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MAPA DOS VISITANTES DESDE O DIA 29/11/2009

quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

KARL MARX - RAIZ E FOLHAS

A capacidade de abstração é de fundamental importância para fortalecermos a nossa vontade, não resta dúvida. Uma mente confusa perceberá e agirá sobre o mundo de uma forma equivocada. Karl Marx, a meu ver, representa a raiz de uma árvore (Ontologia), pois inverteu, magistralmente, o idealismo hegeliano que representa as folhas(Ideologia). Este pequeno texto representa uma reflexão superficial que fiz sobre uma analogia entre a raiz de uma árvore e as folhas. A primeira, pressupõe ver as coisas com a agudeza de quem enxerga como uma águia; a segunda, a de quem vê o mundo com óculos escuros. Pior: cor-de-rosa.

Tudo é práxis. O que seria o ser humano sem práxis? Nada. Ao transformar a natureza, o homem transforma a si mesmo. Karl Marx, a meu ver, foi à raiz do problema humano. Para mim essa é a questão ontológica. Ninguém é humano e nem pode se tornar humano, se não for através das relações sociais de produção. Sem produção econômica, não há humanidade. O problema é que o ser humano está alienado, logo onde não poderia: na organização social da produção. Esta é alienação nuclear. As outras, ou seja, a religiosa, política, filosófica e social são derivações da primeira. O ser humano vai ter que sofrer muito até aprender a enxergar o óbvio. Mas fazer o quê? Paciência. Pior: muitos confundem Cuba, China e a ex-URSS, com o socialismo. Capitalismo de Estado seria o conceito correto, penso eu.

Em Filosofia, as ideias devem ser flexíveis. Todavia, discordo dessa tese como se fosse um dogma absoluto a seguir. Vejamos: algumas ideias eu não abro mão de jeito nenhum. Este fundamento ontológico marxista ao preconizar que, em última análise, a economia determina tudo, para mim, é como se fosse a raiz de uma árvore. Estou aguardando o ser humano que nascerá e me convencerá de que essa ideia não seja uma verdade absoluta. Quando se relativiza tudo, fica muito fácil manipular. A raiz é a raiz. Ela não pode ser uma folha.

Não acho que Marx se enganou. Quase tudo pode ser questionado, e é salutar que seja assim. Mas a ideia nuclear, essencial, de que a economia e o modo de produção determinam as nossas ideias e não o contrário, para mim, é uma verdade absoluta. É a raiz ontológica de tudo. É o que faz o ser humano ser um ser humano, e não um bicho. Se o homem se encontra alienado no modo de produção, então, acabou-se. Se eu viver 100 anos, vai ser difícil alguém me convencer de que essa ideia não seja uma verdade absoluta. Deixe a humanidade ficar sem produzir uma semana. Rapidinho vocês vão se lembrar de Karl Marx. O cara foi um gênio. Se não souberam colocar a sua teoria em prática, ou se as forças conservadoras impediram, não é problema de Marx. É a alienação de quem não soube lidar com uma realidade diferente. As forças conservadoras vão fazer o possível e o impossível para preconizar a morte de Marx. A mim, porém, ele continua mais vivo do que nunca. O tempo vai dizer quem estava com a razão.

As folhas, a meu ver, representam a ideologia e a alienação. A raiz está dentro do chão. Não se vê. Contudo, sem raiz ( modo de produção) não há frutos( produção de bens). Se eu produzo e não sou dono, não me realizo no que produzo, porque o produto é usurpado pelo patrão; logo, não tenho prazer no que faço. Por isso, a presença estatal é um fardo, pois ela garante a propriedade privada dos meios de produção. O Estado está a serviço dos poderosos. E tem o aparato jurídico e militar para conservar a propriedade. É por isso que em Cuba e nos demais países ditos socialistas, nunca tivemos uma experiência de emancipação humana. O Estado tem que desaparecer, para que haja uma auto-organização humana. O agigantamento estatal, é o CAPITALISMO DE ESTADO. A DIMINUIÇÃO ESTATAL É O NEOLIBERALISMO. LEMA: ESTADO MÍNIMO=MERCADO MÁXIMO. Simples assim. Um Estado, pelo menos por enquanto, que não fosse máximo e nem mínimo, seria, a meu ver, uma social-democracia. Se caminharmos rumo a ela nestes tempos, já me dou por satisfeito. Mas a luta continua em direção à emancipação humana. Esta não depende de babá estatal. Deus deu escritura e um modelo econômico a ser seguido? Não. Então, podemos fazer diferente, ora.

Se não houvesse a teoria marxista, não haveria a possibilidade de conhecermos as transformações sociais; as artimanhas capitalistas e as suas principais gêneses: a mais-valia, a ideologia e as diversas alienações; além do avanço social-democrata. Os ricos perderam alguns anéis para não perderem os dedos, não é mesmo? A Social-democracia está longe de ser o ideal. Falta colocar um limite no consumo artificial de mercadorias, pois mesmo com uma maior divisão das riquezas e maior igualdade social, ela representa as folhas que deixa o mundo mais belo, mas nos impedem de postular que uma árvore para se manter em pé precisa ser sustentada por uma raiz. A raiz é a economia, o modo de produção. É aí que a HUMANIDADE se perde.

Teremos que escolher, pois a natureza não fala, mas o recado que ela tem dado para quem enxerga, não é muito difícil de se compreender. O homem é determinado pela HISTÓRIA, mas ele também é capaz de transformá-la, pois não existe HISTÓRIA como uma alma penada que fica a vagar por aí, não é mesmo? A escolha é nossa...apenas nossa!!

Texto: Marco Aurélio Machado

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

DEUS - O CONCEITO DE DEUS NÃO É DEUS

Defina Deus. Definiu? O que você encontrou? Uma representação, um conceito, uma crença. Nada mais. Se tal ser existe, ele é, por acaso, um conceito, uma representação, uma crença? O conceito de cachorro morde? E o cachorro verdadeiro, morde? O conceito de cachorro existe. O cachorro verdadeiro existe e morde. O conceito de Deus existe? Existe, porque seres humanos o criaram. Deus existe? Não sei. Ninguém sabe. E, provavelmente, nunca saberemos...

Quais os edifícios ficaram em pé? Crenças e descrenças. É por isso que se coloca o problema da representação conceitual, ou seja, as pessoas possuem crenças e descrenças. Por que antes de se discutir a existência ou não de DEUS, não se coloca este problema: por que uma pessoa precisa de uma crença? Por que acredita? São poucos os que têm essa coragem, infelizmente. Por que ninguém discute sobre fatos objetivos? Porque um fato não é matéria de crença, pois trata-se de um saber. Por que matamos e fazemos guerras em nome de um suposto Deus? Porque não sabemos e temos só crenças ou descrenças.

Interpretamos os conceitos e as crenças diferentemente. Veja: interpretamos só os conceitos e as crenças, porque não temos provas, e, provavelmente, nunca as teremos. Por que não brigamos quando o assunto é a Matemática? Porque chegaremos às mesmas conclusões se seguirmos a mesma metodologia, não é mesmo? Já com a maioria dos conceitos e crenças essas coisas não são possíveis. Daí as guerras, o ódio, os preconceitos...

