A Filosofia está na moda. Se por um lado é muito bom que as pessoas possam ler e estudar mais sobre um assunto tão importante e apaixonante, por outro, tantas publicações podem gerar confusão na cabeça de quem se aventura por esta que é um ponto de interrogação ambulante: a Filosofia. Diante de centenas de definições, vou tentar dizer mais uma. A Filosofia, a meu ver, é a "ciência" que procura radicalizar a compreensão mais profunda de todas as dimensões da realidade. Mas aqui já temos um problema: "O que é o real"? As respostas são as mais variadas. Daí a Filosofia ser um convite à discussão e ao debate sem trégua. Há cerca de 2500 anos ou mais, ela não cessa de provocar as maiores polêmicas, pois não há assunto que a Filosofia não questione e vá até as últimas consequências com as suas perguntas. Evidentemente, ela tenta respondê-las, entretanto, cada filósofo vai questionar as respostas dadas por outras correntes filosóficas e, assim, num processo ad infinitum. Ainda bem!
A Filosofia é a mãe de todas as ciências. Quando o mito perdeu força na explicação dos fenômenos naturais e culturais, a Filosofia surge, na Grécia antiga, no século VI a.C., e se convencionou, pela tradição filosófica, que o pai da Filosofia foi Tales de Mileto. Ele foi o primeiro a dizer que o elemento constitutivo de todas as coisas (a arché), é a água. Por mais simples que seja essa afirmação, ela é importantíssima, porque pela primeira vez o homem não recorre aos "deuses" para se referir e "explicar" os fenômenos naturais. A partir de Tales, outros filósofos vão dizer, baseados no Logos (razão), que a physis (natureza) é composta por elementos naturais. É uma tentativa de buscar a unidade na multiplicidade. Em outras palavras, para o grego antigo o mundo era eterno e, por isso, buscava um elemento que, apesar das mudanças continuasse, por assim dizer, sustentar a realidade, ou seja, o elemento primordial, o princípio ou arché de todas as coisas; não como criação do mundo(ideia estranha aos gregos antigos), mas ideia que tem relação com o elemento indestrutível que sustenta o mundo natural: a base de tudo.
Heráclito disse que é o fogo; Parmênides, que é o SER; Anaxímenes, que é o ar; Demócrito, que é o átomo; Empédocles, que eram os quatro elementos: terra, água, fogo e ar. Outros pré-socráticos preconizaram outros elementos, mas penso que os citados já contemplam este pequeno texto.
A Filosofia, no decorrer da História, mudará o enfoque cosmológico e descer do "céu". A preocupação deixa de ser cosmológica e passa a ser antropológica, ou seja, a vida social, ética e política passam a ser mais importante. Os sofistas e Sócrates tiveram um papel importante nessa nova reflexão.
Com Platão, a metafísica que já dera os seus primeiros passos com Parmênides, ganha força e acontece uma inversão de mundo. Platão "inventa" um outro mundo, pois este aqui não seria o mundo perfeito. Este é o mundo das aparências, em contraposição com o Mundo das Ideias, Formas e Essências, este sim, perfeito, imutável e eterno. Ele serve de modelo para o nosso mundo material, que não passa de sombra e ilusão.
Aristóteles discorda de seu mestre Platão e vai dizer que Platão separou o mundo desnecessariamente. As ideias, formas e essências que Platão preconizou num outro mundo à parte, Aristóteles colocou dentro dos próprios objetos. E a partir da cada objeto em particular, extrai-se a essência ou o conceito universal.
Não é o meu objetivo fazer uma História da Filosofia, por isso, posso acrescentar só mais algumas coisas. A Filosofia continuou a questionar e interrogar; houve muitas mudanças de enfoque sobre o homem, o mundo, a sociedade, a cultura, a história, a política, o conhecimento, a ética, a estética, a metafísica, as ciências, entre outras.
