, pois trata-se de crença na salvação das almas e, portanto, da vida eterna.

Não é fácil acabar com preconceitos arraigados há anos, porém, o diálogo, o respeito, inclusive, àqueles que não professam nenhuma fé, é essencial para que possamos ter no Brasil concepções de mundo diferentes, desde que possamos nos colocar no lugar daqueles que pensam e agem de outras formas. O fortalecimento da democracia é muito importante para o combate à intolerância, ao fanatismo e ao sectarismo religioso.

TEXTO: Marco Aurélio Machado

* TEMA DA REDAÇÃO DO ENEM DE 2016

segunda-feira, 13 de junho de 2016

REFLEXÃO SOBRE CIÊNCIAS EXATAS E HUMANIDADES!

Li, no ano passado, se não me engano, um texto do portal UOL, que o ministro da Educação do Japão sugeriu que as universidades excluíssem os cursos de Humanidades do sistema universitário, pois se deveria substituí-los por cursos mais úteis à sociedade. Algumas universidades já colocaram em prática a decisão do ministro, mas a maioria, ou não quis, ou preferiu discutir o assunto mais profundamente. O interessante é que até o curso de Direito (segundo a notícia) não escapou da possibilidade de extinção...Logo, o Japão? O capital é avassalador...

Tenho visto muitas brincadeiras, nas mais diversas redes sociais e muito antes do advento delas, no próprio cotidiano da universidade onde eu cursava Filosofia. Cursos de Filosofia, Sociologia, História, Psicologia, Ciência Política, Antropologia, dentre outros, não são valorizados numa sociedade capitalista. É até compreensível, pois quando a conta bancária tem a possibilidade de construir um padrão de vida material rico e "confortável", a "alma" (reflexão, pensamento racional) com certeza, se empobrece. Evidentemente, que não estou generalizando. Mesmo porque pessoas que pensam assim nem têm culpa de ser alienadas: o desejo de ter um carrão, uma mansão, ser empresário, ou empregado de uma grande indústria e ser, portanto, bem remunerado, além de fazer parte de uma classe social importante, conhecer pessoas influentes, frequentar festas chiques, comprar produtos de grife, ter um bom plano de saúde, dentre outras coisas que o dinheiro pode comprar. Eis a utilidade do alienado pela ideologia perversa da burguesia. O sujeito, quase sempre, não é o proprietário nem das próprias ideias, mas pensa com a cabeça dos seus verdugos(carrascos).

Todavia, não custa lembrar de uma célebre frase de Karl Marx, que é mais ou menos a seguinte: "Não são as ideias que determinam o modo de produção, mas, pelo contrário, é o modo de produção que determina as nossas ideias". Fica explícito, aqui, que aqueles que "brincam" com a suposta inutilidade das Ciências Humanas, servem de cobaias para reproduzir o discurso de quem os explora. Eles não pensam a situação política, econômica, social, cultural, histórica, sociológica, filosófica, psicológica, antropológica do modo de produção que está em curso no PLANETA; eles são pensados, pois alguém pensa por eles o que devem sentir, pensar e agir. São úteis enquanto estão produzindo riquezas, contudo, serão descartados quanto qualquer coisa que envelhece no atual sistema.

O atual modo de produção não quer pessoas e cidadãos plenos, quer robôs. Robôs só recebem ordens, lidam bem com a manipulação de mercadorias e produtos, porém, não percebem que também são mercadorias. Uma pessoa da área de humanas, normalmente, tem uma visão de conjunto; estabelece relações entre todas as dimensões da realidade. Logo, não enxergam apenas números, mesmo porque o ser humano é muito mais do que um número. 

Por outro lado, quantas pessoas da área de exatas que odeiam as Ciências Humanas, mas são fanáticas religiosas? A religião, por acaso, é uma Ciência Exata? Partindo deste pressuposto a religião não é inútil e, por isso, não deveria ser descartada? Por que o capitalismo despreza a área de Humanas, embora valorize a religião, principalmente, nos países mais pobres? Não seria para deixar a pessoa conformada, pois o que o religioso não conseguir neste mundo, existe a possibilidade de obter no Paraíso, não é mesmo? Ao menos enquanto promessa...