A lógica é muito importante, mas ela não é mais importante do que os fatos. Muitos pequenos fatos já derrubaram imensos castelos lógicos. Sempre que a lógica se confronta com os fatos, ela perde. Compare todos os fatos existenciais com uma suposta lógica sobre a existência de Deus e você verá. A começar pelo mais simples. Se Deus é onisciente, não pode ser onipotente e vice-versa. Por quê? Porque é uma contradição lógica. Quem tiver interessado, descubra o porquê. Eu não vou dizer. Isso prova que ele não existe? Não. Mas me faz desconfiar que não. E assim acontece com muitos outros argumentos lógicos.

As contradições lógicas se multiplicam, gerando PARADOXOS. Paradoxos são insolúveis. Mesmo quando não há contradição lógica, quando se compara com os fatos...Os fatos desmontam a LÓGICA. Resultado: CONCEITOS ABSTRATOS...Uma ideia ou um conceito de fome, por exemplo, para quem nunca ficou três horas sem se alimentar, não pode ser comparado com as milhares de pessoas que morrem de fome todos os dias no mundo, principalmente, em muitos países africanos, não é mesmo?

Um ateu não pode provar a inexistência divina. JAMAIS PROVARÁ. Mas por falta de evidências existenciais ( fatos que acontecem no mundo e que são absurdos até mesmo para seres humanos que não seriam tão cruéis, imagine para um Deus...), nos fazem desconfiar, não acreditar. Mas não acreditar, não significa dizer: NÃO EXISTE. E acreditar não significar dizer: EXISTE. O que existe? Desejo de segurança, de permanência, num mundo ontologicamente impermanente...


TEXTO: Marco Aurélio Machado

DEUS E A LÓGICA!

Por que Deus sendo PLENO, precisa de amor? O que é o amor? Por que teve necessidade de criar? Se ele precisa de qualquer coisa, não é perfeito. Não sendo perfeito, não é Deus? Além do mais, a NAVALHA DE OCCAM e as leis da evolução darwinista provam que é a partir do mais simples que se criou o mais complexo. Se DEUS é um ser complexo, por que criaria o mais simples através das leis da evolução, se ele poderia criar o ser humano e tudo o que existe no mundo com a complexidade que vemos hoje?

Mais: se Deus é um ser complexo, ele precisaria de um ser mais complexo ainda, para criá-lo, e assim num processo ad infinintum . O que é mais absurdo? Explicar a natureza, o universo, dentro das possibilidades humanas, do simples para o complexo, como uma verdadeira casualidade ( no sentido de que a evolução não é uma escatologia, não tem nenhum objetivo ou finalidade), ou postular um ser complexo, que criou o mundo, mas ele mesmo não fora criado? Eis o porquê, após Kant, não ser possível possível pensar em Deus de um ponto de vista de uma lógica analítica; e o porquê a metafísica clássica não conseguir resolver esses dilemas.

Perguntas metafísicas sem respostas: de onde saiu Deus? Por que saiu? Se era pleno, por que teve a necessidade de criar o mundo? Se criou, teve uma necessidade, tendo uma necessidade, é carente, sendo carente, como pode ser Deus? Sejamos humildes, não é? Quem é o homem para dar conta de saber sobre tais assuntos! Todos os conceitos de infinitude, perfeição, eternidade, onisciência, onipresença, onipotência, etc., foram criados a partir do efeito, no caso, o homem; e não da causa , no caso, um suposto Deus.

Vejamos: O homem se percebeu finito, inventou algo diferente, a infinitude; o homem se sentiu imperfeito, inventou a perfeição; o homem percebeu que era mortal, inventou a imortalidade ; o homem percebeu que era temporal, inventou a eternidade; o homem é ignorante, inventou a onisciência; o homem só pode estar num lugar por vez, inventou a onipresença; o homem pode muito pouco, inventou a onipotência ; o homem percebeu que não era Deus, inventou um Deus para protegê-lo. Inventou tudo isso, infelizmente esqueceu-se que inventou e tornou-se prisioneiro na sua própria gaiola. Pergunta: Será que foi Deus quem criou o homem ou foi o homem quem criou Deus, como já perguntara o filósofo alemão, Feuerbach?

A questão da existência divina não pode ser resolvida pela lógica; uma equação matemática. Há muitas pessoas que acreditam em Deus (a maioria, e outras, não, mas não se pode em nome da crença ou descrença matar em nome de um Deus. Não nascemos católicos, protestantes, budistas, islâmicos ou quaisquer outras crenças. Aprendemos todas essas crenças em sociedade; somos frutos de uma determinada cultura. Se soubéssemos respeitar as crenças e descrenças dos outros, o mundo não seria este CAOS.

A melhor religião de todas, a meu ver, é viver como se Deus existisse, mas sem fazer um comércio metafísico, esperando ganhar mais lá no CÉU, as supostas boas ações que fazemos neste mundo. Devemos fazer o bem, mesmo que a Ciência algum dia provasse que DEUS não existe; se bem que eu duvido que algum dia saberemos disso. Sabemos muito pouco. E ter consciência que se sabe muito pouco é nada mais nada menos que a velha SABEDORIA. Só os tolos pensam saber muito...Pessoas inteligentes adoram o ponto de interrogação (?).

Texto: Marco Aurélio Machado

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

CIÊNCIAS E PSEUDOCIÊNCIAS

Eu "rezo" para a ciência todos os dias. E ela me responde com novos tratamentos. A cada dia que passa, melhor!!! Bendito seja o pai do experimento científico e dos descobridores de novas tecnologias que amenizam a dor e o sofrimento dos seres humanos, pois deles serão o REINO DA TERRA. Como é bom saber que existem a anestesia, os remédios, o avião, o carro, o telefone etc. Como é bom saber que podemos ter esperanças para a cura de tantas doenças, pelo  empenho de seres humanos que, às vezes, dedicam toda uma vida à pesquisa científica. Bendita seja a CIÊNCIA E O CONHECIMENTO EMPÍRICO. Amémmmm!!!


Como é cruel vender ilusões e o medo do inferno para tantos humildes e puros de coração...

Este mundo cão pode melhorar, mas o problema, a meu ver, não é o conhecimento científico e a sua filha mais nobre: A TECNOLOGIA. Quem quiser que vá para a floresta e viva com os bichos. Ou se não quiser fazer isso, quando tiver uma dor de dente, arranque os dentes com um alicate. Se pegar AIDS, não tome os medicamentos doados pelo governo, e reze bastante. O problema não é a tecnologia, pois ela não é boa e nem má. É a forma que a usamos que pode ser boa ou má. Se você defende o capitalismo, por exemplo, não deveria nem dar pitaco. Afinal, ele é o responsável por usarmos a tecnologia de uma forma equivocada.

Penso que você seria mais feliz sendo um eremita e morando numa caverna. Não deveria nem acender uma fogueira, afinal o risco de colocar fogo na floresta é grande. Quando tiver com fome, coma carne crua...Mas antes compreenda que não há açougue por perto. É preciso caçar e ter coragem para matar a "onça"!!!

Continuo preferindo todos os problemas das ciências às pajelanças dos ignorantes. É preciso muito cuidado, até parece que não existem plantas tóxicas...

E há como voltar às teses do Romantismo? Não. Não há volta. O que faremos com a tecnologia que temos? Continuaremos colocando-a a serviço de uma minoria ou a serviço da HUMANIDADE? Isso dá para fazer. Queremos fazer?

O fato de a ciência não ter conseguido resolver totalmente os problemas de bactérias e vírus e outros mais graves, não significa que tenhamos que desistir. O conhecimento científico evolui e talvez mais cedo ou mais tarde possamos superar esses dilemas. Não há saída com as pajelanças e muito menos uma volta romântica ao estado de natureza.