Para concluir, diria que a Filosofia não admite mordaças. Nada escapa ao questionamento filosófico. Sobre qualquer assunto, a Filosofia estará levando a luz da razão para iluminar e questionar pretensões dogmáticas de alcance de uma verdade absoluta. Se não somos deuses e o filosofar é, a meu ver, demasiado humano, então só nos resta conviver com o ponto de interrogação. O ponto que gera angústia, ansiedade, mas que também é a chave para abrirmos as gaiolas que todos os tipos de dogmas e crenças irracionais desejam nos prender. Não devemos ser escravos de crenças que não foram analisadas e criticadas e colocadas no "paredão" de um questionamento ácido e mordaz. A Filosofia é a inimiga das nossas maiores inimigas: a ideologia, a alienação e a mordaça, que desejam calar a liberdade que só a Filosofia é capaz de nos dar.
Texto: Marco Aurélio Machado
A Filosofia é a mãe de todas as ciências. Quando o mito perdeu força na explicação dos fenômenos naturais e culturais, a Filosofia surge, na Grécia antiga, no século VI a.C., e se convencionou, pela tradição filosófica, que o pai da Filosofia foi Tales de Mileto. Ele foi o primeiro a dizer que o elemento constitutivo de todas as coisas (a arché), é a água. Por mais simples que seja essa afirmação, ela é importantíssima, porque pela primeira vez o homem não recorre aos "deuses" para se referir e "explicar" os fenômenos naturais. A partir de Tales, outros filósofos vão dizer, baseados no Logos (razão), que a physis (natureza) é composta por elementos naturais. É uma tentativa de buscar a unidade na multiplicidade. Em outras palavras, para o grego antigo o mundo era eterno e, por isso, buscava um elemento que, apesar das mudanças continuasse, por assim dizer, sustentar a realidade, ou seja, o elemento primordial, o princípio ou arché de todas as coisas; não como criação do mundo(ideia estranha aos gregos antigos), mas ideia que tem relação com o elemento indestrutível que sustenta o mundo natural: a base de tudo.
Heráclito disse que é o fogo; Parmênides, que é o SER; Anaxímenes, que é o ar; Demócrito, que é o átomo; Empédocles, que eram os quatro elementos: terra, água, fogo e ar. Outros pré-socráticos preconizaram outros elementos, mas penso que os citados já contemplam este pequeno texto.
A Filosofia, no decorrer da História, mudará o enfoque cosmológico e descer do "céu". A preocupação deixa de ser cosmológica e passa a ser antropológica, ou seja, a vida social, ética e política passam a ser mais importante. Os sofistas e Sócrates tiveram um papel importante nessa nova reflexão.
Com Platão, a metafísica que já dera os seus primeiros passos com Parmênides, ganha força e acontece uma inversão de mundo. Platão "inventa" um outro mundo, pois este aqui não seria o mundo perfeito. Este é o mundo das aparências, em contraposição com o Mundo das Ideias, Formas e Essências, este sim, perfeito, imutável e eterno. Ele serve de modelo para o nosso mundo material, que não passa de sombra e ilusão.
Aristóteles discorda de seu mestre Platão e vai dizer que Platão separou o mundo desnecessariamente. As ideias, formas e essências que Platão preconizou num outro mundo à parte, Aristóteles colocou dentro dos próprios objetos. E a partir da cada objeto em particular, extrai-se a essência ou o conceito universal.
Não é o meu objetivo fazer uma História da Filosofia, por isso, posso acrescentar só mais algumas coisas. A Filosofia continuou a questionar e interrogar; houve muitas mudanças de enfoque sobre o homem, o mundo, a sociedade, a cultura, a história, a política, o conhecimento, a ética, a estética, a metafísica, as ciências, entre outras.
Para concluir, diria que a Filosofia não admite mordaças. Nada escapa ao questionamento filosófico. Sobre qualquer assunto, a Filosofia estará levando a luz da razão para iluminar e questionar pretensões dogmáticas de alcance de uma verdade absoluta. Se não somos deuses e o filosofar é, a meu ver, demasiado humano, então só nos resta conviver com o ponto de interrogação. O ponto que gera angústia, ansiedade, mas que também é a chave para abrirmos as gaiolas que todos os tipos de dogmas e crenças irracionais desejam nos prender. Não devemos ser escravos de crenças que não foram analisadas e criticadas e colocadas no "paredão" de um questionamento ácido e mordaz. A Filosofia é a inimiga das nossas maiores inimigas: a ideologia, a alienação e a mordaça, que desejam calar a liberdade que só a Filosofia é capaz de nos dar.
Texto: Marco Aurélio Machado