Para refletir: EXISTE alguma ciência que não seja humana? Toda ciência é humana, ora! Ou alguém já viu qualquer outro animal, que não seja humano, produzindo Ciências Exatas? Será por que quase todas as pessoas que conheço que são da área de exatas são, politicamente, de DIREITA? Talvez, porque faltem a elas a capacidade de se preocupar com todos os seres humanos, e não ter um olhar direcionado apenas  ao próprio umbigo...Se tivessem uma consciência crítica sobre a totalidade do real, provavelmente, o ser humano seria mais importante do que a conta bancária!!!

TEXTO: Marco Aurélio Machado




quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

REFLEXÃO SOBRE O EGO!!

Em breve, daqui a algumas horas, este lado do planeta comemorará mais um "Ano Novo"!! Fogos de artifícios, pessoas vestidas de branco, oferendas para Iemanjá, shows de "músicos" em diversos lugares, promessas de mudanças comportamentais, renovação da esperança, abandonos de vícios e apostas na busca de virtudes...Evidentemente, há muitos outros desejos em cada ser humano e a "eterna" luta maniqueísta entre o bem e o mal: queremos nos identificar com o bem e nos afastarmos do mal, como se não fôssemos os dois ao mesmo tempo...

Perceber o Ego em movimento é extremamente difícil. Encará-lo frente a frente, não quando se olha  no espelho, mas por meio dos pensamentos, que dão a impressão de que somos muitos, quando, na verdade, há uma integração. O problema é "saber" disso sem o uso de pensamentos e de palavras; até parece algo místico...

O Ego humano nos prepara muitas armadilhas; talvez esta época do ano, quando, amanhã, estaremos em 2016, seja o momento mais propício para encarar o "monstro de mil faces": o Ego. Sim, porque somos uma legião de Egos, ou seja, para resumir,  há dentro de cada ser humano lembranças e memórias da nossa vida, da história pessoal que todos nós construímos e que também foram "edificadas" pela sociedade e a cultura em que nascemos. Isto para quem não crê na reencarnação, pois para quem vive como se existissem outras oportunidades de reviver num outro corpo e continuar evoluindo, tais lembranças e memórias também constituem o Ego de outras vidas passadas. Eu, particularmente, creio que só existe uma vida: esta que estou "vivendo". E depois de muito refletir sobre o assunto, tenho me questionado se vale a pena preocupar-me com os meus muitos disfarces, o outro nome do Ego!! 

Penso que a humanidade sofreu, sofre e sofrerá muito ainda por causa dos movimentos dessas sombras que obscurecem a inteligência e a lucidez das pessoas. Alguns exemplos, podem nos ajudar a explicitar o tema. Quantos indivíduos consultam tarôs, mandalas, búzios, mapas astrais, horóscopos, bolas de cristal, baralhos, fazem oferendas, rezam e oram pedindo a Deus que o Ano Novo seja abençoado e que a "roda da fortuna", o destino lhes tragam "coisas boas", principalmente, bens materiais? Além disso, querem saúde, paz, felicidade, entre outros pedidos...Todavia, são poucos os que têm noção do movimento sutil do Ego, o ilusionista das mais variadas máscaras...

O mundo só mudará quando cada um mudar. Entretanto, todas as vezes que uma pessoa se achar especial perante deuses, destinos, reencarnações de "espíritos evoluídos", almas de reis e rainhas do passado, "mestres espirituais" que vieram neste mundo para ajudarem pessoas atrasadas, não perceberemos o Ego que nos escraviza!! 

Estou muito longe de percebê-lo plenamente, contudo, procuro observá-lo, o que para tantas pessoas é pura arrogância. Qual é a melhor forma de observar os movimentos do Ego e livrar-se deles? Encarando-os. Porém, isso dói, dói muito, mas não é fugindo que se escapa, pelo contrário, é "abraçando" todas as suas lembranças e memórias e não se identificar com nenhuma. No entanto, este parto deve ser de cada ser humano. Pior: não há anestesia para ele...

TEXTO: Marco Aurélio Machado

P.S.: Este é o último texto mensal que estou escrevendo no blog neste ano. A partir de janeiro de 2016, só vou escrever quando puder, estiver inspirado e se aparecer um tema interessante.






quinta-feira, 26 de novembro de 2015

AS MÁSCARAS DOS HUMANOS E O MITO DOS SUPER-HERÓIS NA CONTEMPORANEIDADE!