Penso que estamos numa situação paradoxal. É a partir do que temos hoje que precisamos resolver os nossos impasses. Somos os responsáveis por tudo. Não há pretextos nem forças sobrenaturais à nossa disposição. Ou abrimos mão dessa forma de produzir ou seremos varridos do "mapa". Este tema é recorrente nos meus textos, mas ele vai continuar...

Texto: Marco Aurélio Machado

sábado, 19 de dezembro de 2009

OS PARADOXOS DA FÉ E DA LINGUAGEM!

O crente tem fé no que ele não vê, não toca. Acredita num SER em tudo diferente do homem: infinito, eterno, imortal, onipresente, onisciente, onipotente...ou seja, tudo o que o homem não é. Acontece, porém, que um ateu não tem uma descrença ou crença gratuita. Não é por que ele não tem experiência de ver, sentir, tocar, que não acredita. Pelo contrário. Não acredita, porque não observa nenhum fato irrefutável ou uma convicção lógica e racional para supor tal existência. Se subtrairmos todos os deuses das religiões, sobra a natureza. Com que estatuto racional, devemos supor a existência de algo que não a natureza? Se vou além dos limites da minha razão e dos meus sentidos físicos, transcenderei o mundo dos fenômenos; o mundo das relações de causa e efeito. Logo, estou no plano da imaginação. E a imaginação pode postular qualquer coisa. A meu ver, o ateu não tem fé, porque não se baseia na imaginação. Mas em ausência de fatos explícitos e, portanto, em crenças irracionais.

A linguagem nos leva a paradodoxos insolúveis. E ela é um grande problema quando se depara com questões metafísicas ou mesmo cotidianas. Vejamos alguns exemplos, que são os labirintos e os paradoxos da linguagem. Não sei quem disse isto, mas eis mais um exemplo:"A mentira é verdade". Por quê? Porque senão ela não seria verdade, seria mentira". Outra. Se digo:" Não existe verdade absoluta". Bom, se não existe verdade absoluta, como pode a frase acima ser verdadeira? Ela é falsa. Por quê? Porque tem que existir ao menos uma verdade absoluta, ou seja, o fato de que não existe verdade absoluta. Veja agora o paradoxo:" Se existe ao menos uma verdade absoluta, como posso afirmar que não existe verdade absoluta? Paradoxal, não? "Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come". As palavras nos jogam nesses labirintos. David Hume, grande filósofo escocês do século XVIII, já nos alertava para isto: "quem tem certeza de que o sol vai nascer amanhã"? De um ponto de vista estritamente lógico, a crença de que o sol nascerá amanhã não se sustenta. Porque o viu nascer durante toda a sua existência terrena, supõe-se que ele nascerá, mas isso não é um raciocínio lógico. É crença, é hábito. Reflita o porquê é crença e hábito e não uma proposição lógica.

Vejamos um outro. Se não me engano, este paradoxo foi proposto por Bertrand Russell. " O catálogo de todos os catálogos é um catálogo ou não"? Se ele for o catálogo de todos os catálogos, como ele pode ser um catálogo também? Por outro lado, se ele é um catálogo, como pode ser o catálogo de todos os catálogos? Escolha. Pular no abismo ou tentar escapar atravessando um poço de areia movediça? Não tem jeito. A questão da crença e descrença cai no mesmo dilema. Dependendo do ponto de vista que você pegar, pode transformar uma na outra.

Por isso, os filósofos da linguagem questionaram as correntes filosóficas tradicionais. Para eles, muitos problemas filosóficos são falsos problemas. Wittgenstein, filósofo austríaco, e pertencente ao Círculo de Viena, foi um. Paro por aqui. Coisas muito espinhosas e que a linguagem, a meu ver, não resolverá. O melhor é suspender o juízo, a bendita epoché dos céticos gregos. Que venha a ataraxia. Amémmmmmmmmmmmmmmmmmmm!!!


Texto: Marco Aurélio Machado

sábado, 12 de dezembro de 2009

O QUE É O HOMEM?

O que é o homem é a parte da Filosofia que estudamos com o nome de Antropologia Filosófica. Talvez seja uma das disciplinas mais complexas que quem estuda Filosofia se depara. O que é o homem? Várias definições já foram postuladas, nenhuma, a meu ver, deu conta de "enquadrar" o homem dentro de um conceito.

O conceito congela a realidade. Uma realidade congelada é estática, não tem vida. O homem, tal qual a vida, é dinâmico e o fim do seu projeto é a morte. Entre as várias características humanas, uma das mais angustiantes é a consciência da própria morte. É a certeza da destruição total. É a convicção que de um ponto de vista estritamente lógico e racional, nada mais resta a esperar. A morte é o fim da odisseia terrestre individual para a pessoa humana. Diante dessa questão, apenas de o homem, geralmente, se sentir superior aos animais, penso que quem já refletiu sobre tal assunto, no íntimo, tem inveja dos animais, visto que eles não sabem que morrerão.

Sartre afirmou uma vez que a morte é a "nadificação dos nossos projetos; é a certeza que um nada nos espera". Eu discordo. Nem isso podemos afirmar. Morremos para o outro, saber o que é a morte ninguém sabe. Temos tão somente crenças e descrenças a respeito. Dizer que o homem é um animal racional, como disseram alguns filósofos gregos antigos, também não resolve o problema. A razão humana pode muito pouco sobre o dilema da morte.

Há muitas outras definições sobre o que é o homem. Ele é definido como um ser político; um ser econômico; um ser cultural; um ser histórico; um ser social; um ser simbólico; e tantos outros. Penso que o homem é tudo isso. E mais tantas coisas... Esse processo conceitual é infinito. O homem não é uma equação matemática ou uma dedução lógica. É complexo demais para caber dentro de uma ideia universal. Todavia, uma pergunta não quer se calar: o homem precisa refletir sobre a morte, para que ele não esteja morto em vida. No meio de milhões e milhões de possibilidades, nasceu cada um de nós. Pura loteria. Um bom motivo para perguntarmos: o que estamos fazendo das nossas vidas? Ela é muito importante para que os outros a vivam por nós!!! Eis o dilema...

Texto: Marco Aurélio Machado

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

UMA EDUCAÇÃO ESQUIZOFRÊNICA

Enquanto pensarmos a educação apenas como um problema moral e de força de vontade, os "doutores e especialistas de araque" continuarão a fazer a cabeça dos alienados, arrumando um bode expiatório: O PROFESSOR.

Pode-se ter o melhor professor do mundo numa sala de aula, mas se a família não ajudar, se o aluno não estudar, inclusive, em casa, as coisas não se resolverão e continuaremos pagando os "especialistas" de coisa nenhuma a fazer palestras e mais palestras, ganhando dinheiro e não vivendo, na prática, a teoria que preconizam aos outros. Duvido que muitos "especialistas" coloquem em prática o discurso decorado que preconizam à categoria. A maioria talvez nunca tenha pisado numa sala de aula. São cegos querendo nos levar para a escuridão.

O aluno, o professor, a família, a comunidade e a sociedade estão situados num contexto econômico, político, social, cultural e histórico. Como não sofreremos a influência desses setores? Como dar uma aula de ética, por exemplo, e concorrer com a moral burguesa? Disputar espaço com a mídia em todas as suas dimensões? Como falar de uma ética solidária, cooperativa e fraterna, se a nossa sociedade preconiza a disputa, a concorrência e a lei de Gérson?

