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sábado, 19 de dezembro de 2009

OS PARADOXOS DA FÉ E DA LINGUAGEM!

O crente tem fé no que ele não vê, não toca. Acredita num SER em tudo diferente do homem: infinito, eterno, imortal, onipresente, onisciente, onipotente...ou seja, tudo o que o homem não é. Acontece, porém, que um ateu não tem uma descrença ou crença gratuita. Não é por que ele não tem experiência de ver, sentir, tocar, que não acredita. Pelo contrário. Não acredita, porque não observa nenhum fato irrefutável ou uma convicção lógica e racional para supor tal existência. Se subtrairmos todos os deuses das religiões, sobra a natureza. Com que estatuto racional, devemos supor a existência de algo que não a natureza? Se vou além dos limites da minha razão e dos meus sentidos físicos, transcenderei o mundo dos fenômenos; o mundo das relações de causa e efeito. Logo, estou no plano da imaginação. E a imaginação pode postular qualquer coisa. A meu ver, o ateu não tem fé, porque não se baseia na imaginação. Mas em ausência de fatos explícitos e, portanto, em crenças irracionais.

A linguagem nos leva a paradodoxos insolúveis. E ela é um grande problema quando se depara com questões metafísicas ou mesmo cotidianas. Vejamos alguns exemplos, que são os labirintos e os paradoxos da linguagem. Não sei quem disse isto, mas eis mais um exemplo:"A mentira é verdade". Por quê? Porque senão ela não seria verdade, seria mentira". Outra. Se digo:" Não existe verdade absoluta". Bom, se não existe verdade absoluta, como pode a frase acima ser verdadeira? Ela é falsa. Por quê? Porque tem que existir ao menos uma verdade absoluta, ou seja, o fato de que não existe verdade absoluta. Veja agora o paradoxo:" Se existe ao menos uma verdade absoluta, como posso afirmar que não existe verdade absoluta? Paradoxal, não? "Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come". As palavras nos jogam nesses labirintos. David Hume, grande filósofo escocês do século XVIII, já nos alertava para isto: "quem tem certeza de que o sol vai nascer amanhã"? De um ponto de vista estritamente lógico, a crença de que o sol nascerá amanhã não se sustenta. Porque o viu nascer durante toda a sua existência terrena, supõe-se que ele nascerá, mas isso não é um raciocínio lógico. É crença, é hábito. Reflita o porquê é crença e hábito e não uma proposição lógica.

Vejamos um outro. Se não me engano, este paradoxo foi proposto por Bertrand Russell. " O catálogo de todos os catálogos é um catálogo ou não"? Se ele for o catálogo de todos os catálogos, como ele pode ser um catálogo também? Por outro lado, se ele é um catálogo, como pode ser o catálogo de todos os catálogos? Escolha. Pular no abismo ou tentar escapar atravessando um poço de areia movediça? Não tem jeito. A questão da crença e descrença cai no mesmo dilema. Dependendo do ponto de vista que você pegar, pode transformar uma na outra.

Por isso, os filósofos da linguagem questionaram as correntes filosóficas tradicionais. Para eles, muitos problemas filosóficos são falsos problemas. Wittgenstein, filósofo austríaco, e pertencente ao Círculo de Viena, foi um. Paro por aqui. Coisas muito espinhosas e que a linguagem, a meu ver, não resolverá. O melhor é suspender o juízo, a bendita epoché dos céticos gregos. Que venha a ataraxia. Amémmmmmmmmmmmmmmmmmmm!!!


Texto: Marco Aurélio Machado