Quando era criança gostava muito do Fantasma, também denominado " o espírito que anda". A lenda do Fantasma espalhava-se pela floresta de Bengala pelos nativos. Estes diziam que ele tinha 400 anos e que ele não morria,  mas os nativos,  que fizeram de tal lenda uma tradição, nunca se perguntavam sobre o motivo de alguém ter uma idade tão avançada e não morrer. Na verdade, os "Fantasmas morriam", contudo, eram substituídos pelos filhos. E estes continuavam a tradição. (Não vou me alongar, porque não faço consultas ao escrever; se alguém se interessar,  poderá fazer uma pesquisa mais profunda.)
 
Temos muitos super-heróis criados pela imaginação de pessoas capazes de despertar em nós, simples humanos, o desejo da imortalidade, da força, da coragem, da justiça, da ética, da luta maniqueísta entre o bem e o mal (este sempre perde), na vida real, geralmente, acontece o contrário.  Há   algo em comum entre todos: a luta sem trégua para salvar a humanidade!! E quantos de nós até hoje lemos revistinhas em quadrinho e assistimos aos filmes dos nossos super-heróis prediletos,  não é mesmo?
 
Uma outra questão interessante é que os justiceiros supracitados quase sempre usam máscaras e na vida real são considerados educados, refinados, "frágeis", e incapazes de salvarem o mundo dos malvados cujo objetivo é usar os seus poderes para dominarem o pobre planeta e a  humanidade, que no mundo do faz de conta, só faz o "bem"...Saliento, ainda, que os super-heróis jamais revelam os seus segredos, mesmo que sejam ridicularizados pela sociedade. As máscaras "ajudam" a manter as suas verdadeiras identidades,  veladas, ocultas, escondidas...
 
Tais seres "mitológicos" representam o desejo da humanidade de ser como eles, todavia, somos o oposto. As máscaras humanas são a plástica, e todos os produtos de beleza capazes de fazer uma pessoa considerada fora dos padrões estéticos, como se fosse alguém,  se não linda,  ao menos "razoável". Isto se tivermos contato pessoal com ela, se não for o caso, há mil recursos para transformar um "zumbi "num Brad Pitt... As redes sociais que o digam!!!
 
Todavia, a reflexão até agora está no plano físico. As verdadeiras máscaras estão no nível psicológico. E, neste plano,  a situação é deprimente. Por mais que tentemos disfarçar, as máscaras caem, mesmo que não estejamos num baile à fantasia. Elas estão na "alma", "no espírito",  no ego...
 
Não há um ser humano capaz de escapar: uns mais, outros menos, mas todos somos as máscaras. Não temos máscaras, somos as próprias máscaras. E quem é a referência para nos dizer que os outros "se acham"? Que deveriam ser mais humildes? Talvez, só um Deus!! Se tivéssemos acesso aos pensamentos e sentimentos dos que se autodenominam humildes e sinceros, provavelmente, teríamos a maior decepção do mundo!! A arrogância dessas pessoas está na alma. Se por um azar do destino os pensamentos e sentimentos delas viessem à tona sem "querer"... Nossa!!!
 
Somos anti-heróis por natureza. Daí o gosto pelo mito. O mito é fantasia, imaginação, e neles podemos desejar e ser o que quisermos. Na vida real, cotidiana,  não passamos de mascarados que se julgam no direito de criticarem as máscaras alheias. Prefiro o arrogante tagarela, apesar de ter (ser) a minha coleção de máscaras também...Adoro ser chamado de arrogante, pois descubro muito mais da pessoa do que ela imagina...
 
 
Texto: Marco Aurélio Machado
 






P.S.: Este é o penúltimo texto que estou escrevendo. A partir de janeiro não quero ter compromisso de colocar um texto por mês neste espaço, mas só quando tiver vontade, inspirado e se aparecer um tema interessante.
 
 
 

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

PROFESSOR DE FILOSOFIA!!


Ser professor de qualquer disciplina não é tarefa fácil, contudo, lecionar Filosofia é andar no fio da navalha; é provocar os estudantes, não para brigar fisicamente, porém, "desestruturar" emocionalmente, psicologicamente, e concomitantemente sofrer mais do que eles, afinal, lidar com jovens é ter consciência de que eles estão no meio de uma "ponte de madeira" sobre um rio perigoso...Eles não são crianças nem adultos, porém, adquiriram uma educação familiar com valores, princípios, normas e regras, alheias, quase sempre, à Filosofia. Esta convive com a dúvida, o ponto de interrogação, exclamação e as reticências, ou seja, nada está pronto, nada está acabado; nada está construído....Aquela (educação familiar) é composta de pontos finais e os dois pontos. A obediência e a autoridade são valorizadas, mesmo que não sejam "explicadas". A Filosofia, pelo contrário, é a busca "amorosa" pelo conhecimento. Um "amor", que antes, por parte de grande parte dos neófitos (iniciantes), é raiva, rancor e ódio!!