A verdade é que estamos numa situação econômica, política e social complicada. Este modo de produção levará a espécie humana à extinção. Isso não é discurso de socialista, comunista ou qualquer outra doutrina: É UM FATO. Não levar em consideração a situação como um TODO e que a educação é apenas uma parte do TODO, é estar alienado.

Soluções de "especialistas", que teorizam pela vidraça da janela, sem nunca terem colocado os pés numa favela é conversa fiada para gado dormir. É diarreia cerebral; é curto-circuito mental de quem só tem dois neurônios e um com defeito. Simples!

Vivemos num planeta em que o modo de produção determina as nossas ideias e não o contrário como muitos pensam. A incapacidade de tolerar frustrações é muito grande entre todos nós. O sistema impõe o novo a todo momento. Logo, como formar uma identidade, se tudo se torna obsoleto da noite para o dia?

O mais engraçado? Devemos formar cidadãos críticos, conscientes e participativos!!!! Alguém acredita nisso? Deveria ser assim, mas, infelizmente, não o é. O sistema forma os robôs para dizerem "AMÉM" e consumir. Pior: o consumidor, que deveria ser o senhor do objeto que consome, além de ser mais um objeto, mais uma mercadoria, é também escravo do objeto e não o contrário. Essa é a educação de fato. Somos educados para sermos idiotas a serviço dos nossos "especialistas de araque". São fantoches do esquema e acham que podem iluminar o nosso caminho. ACHO GRAÇA!!

Texto: Marco Aurélio Machado

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

FILOSOFIA DA MENTE

A mente existe no cérebro, mas é independente, ou pelo contrário, a mente não passa de um processo físico-químico? Como um analgésico interfere numa dor de cabeça, por exemplo? Como um comprimido pode aliviar os sintomas de um esquizofrênico? A esquizofrenia seria uma doença da alma ou um desequilíbrio bioquímico? Neste caso, seria a mente apenas material? Não sou especialista em neurociência e nem em outras áreas de estudo do cérebro.

Tenho lido alguma coisa sobre Filosofia da mente. Não me lembro no momento o nome do filósofo, mas um deles tem uma teoria, no mínimo, intrigante. Ele disse que daqui a alguns anos (décadas), o ser humano será capaz de transmitir todo o conteúdo mental para um robô. Seria o advento da imortalidade?

A mente é intrigante. As pesquisas na área vão jogar muitas "verdades absolutas" por terra. Por isso é muito importante abrirmos a nossa mente para novas possibilidades. Como estudá-la objetivamente? Por mais que façamos experimentos cientifícos e vejamos cada área do cérebro em diversas cores, o pensamento sobre a cor azul, por exemplo, não faz essa parte do cérebro ficar azul. Quando sinto uma dor qualquer, como o interlocutor poderia medir a intensidade do meu sofrimento físico? Quando uma pessoa sofre um AVC, mesmo que algumas áreas do cérebro sejam afetadas, ela desenvolve mecanismos que compensam a área afetada. Enfim, as perguntas continuam...

O assunto é por demais complexo para ser resumido em tão poucas linhas. Será que chegará o dia em que a ciência terá a última palavra sobre a mente? Em última análise, a mente é de natureza apenas material e natural? O mental faz parte do espiritual, no sentido da possibilidade de haver uma alma dentro do nosso corpo? Há espaço para o dualismo psicofísico, ou seja, uma alma separada do corpo como queria Descartes? O mental é a própria matéria num grau mais elevado de refinamento e complexidade?

O fato é que este estudo é tão interessante, que as futuras respostas sobre a natureza da mente e do cérebro, podem fazer virar pó todas as nossas crenças religiosas, bem como abalar definitivamente a relação que o homem tem consigo mesmo, com os seus semelhantes e com as crenças sobrenaturais e espirituais.

De minha parte, acho que a mente e o cérebro são a mesma coisa. Penso que mais cedo ou mais tarde as diversas disciplinas que estudam o cérebro-mente provarão essa tese. Acredito no naturalismo. Por quê? Porque é mais fácil de ser explicado; não pressupõe o sobrenatural, e, responde, talvez, não satisfatoriamente, o efeito que as substâncias químicas têm sobre o cérebro.

Todavia, a Filosofia da mente não tem respostas para tais questões. Ela continuará a fazer perguntas e as respostas vão se tornar novas perguntas. Um dia saberemos? Espero estar vivo para ver o edifício ruir ou mudar o meu ponto de vista! Quem sabe?!!



Texto: Marco Aurélio Machado

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Filosofia - O Ceticismo

Muitos céticos nos deixariam em grandes dificuldades para provar a morte biológica. Por exemplo. O solipsismo cartesiano. Ou o argumento dos sonhos, o argumento da loucura, entre outros. Como ter certeza de que tudo o que existe não é uma projeção de um ser superior? Não necessariamente, Deus? Como ter certeza que a única mente que existe não seja a sua?

Apesar de gostar do ceticismo, não sou especialista. Não digo que não existe. Mas, um cético poderia argumentar assim: quando você está dormindo e sonha, tem certeza absoluta de que o sonho é real, não é mesmo? Você pode sonhar que está beijando uma linda mulher e acordar babando no travesseiro...O sonho era tão real...contudo você foi despertado com o "grito de um espírito de porco". Se a mente pode se iludir, quem lhe garante que este mundo não é um sonho de um SER SUPERIOR, um ET, por exemplo, e que o que você acha que é real neste mundo, não passa de um sonho desse ser superior? Logo, a morte ou qualquer outro fenômeno seria uma ilusão mental. Se a mente é capaz de inventar no sonho, quem lhe garante que ela não inventou tudo?

Tudo seria uma ilusão, inclusive, a morte biológica. Se a mente é capaz de inventar tudo, como acreditar no corpo físico, na natureza, e nos supostos objetos? O esquizofrênico não sabe o que é a realidade e a diferença entre ela e o seu estado ilusório. Onde acontece a ilusão do esquizofrênico? Dentro da sua consciência ou fora? Ele vê coisas que não existem, ouve vozes e outros fenômenos externamente. Mas se o que vê é real, por que só ele vê? Por outro lado, se está em sua mente apenas, por que ele faz essa projeção para fora? O mundo, em tese, não estaria todo dentro da nossa mente? E tudo o que vemos não passar de uma projeção da nossa mente esquizofrênica, porém, num grau menos acentuado?

Suponha a seguinte situação imaginária. Todos os seres humanos perderam a capacidade de perceber os dados sensoriais, sendo ou não ilusão. Ou seja, perdemos os nossos sentidos. Cadê o mundo? Cadê a morte? Cadê a ilusão? Você saberia o que seriam os seus pensamentos? E se eles fossem deletados também? E, então?

Foi justamente por buscar a verdade e observar as várias contradições dos sistemas filosóficos em todos os tempos, que o cético chegou a essa conclusão. Se as conclusões filosóficas têm o mesmo peso, logo, não preciso mais buscar. Para buscar eu precisaria saber o que é o que busco. Como cada corrente filosófica parte de premissas diferentes, logo, o cético suspende o juízo e chega a paz que a susposta certeza filosófica daria. A suspensão do juízo é a tal de EPOCHÉ. A tranqüilidade estaria em não mais buscar. EM GREGO, ATARAXIA.

