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sexta-feira, 9 de setembro de 2011

O FENÔMENO RELIGIOSO E A ALIENAÇÃO DO MUNDO!

Estou refletindo há muito sobre o problema do fenômeno religioso e a alienação, como um dilema que está relacionado ao modo de produção (economia), político ( legitimidade do poder e do uso da força), cultural (saber e ideologia) e social ( relações que os homens estabelecem entre si para a produção e reprodução da sua subsistência material). Vejo tantas pessoas tentando me convencer a ser uma pessoa espiritualista, como se elas tivessem recebido um download metafísico direto do MUNDO DAS IDEIAS PLATÔNICO. Sinceramente, a violência contra a lógica deveria ser punida com rigor! A punição? A leitura de Karl Marx, Sartre, Nietzsche, David Hume, Feuerbach, Krishnamurti, Michel Onfray, Marcel Conche, Epicuro, Sexto Empírico, Jean Meslier, entre outros grandes filósofos lúcidos!

Além de apelarem para o plano espiritual e de inverterem a ordem do mundo, essas pessoas pensam que tais problemas são questões morais que dependem de uma mudança de mentalidade espiritual, etc. Eu não creio que as coisas mudarão dessa forma. A meu ver, o modo de produção não é apenas uma questão de economia, é uma questão ontológica. Por que ontológica? Porque é o fundamento, a base, a essência que faz o ser humano ser um ser humano, e não qualquer outra coisa. Eis o nosso dilema...

Somos o que fazemos e como fazemos. Se o homem se encontra alienado naquilo que é fundamental ( o modo de produção) o que podemos esperar? Uma intervenção divina? A ajuda de espíritos ou almas evoluídas? Isto é a tal inversão do mundo que eu sempre critiquei. É uma ideologia perigosa, porque transfere a felicidade para um outro plano, ou seja, o ALÉM. Eu não sei se existe o além-túmulo. O único mundo que conheço é este: o mundo material. O problema é que essa ideologia é uma maravilha para quem explora a mão de obra alheia. Por quê? Porque Jesus disse: "O meu reino não é deste mundo". Se o reino dele não era deste mundo, e o Cristianismo é uma religião que domina o Ocidente, o que podemos esperar? Felicidade para os poderosos neste mundo e promessas vazias para os pobres num outro plano, "bem longe"...

Quem vence na vida, foi abençoado por Deus, quem não vence, pode esperar a felicidade no Reino dos Céus!! Quem vence na vida mereceu, quem não vence, pode esperar que o seu dia chegará, mesmo que o país esteja mergulhado numa profunda recessão econômica! E o que é um problema que pertence apenas e tão somente a este mundo, passa para um mundo que supostamente é transcendente. Eu quero ser feliz aqui e agora. E se houver um outro mundo, quero ser feliz lá também.

O Brasil é um país com uma profunda tradição cristã. Mas compartilhar o pão fica só no discurso. Migalhas, nada mais! Até se vê carros com adesivos: "FOI DEUS QUEM ME DEU". Já não é a economia "humana, demasiada humana", (obrigado, Nietzsche) quem gera empregos e renda, mas é uma bênção divina a quem supostamente merece mais do que os outros "filhos de Deus". Fico pensando o porquê essas bênçãos não chegam à África, onde a maioria das pessoas nem está pensando em carros, mas apenas num prato de comida... Pois é!

Eu queria ter a capacidade de analisar o discurso das pessoas e acreditar. Mas eu não analiso apenas palavras, observo comportamentos. É claro que o Brasil está bem melhor hoje do que há 20 anos, mas daí a acreditar que estamos no paraíso? Este país é um paraíso para uma minoria. Estes, sim, não têm o que reclamar. O que estou me referindo sobre o Brasil, serve para a maioria da população mundial.

Gostaria de pegar um economista liberal pelas mãos e levá-lo em algum lugar no Brasil, talvez muito parecido com a Etiópia. Eles enxergam muitos números, veem seres humanos como "despesas". Mas não preciso de números para ver que este país ainda está engatinhando rumo à democracia formal e abstrata, imagine a estrada para uma democracia substancial, concreta... A miséria está por todos os lados, mas para quem não quer enxergar, a miséria é tão invisível quanto um gari que passamos ao lado e não damos BOM DIA. Eles são invisíveis, mesmo tendo um "corpo físico". Engraçado, acabei de me lembrar do Boris Casoy! Isto é incrível!



Texto: Marco Aurélio Machado