O professor de Filosofia, antes de ser amado, é "odiado". Ele mesmo, às vezes, se odeia, como muitas vezes já aconteceu comigo ao ir para casa depois de mais um dia de trabalho. Uma angústia profunda toma o seu ser, justamente, porque é tal sentimento que ele gera nos seus discentes. O parto de novas ideias é doloroso; é o infarto, não do coração, mas da alma (intelecto). Uma dor quase que insuportável...
Um professor de Filosofia que nunca sentiu um vazio existencial terrível, nunca poderá dizer que esteve numa sala de aula, pois lecionar tal disciplina é querer que a dor do "aluno" passe para ele, assim como os pais gostariam que as dores físicas e espirituais (sentimentais) dos filhos fossem suas (deles).

Um professor de Filosofia, de fato, não sabe o que é um parto sem anestesia, embora, por intuição, "sabe" que deve ser a dor física mais pavorosa que as mulheres sentem. Mas ele sabe o que é a dor da alma provocadas pelas perguntas e questionamentos; compreende como as primeiras aulas incomodam e "martelam" dia e noite o "espírito" dos jovens.

O professor de Filosofia sabe pouco sobre todas as coisas, mas sabe, como poucos, a dor de um jovem que lida com as incertezas e dúvidas que tal disciplina provoca. Sabe, porque não está imune às questões colocadas, e que causam abalos nos alicerces mais firmes.

Quem já fez uma reflexão filosófica tem a "certeza" ( o que é "certeza" mesmo?) que quebrou o espelho que durante muito tempo foi guardado com carinho. Pode-se colar o espelho, mas ele jamais será o mesmo!! Talvez, mesmo quebrado, ele representará uma alma (intelecto) que sofreu uma fratura profunda, fratura esta que pode ser comparada à loucura...

Mas eis que, de repente, vem a paz,  e as superstições, que eram monstros cruéis, tornam-se simples sombras. Continuaremos ignorantes sobre quase tudo, todavia, paradoxalmente, seremos "ignorantes" sábios!! E os jovens, com a passar do tempo, podem até continuar não gostando de Filosofia, mas agora já não importa: ela já terá inoculado neles a semente da sabedoria. E esse processo é infinito, ao menos enquanto esta vida durar!!

O professor de Filosofia, então, odiado, pode, desta feita, ser "amado"!!


Texto: Marco Aurélio Machado


P.S.: ESTE texto foi colocado no meu blog para o mês de outubro. Devo escrever apenas mais uns três ou quatro no blog. Depois, só escreverei sem compromisso e quando tiver inspirado.



quarta-feira, 30 de setembro de 2015

SOMOS TODOS SOFISTAS?

Desde a aurora da Filosofia, cujo nascimento convencionou-se,  entre a maioria dos historiadores e estudiosos,  considerar o século VI a.C, e que a tradição histórica considerou como pai, o filósofo grego, Tales de Mileto; aquele pré-socrático, que disse pela primeira vez, que a água era a arché de todas as coisas: era o advento da Filosofia. A razão é a filha nobre que "separa" a explicação cosmogônica da cosmologia. A primeira tinha que ver com os mitos, com os deuses, numa palavra, com o sobrenatural. A segunda, recorria apenas ao Lógos, à razão, ao homem, e a explicação agora concentrava-se na capacidade humana de explicar os fenômenos da natureza sem recorrer ao sagrado. O homem estava começando a engatinhar na autonomia e na liberdade...

Evidentemente, que no decorrer do tempo apareceram outros filósofos e o elemento divino sempre esteve presente,  de uma ou outra forma. Talvez, não seja por acaso, que o filósofo francês e ateu militante, Michel Onfray, esteja escrevendo uma Contra-História da Filosofia, ou seja, ele está tentando resgatar os filósofos materialistas e hedonistas que, segundo ele, foram vencidos pela longa História da Filosofia, cuja matriz é, em última análise, platônica. Ele até cita outros, mas Platão é o alvo principal do idealismo e da inversão do mundo. 