Conclusão: só um pequeno esclarecimento. Existem várias formas de CETICISMO. A linha cética que mais gosto é o PIRRONISMO. Criado por Pirro de Élis e que chegou até nós através do médico e cético Sexto Empírico. Não vou entrar em detalhes. Mesmo porque daria para escrever um livro e não sei se tenho essa competência.

Na linha cética pirrônica, não sei, por exemplo, qual é a essência da realidade. Conheço os fenômenos. Não sei se o mel é doce por natureza, mas que me parece doce, parece. Conhecemos aquilo que aparece para cada um de nós, mas não se sabe qual é a essência da realidade, porque por estarmos envolvidos no problema, não seríamos árbitros imparciais. Quem percebe a realidade em si mesma? Não sei.

O cético pirrônico para viver neste mundo segue as leis da natureza, os instintos, as leis e os costumes criados pelos homens e as artes e as ciências. Vive como o homem comum. Simples assim!!

Texto: Marco Aurélio Machado

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Filosofia - Frases ácidas e irônicas

Quantos pessoas acreditam em Deus? Se acreditassem e seguissem os seus "mandamentos", não era para o mundo estar bem melhor? O mundo está melhor por causa disso?

O importante não é acreditar em Deus, mas viver como se ele realmente existisse!


As palavras podem encantar, mas o comportamento demonstra se elas são verdadeiras ou falsas!

Sou ácido, mas sei ser doce quando quero. Quando sou doce, as pessoas têm saudades da acidez e do azedo.

É preferível a acidez do que se diz francamente à polidez da hipocrisia.

O antídoto contra a polidez hipócrita é a doçura irônica!

Se não houvesse resistência à liberdade, não saberíamos o que é a liberdade, pois um pássaro só voa, por causa da resistência do ar.

A diferença entre um arrogante calado e um tagarela, é que o segundo é mais honesto. O mesmo vale para outros sentimentos negativos!

Nunca nos encontraremos com a morte, porque se existir uma alma, a vida continua, se não existir, não saberemos que morremos.

Um orgasmo verdadeiro vale mais que mil gozos teóricos.

Veríamos a morte com mais naturalidade se soubéssemos que a perspectiva da eternidade gera um tédio maior.

O próprio homem é o caminho, a verdade e a fé. O caminho, porque só ele pode se orientar; a verdade, porque a verdade é intersubjetiva; e a fé, porque só precisamos acreditar em nós mesmos. A inversão do mundo não passa de um comércio metafísico de pessoas que não acrdidtam em si mesmas...

Frases de MARCO AURÉLIO MACHADO

sábado, 28 de novembro de 2009

Filosofia - Refutando Descartes

Quem pensa? Descartes dizia que era um "EU". Quem é o "EU"?

O "EU" é uma entidade que existe dentro do corpo físico?

O "EU" pensa o pensamento?

O "EU" identifica-se com o pensamento? Neste caso, o "EU" tem vários pensamentos?

O "EU" e o pensamento são a mesma coisa?

O "EU" pode sobreviver à morte do corpo físico? Um raciocínio lógico é suficiente para comprovar a continuidade da existência após a morte?

O "EU" continua pensando após a morte do corpo físico?

O "EU" poderia pensar se ficasse isolado e não tivesse contato com nenhuma sociedade ou cultura, ou seja, como pensar sem aprender uma linguagem que só é possível vivendo em sociedade?

SE PENSO, LOGO EXISTO, COMO EXPLICAR o caso de Amala e Kamala que foram achadas no meio de lobos e tinham todas as atitudes dos lobos? Comiam carne podre, lambiam a água, andavam de quatro e uivavam à noite? Elas não pensavam? Por que, sendo "humanas," desenvolveram todos os hábitos dos lobos?

O argumento acima prova que não é possível pensar fora da sociedade humana? Se Descartes vivesse entre os macacos, tal qual TARZAN, ele estufaria o peito e diria: PENSO, LOGO EXISTO? Por acaso, TARZAN teria forma humana, mas seria um macaco fazendo todas as macaquices próprias de tais primatas? Ele teria consciência de Deus a quem recorreu para sair da gaiola solipsista? Ele poderia acreditar em Deus? Se pudesse, por acaso, o seu Deus não seria a imagem e a semelhança dos macacos?

Se temos um "EU" diferente dos pensamentos e sentimentos, por que sofremos? Por acaso, não bastaria o "EU" não se identificar com os pensamentos e sentimentos e ficar livre das fobias, medos e neuroses?

Afinal, quem é esse "EU" de Descartes? Uma substância pensante? O que é uma substância pensante? Um nome? Uma alma? Uma parte da matéria mais refinada?

Se Descartes tivesse dor-de-dente e tomasse um analgésico, ele melhoria? O efeito do remédio seria na alma? Como pode a alma sofrer o efeito de um comprimido material? A mente não seria o próprio cérebro? E então?
Se a mente for a mesma coisa que o cérebro, como explicar o dualismo psicofísico de Descartes, ou seja, por que Descartes chegou à uma conclusão que ele não poderia provar empiricamente, experimentalmente?

A lógica cartesiana é perfeita, mas ela resiste aos fatos? Que fato? Que nunca se soube até hoje que alguém pudesse pensar fora da sociedade humana. Somos humanos porque vivemos e temos relações sociais, principalmente, as de produção econômica. Quem vive de barriga vazia sem produzir e conviver com outros seres humanos? Descartes conseguia fazer isso? Ele, então, não era humano? Será que era um ET?

O que eu disse: UM PEQUENO FATO PODE DERRUBAR UM CASTELO LÓGICO. É só conferir no outro tópico.

Quem tiver as respostas que me dê, porque até agora, não fui convencido de coisa alguma. Só falácias e sofismas baratos. Uma pena!!

Eu parto de uma premissa ONTOLÓGICA, não de uma premissa LÓGICA. O que faz o ser humano ser humano são as relações sociais, econômicas e culturais. Sem a humanização, que só pode se dar no convívio com outros seres humanos, não poderia haver as condições para que Descartes afirmasse o seu famoso COGITO, ERGO SUM. Sem produção da vida social, não há ser "humano" que pensa. Principalmente, logicamente. As meninas-lobo, Amala e Kamala foram encontradas na Índia, no início do século XX, no meio de lobos. Não tiveram a oportunidade de se humanizarem. Não tinham nenhuma emoção humana: não choravam, não riam e não falavam. Em compensação, andavam de quatro, lambiam a água, comiam carne podre e uivavam. Foram recolhidas para uma instituição social, mas não conseguiram sobreviver. Uma delas aprendeu um vocabulário básico de 50 palavras. Essa é a prova que sem vida em sociedade, não há pensamento e nem linguagem, mas há a existência delas comprovada por outras pessoas. Há pouco tempo uma pastora de ovelhas se perdeu, num país da Ásia e ficou 17 anos perdida na floresta. Parece-me, que esqueceu-se do próprio nome. Desumanizou-se totalmente. A lógica tem importância, mas ela não é mais real do que o mundo natural e cultural. O homem inventou a lógica, mas a lógica não criou o homem: A NATUREZA, sim, pois antes de o homem aprender a falar, quando ele ainda grunhia, ele precisava se organizar de alguma forma socialmente para produzir a sua subsistência material. Mais: a razão foi inventada pelos gregos, ela não é algo natural; é cultural e histórica. E não foi Descartes que a inventou, ele a pegou pronta.

Texto: Marco Aurélio Machado

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

CRENÇAS E DESCRENÇAS EM DEUS/DEUSES

Deus, para mim, é uma questão existencial; não gnosiológica. Não acredito em nenhum conceito de Deus. Eu falo isso o tempo todo. Mas as pessoas fazem de conta que não leram, ou se leram, preferem dizer o contrário do que afirmei. Penso que o ateísmo o livra da culpa, do medo do inferno, da esperança de ser salvo. Dá-se mais valor à vida, porque é uma só; de fazer o bem pelo prazer de ajudar, não para ganhar o paraíso; de inventar os próprios valores, já que não existem valores determinados; de ser humano em todos os sentidos e não renegar os desejos mais ocultos; de estar em harmonia com a natureza e de saber que se faz parte dela; de aceitar os fenômenos naturais e mudar o que se é possível; de saber que o que não posso explicar racionalmente, não preciso inventar um ser imaginário, etc. Viver e ser feliz.

Porque a vida é única e bela. Se houver um Deus, ótimo, a vida continua, se não houver, excelente; não saberei que morri... Em primeiro lugar, quero dizer que sou um humanista. Baseio minha vida em valores estritamente naturais. Não acredito em seres sobrenaturais: deuses, fadas, duendes, demônios, anjos, arcanjos, serafins, capetas, diabos, anjos caídos, anjos que subiram, unicórnios, elementais, astrologia e seus signos, poder dos cristais, macumbas, espíritos das trevas, espíritos de luz, almas encarnadas e nem desencarnadas, fogo do inferno e em nenhuma religião e seus supostos salvadores ou MESSIAS.

Acredito na finitude da minha razão, nos limites das minhas impressões sensoriais e na recusa radical de dar asas à minha imaginação, inventando deuses e tornando-me prisioneiro dos seus caprichos e ameaças. Não se preocupem comigo. Quando morrer estarei debaixo da terra. Mas, quero fazer nesta vida curta e finita, o que muitos só fazem no discurso. Para terminar: todas as minhas convicções são baseadas nas CIÊNCIAS E NA FILOSOFIA. ATÉ QUE SE PROVE O CONTRÁRIO, ELAS SÃO A LUZ DA MINHA VIDA E DO MEU CAMINHAR FINITO, MAS SOLIDÁRIO, FRATERNO E HUMANO!!!


TEXTO: MARCO AURÉLIO MACHADO

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Filosofia - Ontologia Marxista

A ontologia marxista é a relação do seres sociais(homem) com a natureza para transformá-la pelo trabalho. São as relações sociais de produção as responsáveis por tornamo-nos humanos. Não somos humanos. Tornamo-nos. Sem produção econômica não há barriguinha cheia, logo, não há filosofia, ciências, artes, religião e cultura. O homem é essencialmente um ser social. Mas essa sociabilidade não acontece no plano dos conceitos. Ninguém sobrevive se alimentando de conceitos. Ao se relacionar com outros seres humanos e se organizar para produzir a sua subsistência material, o homem torna-se homem. Isso é a ontologia marxista. Quando o homem não percebe isso, está alienado. Inverte as coisas e fica procurando a essência das coisas numa metafísica que se alimenta de idéias. Se apenas as idéias sustentassem o homem, Marx não precisava ter detonado o mago das idéias: o senhor Hegel e a sua diarréia cerebral.

Muito antes de a Filosofia existir os homens tinham que se organizar para produzirem a sua subsistência material. Isso é ontologia. Sem relações sociais de produção não há possibilidade nenhuma de o homem sobreviver. Sem produção, consumo e reprodução da vida econômica, não há possiblidade de existir seres humanos. A meu ver, essa forma de pensar é fundamental. Infelizmente, o capitalismo se apropriou dos meios de produção e aquilo que poderia ser a redenção humana, ou seja, a tecnologia, está a serviço de uma minoria para explorar a maioria desprovida de tudo, mormente, da sua dignidade. E ainda dizem que o trabalho dignifica o homem. Deveria dignificar, mas no atual sistema, "coisifica". Lamentável...

Fico perplexo com toda doutrina filosófica que inverte a ordem do mundo. Uma corrente filosófica que dá mais valor à palavra, ao conceito, ao pensamento, é uma fábrica metafísica de comércio de ilusões e fantasias. Eu nunca mastiguei uma ideia. Não sou feito de luz, ora bolas...

Texto: Marco Aurélio Machado

domingo, 15 de novembro de 2009

Filosofia - Quem é o EU?

Quem é o EU? Ele é fixo? É permanente? Se fosse seríamos a mesma pessoa e não cairíamos em contradições. Uma hora estou alegre, na outra, estou triste; uma hora, estou calmo; na outra, estou nervoso; uma hora quero; na outra, não quero. A mente humana (EU) é o conjunto de tudo isso. Como poderia um Eu pensar independentemente do pensamento? Quando penso, o único processo que existe é a relação de pensamentos. Num conflito sem fim. O Eu é impermanente, muda o tempo todo, mas ao tentar congelar o real, ele entra em conflito e em contradição. É preciso mergulhar fundo nisso. Não é fácil compreender. E nem vou tentar explicar. Ficaria aqui um ano. Sugestão: leiam os livros do Krishnamurti. Ele não é místico como muita gente pensa. Ele é um cético que suspendeu todos os juízos. Quem consegue suspender os juízos só percebe os pensamentos. Contudo, não interferem nele. É como se cada ser humano fosse um labirinto. Os pensamentos estão dentro do labirinto( mente ), eles vão para lá e para cá, mas não conseguem escapar da sua própria natureza, que é o movimento, o dinamismo e a impermanência. O Eu é o centro que se forma por querer ser permanente e estático. Ele quer segurança. Mas não existem segurança e permanência. Só existem mudanças. Compreendendo isso profundamente, não há o que fazer. Assim, como é perda de tempo tentar escapar do labirinto, pois não tem saída, é perda de tempo querer controlar o "oceano" dos pensamentos. Toda tentativa de controle vai gerar uma neurose no indivíduo.

Logo, esta pretensão de rotular: eu sou isto; eu sou aquilo, é perda de tempo. O ser humano é o resultado das suas escolhas. Ele é o resultado dos seus atos, mas não de uma forma definitiva. Posso querer hoje e desistir amanhã. Não há felicidade permanente num mundo, ontologicamente, impermanente. Mais: o prazer contém a dor.

Tudo tem o seu preço. Quer prazer? Ótimo!!! Mas ele traz consigo a dor, pois tudo o que vira memória e lembrança é fonte de prazer e de dor. Os desejos são infinitos, mas quem vive como se fosse um animal, dando vazão aos seus instintos primitivos, não deveria reclamar. Todo prazer é vontade de mais prazer, num processo ad infinitum. Quando não vem, tome sofrimento e dor. Gostoso, não?

Texto: Marco Aurélio Machado

sábado, 14 de novembro de 2009

A FILOSOFIA E O FANATISMO RELIGIOSO!

Infelizmente, poucos conseguem livrar-se de superstições e crendices arraigadas desde a mais tenra idade. Minha esposa colocou minhas filhas no catecismo, contra minha vontade. Acabei cedendo inicialmente. Mas, não me contive. Conversei com minha esposa e expliquei detalhe por detalhe sobre as conseqüências funestas de tais práticas. Elas saíram. Quando crescerem e tiverem uma visão crítica da vida, tudo bem. Podem escolher o que fazer.