Tivemos, depois da preocupação filosófica com o elemento primordial, material, de todas as coisas, ou seja, a cosmologia, a physis, um deslocamento para a antropologia, a vida social, política e ética na pólis - cidades-Estado grega. É em tal contexto que temos a consolidação da democracia e o aparecimento dos sofistas e de Sócrates. Aqueles, segundo as más línguas, queriam vencer o debate, a discussão nas ágoras (praças públicas) a qualquer custo. Os principais nomes, destes verdadeiros mestres do discurso, da oratória e da retórica, são Protágoras de Abdera e Górgias de Leontini.   Eram eloquentes e capazes de opor argumentos e persuadir as pessoas com certa facilidade, além de cobrarem caro por ensinar tal arte nas diversas cidades que perambulavam. A verdade, para eles, era relativa e circunstancial. Em outras palavras, a verdade se confundia com a capacidade de persuasão. O importante era vencer o debate. Eram professores dessa arte e,  numa democracia direta, mais uma vez,  quem podia pagar,  aprendia as técnicas e influenciava as decisões nos debates. 

Sócrates, pelo contrário, criticava as cobranças dos sofistas e pensava que o saber não se vende. (Talvez seja por isso que os professores ganham tão mal...) O filósofo, Sócrates, vivia fazendo perguntas a todos, e argumentava que perguntava porque não sabia. Utilizava o método da Ironia e da Maiêutica. A primeira, tinha como fim a desconstrução das meras opiniões que os atenienses pensavam que sabiam. A segunda, Maiêutica,  etimologicamente, é a arte de trazer à luz, partejar. Só que no caso de Sócrates, trazer à luz novas ideias. Enfim, desconstruir e reconstruir novas ideias. A mãe de Sócrates,  Fenareta,  era parteira.  Não é difícil deduzir o que Sócrates fizera, não é mesmo? 

Sócrates buscava,  não a relatividade dos sofistas, mas o conceito, o universal e necessário. Ele queria a essência, ou seja, o que subjaz a aparência. Esta muda, aquela permanece. Não foi à toa que Platão, discípulo de Sócrates, inventou um outro mundo e aprofundou a metafísica de Parmênides,  e foi além da metafísica embrionária socrática...

Poderia citar um pouco mais de Platão e do seu principal discípulo, Aristóteles, um dos maiores filosófos e metafísicos de todos os tempos, mas o meu interesse é voltar ao tema da pergunta: "Somos todos sofistas"?

Quem dera se tivéssemos a competência para chegar ao menos perto dos grandes sofistas da Grécia antiga, todavia, vivemos numa época de riqueza da linguagem por algumas elites e de uma pobreza absoluta da linguagem pelas massas do mundo inteiro. E o que é pior: muitos linguístas, com o pretexto de "respeitar" as diferenças e a multiplicidade dos "cidadãos", a diversidade das culturas, preconizam e até estimulam uma linguagem paupérrima de significados. Esta, sem dúvida, torna a concepção de mundo dos mais explorados muito mais complexa, pois dificulta a percepção mais ampla e rica da cultura humana, patrimônio que deveria ser de todos. O que tais "especialistas" não percebem é que também estão alienados e reproduzem uma ideologia que deveriam combater. Principalmente, porque quem acredita nessas teses, dificilmente faz parte ou está inserido no contexto da realidade social, política, econômica e cultural dessas comunidades. 

A linguagem é o que nos faz diferentes dos animais, e como seres humanos, temos o direito de compreender, analisar, interpretar, refletir e dar um novo sentido ao discurso das pessoas que "falam e escrevem" bonito, afinal, numa democracia, de fato, e não apenas de direito, é preciso que a gama de sinônimos seja rica. A linguagem é poder e o poder domina, sobretudo, pelo apelo à força das palavras. Se fôssemos todos sofistas, a maioria dos políticos, advogados, médicos, jornalistas, mestres de propagandas e publicidades, vendedores, entre outros, não teria vida fácil conosco. 

Não é, por acaso, que a sociedade  desdenha a Filosofia...Esta, além de desmascarar e desvelar as ideologias e ilusões vendidas pelo atual sistema de produção, conhece noções de Lógica e as principais falácias e sofismas. Afora a capacidade de fazer perguntas, que são verdadeiras bombas atômicas,  para explodir o discurso fácil dos inimigos da verdade. 

Cuidado com a manipulação, pois ela está em toda parte...Até mesmo por muitos que querem nos vender um lugar no CÉU...

TEXTO: MARCO AURÉLIO MACHADO