A religião pega a pessoa numa época, que qualquer coisa que se diz, a criança aceita e vira uma verdade dogmática. Sei, porque minha mãe, por ignorância, me criou fazendo medo em mim, em nome de Deus. Só que sempre fui rebelde e nunca aceitei crenças infundadas e invenções de uma imaginação descontrolada. Aos dez anos, eu lia a Bíblia e questionava cada contradição do Deus cristão. Tanto do Velho Testamento, quanto do Novo. O Novo Testamento é ainda pior. Aprisiona a pessoa da forma mais cruel possível: a prisão psicológica. Além da culpa, remorso, arrependimento e toda crueldade neste mundo, existe a crença maldita e covarde, de que a pessoa poderá ir para o inferno, se não for salva. "E ali haverá choro e ranger de dentes".

Tenho alunos que têm pavor dessa idéia. Morrem de medo. Aos poucos, através de argumentos lógicos, procuro levá-los à reflexão sobre a possibilidade dessa crença ter algum fundamento. Isso é uma gaiola. Como um rapaz questionou-me outro dia. "Você livrou a sua aluna da gaiola, mas ela entrou em quais outras"? Não tive a oportunidade de dizer tudo o que queria, e nem é minha intenção ficar debatendo com quem não conhece a minha realidade profissional. Mas só para esclarecer, a distinção, é que ela pode, a partir de agora, entrar em qualquer outra gaiola ou ideologia. A diferença é que agora ela poderá entrar em outras gaiolas, mas tais gaiolas serão abertas por uma chave muito especial: a reflexão filosófica, a luz da razão.

A reflexão filosófica é a chave para abrir qualquer porta...A razão deve ser a guia de todos os seres humanos. Devemos fazer o bem sempre, independentemente se há um DEUS, um PARAÍSO. O bem deve ser um fim em si mesmo, e não um meio para uma suposta salvação. Isso é comércio. Faço o bem aqui para ganhar mais lá no "CÉU". A meu ver, só é capaz de amar, verdadeiramente, aquele que acredita que o seu fim é uma vala de sete palmos. Nada mais!!


Texto: Marco Aurélio Machado

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Filosofia - Qual é a UTILIDADE DA UTILIDADE?

No meu cotidiano, nas aulas de Filosofia, e também nas demais relações sociais, uma questão sempre me deixou perplexo: a pergunta sobre qual é a utilidade da Filosofia? A Filosofia serve para quê? Geralmente, eu respondo com outra pergunta: qual é a utilidade da utilidade?

A utilidade da utilidade serve para quê? O que é ser útil? Se, normalmente, as pessoas se engasgam com uma pergunta tão simples como essa; se elas não sabem qual é a utilidade da utilidade, como poderiam saber sobre como ser um ser humano no sentido mais nobre e magnânimo desse conceito?

Se fazer perguntas não é importante, o que é ser importante? Se o homem não fizesse perguntas, como poderia haver respostas para a resolução e tentativas de soluções para os desafios que a NATUREZA nos coloca? Como poderia haver tentativas de soluções para os problemas econômicos, políticos, sociais, entre outros?

Ser útil é tudo que se faz de um ponto de vista prático? O que é ser prático? Por acaso, para se descobrir o que é a prática, não precisamos teorizar sobre ela? Não é preciso refletir sobre ela? Mas, o que é a prática? Ser prático e útil é trabalhar, comer, beber, dormir, se divertir, reproduzir e morrer? Fazer tudo isso e nunca perguntar a si mesmo por que fazemos, pensamos e sentimos? Se assim for, quero dizer que não sou humano: sou uma coisa mecânica, tal qual um robô programado para ser alienado e fingir ser feliz, já que se alguém me perguntar o que é ser feliz, não saberei responder. Por quê? Porque terei nojo da reflexão filosófica! Por quê? Porque a reflexão filosófica me fará virar um ser humano consciente, crítico, capaz de questionar todos aqueles que foram programados para mandar fazer o que é útil, mas que também não sabem o que é a utilidade.

Conclusão: EU prefiro ser inútil. Assim terei tempo para pensar na utilidade e saber que muitas coisas ditas úteis, só servem para que as pessoas sejam inúteis, descartáveis e sobras de um sistema que acho feio tudo o que não é útil. Mas a questão filosófica continua a perguntar: O QUE É SER ÚTIL? Qual é a utilidade da utilidade? Talvez muitas pessoas não saibam responder, porque estão perdendo muito tempo querendo ser úteis e com isso não passam de pessoas inúteis e dignas de pena...

Texto: Marco Aurélio Machado

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Filosofia - Ideologia do ANO NOVO, o fortificante do povo

Todos os anos é a mesma coisa. Renasce a esperança de que o mundo será melhor. Que os astros nos trarão sorte, que o ano será regido pelo planeta tal e qual, que realizaremos todos os nossos sonhos, enfim, não há ideologia melhor para quem domina do que o nascimento de um novo ano. E a mitologia e os rituais de passagem continuam a embotar os neurônios do senso comum e da imaginação popular. Muitos se vestem de branco e esperam a paz. Uma paz que só virá com a mudança de cada indivíduo. E viva a esperança! Para mim, ela já nasceu morta. É a primeira que tem que morrer. Quem vive de esperança só espera, enquanto a elite faz a festa. Hehehe! Nada como começar o ano fazendo uma crítica a mais uma idiotice inventada para suavizar as dores da massa. E viva a alienação! O FORTIFICANTE do povão!

Ninguém precisa concordar comigo. É apenas uma reflexão. O povo sempre gostou de pão e circo. É futebol ( um dos deuses das massas), carnaval, drogas, bebidas alcóolicas, etc. Simplesmente, mecanismos de fuga. Se as pessoas escolhem isso livremente...Apenas vejo as coisas como elas são. Agora mesmo há várias pessoas me desejando um excelente ano. E eu espero realmente que seja. Desde que dependa dos meus esforços e das minhas ações. Se o povo está feliz...ótimo. Eu queria ser assim...

Eles têm o que comemorar. A esperança de um mundo melhor sem esforço pessoal. Esperança nos astros e todo tipo de superstições e crendices. Se estão felizes, tudo bem. A proporção que a alegria deles aumenta, a minha diminui...mas não vou me suicidar por causa disso...

Cuidado com os profetas do ANO NOVO! Desconfio que muitos desses profetas passaram por algum hospital psiquiátrico. Sempre desconfiei dessa gente. Isso tudo não passa de baboseira, conversa fiada e anestésico para mentes infantis e tolas. Não tem coisa nenhuma, a não ser o desejo de mudarmos as coisas. Contudo, só se muda alguma coisa, se cada indivíduo mudar. Infelizmente, eu uso como estratégia a linguagem ácida e agressiva. As pessoas estão num sono dogmático tão profundo, que precisam tomar um choque bem forte. O choque incomoda, mas martela a cabeça das pessoas. Era de aquário, astrologia, esoterismo e outros "ismos" são ótimos para quem quer viver na ilusão...excelente para engordar o lucro das editoras. Melhor, ainda, para o capitalismo e a burguesia safada. Assim, o povo vive na esperança...

Pisamos no pescoço dos nossos semelhantes durante o ano inteiro. No Natal e ANO NOVO damos beijinhos. Isso é ser refinado e educado? Para mim tem outro nome: HIPOCRISIA! Ah! Pisamos com jeitinho. Com vaselina entra melhor...

Para terminar este assunto. No sentido marxista e que é da minha preferência para analisar a ideologia e a maldita alienação, a ideologia é um conjunto de valores, princípios, normas e regras de uma determindada classe social, ou seja, a classe que detém os meios de produção e o poder econômico como um todo, que impõe através dos mais variados meios a sua maneira de pensar, sentir e agir. Em outras palavras, os valores de uma classe, portanto, valores individuais, tornam-se valores universais. O que deveria servir apenas para uma classe, generaliza-se. A ideologia inverte toda a realidade, econômica, política, social, cultural, histórica, educativa, religiosa, o aparato jurídico-estatal, entre outros. A explicação ideológica tem a função de manter a sociedade coesa e harmônica. O objetivo é encobrir, em vez de desvelar. Ocultar, em vez de esclarecer. O que é um fenômeno social, ela coloca como natural. A explicação é sempre abstrata e lacunar, porque não explica o real de forma transparente. A forma mais fácil de dominar é através da ideologia, porque condiciona às pessoas a aceitarem toda a exploração sem consciência crítica. É muito comum encontrar pessoas que não têm um lote para morar, defedendo interesses de fazendeiros. Isso é o quê? Por que a pessoa não percebe isso? Por causa da alienação. Por que não percebe a alienação? Por cauda da ideologia. Conclusão: verso e reverso da mesma moeda. Outras explicações podem convencer a muitas pessoas. A mim, não. Isso, para mim, é um fato consumado.

Texto: Marco Aurélio Machado

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Filosofia - Política - Economia - Sociedade planetária

Como as pessoas confundem conceitos...Criticam o socialismo e o comunismo e só conhecem o CAPITALISMO DE ESTADO, mas não sabem disso. Nunca tivemos uma experiência socialista, quem dirá comunista...Quantas vezes vou ter que dizer a mesma coisa? O CAPITALISMO DE ESTADO é o que aconteceu na ex-URSS, acontece na China, Cuba, Korea do Norte, etc. O capitalismo as pessoas conhecem bem. Ele é bom para quem? Para meia-dúzia de países. Quantos países existem no mundo? Já pensou se todos tivessem o nível de consumo que tem os EUA? Compreenda uma coisa, jovem. O que eu digo não se trata de ideologia. Não concordo com o TOTALITARISMO de nenhuma espécie. Sempre fui a favor da liberdade. Em todos os sentidos. Não concordo com ditaduras. Eu sou filho de uma ditadura de direita neste país. Nasci no dia 11/01/1965. Fui criado em plena ditadura militar. O que eu preconizo é uma mudança no modo de produzir do planeta e a extinção da política e do Estado. Fiquem tranquilos, o mundo voa pelos ares e não veremos tal fato acontecer. Por sermos humanos temos que resolver os nossos problemas. Não podemos continuar com esse consumismo exagerado, onde temos muito mais do que precisamos. O planeta não suporta tanta sangria de recursos naturais. Sem contar a ganância. A luta pelo poder. A destruição das florestas, dos mananciais de água doce, a poluição dos mares, a violência-para não dizer a barbárie-, pois já estamos em plena GUERRA CIVIL. O rico se defende como pode. Os pobres, além das dificuldades, estão à mercê dos bandidos. É a espécie humana que será extinta. Será que não dar para prever isso? É questão de tempo. Temo que já seja irreversível.

Pode ser até uma social-democracia; um socialismo moderado, desde que os Estados tenham a missão de colocar limites nesse consumo desenfreado. Todavia, isso deveria ser feito em nível planetário. Colocar um limite é a palavra de ordem. O planeta agradece. Como se faz isso, é difícil, porque demandaria uma consciência por parte das massas e dos líderes, que eles não têm. Não sei se terão um dia. A solução é a tecnologia. Ela deve estar a serviço de toda a Humanidade. E não apenas de uma minoria, para explorar e desempregar a maioria. Se ela estiver a serviço de todos, é a solução. O contrário não é verdadeiro. A auto-organização das pessoas sem a intervenção de nada. É claro que essa transição seria dolorosa e conflituosa. Mas as coisas não estão muito diferentes agora, estão? O que produzir? Bens necessários, sem exageros. Isso seria decidido por conselhos populares, com a participação de todos. Enfim, não tenho uma fórmula pronta. Mas, do jeito que está, não dá.

Nada de conceitos mofados, esclerosados e cristalizados, como, por exemplo, a "Ditadura do Proletariado". Isso jamais entraria na minha proposta. Tenho horror a esse discurso. Se queremos acabar com as classes sociais, vamos criar outra classe: a ditadura do proletariado? De jeito nenhum. Se não tiver outro jeito, contento-me com uma social-democracia. Com intervenção estatal e limite na produção e no consumo, para o bem do planeta. Haveria desigualdades sociais e econômicas, contudo, o povo teria cidadania plena. Para mim está razoável!

Sonhar não custa nada, não é mesmo? Isso é um sonho, um ideal. Diante, porém, da situação vigente e o alto grau de alienação das massas...Sinceramente, não acredito. Tomara que esteja equivocado. É com muita tristeza que vejo isso. Agora, procuro fazer isso nas salas-de-aula. Mas, na primeira oportunidade, vou abandonar também a educação. Não vale a pena. Espero não sentir muitas saudades, se é que ainda dar tempo de mudar...Sei lá...O futuro a ninguém pertence, ele foi inventado também para conformar as massas adormecidas e sonhadoras. Vai uns óculos cor-de-rosa, aí?

Texto: Marco Aurélio Machado

REFLEXÃO SOBRE A PSICANÁLISE!

Desde a minha adolescência, sempre tive uma certa curiosidade de saber um pouco mais sobre a Psicanálise e a ideia de inconsciente. Li há muitos e muitos anos textos de Freud e alguns livrinhos bem introdutórios. Na universidade, no curso de Filosofia, sempre víamos alguma coisa a respeito da Psicanálise. Entretanto, nunca me convenci de que um suposto inconsciente não seja totalmente contraditório de um ponto de vista lógico. Vejamos um pouco sobre este assunto, sem, contudo, termos a intenção de colocar um ponto final no debate.

Como o inconsciente pode recalcar, censurar ou reprimir o que não conhece? Se conhece, não pode ser o inconsciente, pois é consciente daquilo que recalca ou censura, certo? Se não conhece, como pode recalcar ou censurar, já que é inconsciente? Como se pode ver, tal tese do inconsciente, de um ponto de vista lógico, é contraditória. Não tem explicação plausível que me convença do contrário...

É como se existisse um outro ser dentro de mim que soubesse o que é melhor para mim. Mas se tal "ser" existe, ele se comporta de uma forma muito estranha, pois reprime o que, supostamente, conhece, mesmo sem conhecer, porque é inconsciente, mas ao mesmo tempo gera vários sintomas desagradáveis em todo o meu organismo, em nome de uma suposta tese de que o sujeito não aguentaria saber certas coisas sobre si mesmo. Ora, se já sabemos as possíveis causas de uma neurose, que não deve sair muito de um Complexo de Édipo e outros desejos humanos, por que haveria essa resistência? Além do mais, os diversos conceitos psicanalíticos são a priori. É como se existissem primeiro à espera de encarnar em alguém. Em última análise, tudo é sexo na psicanálise. Até parece que Freud tinha um pênis na mente. Se o sexo é o responsável pela vida, por que haveria tanto sofrimento psíquico em algo tão natural e bom?!

Eu até gostaria mesmo que ele existisse, assim, deixaria de ser o responsável pelos meus atos. Se algum dia matar alguém, não terá sido eu: foi o meu inconsciente que veio à tona e me fez virar um "bicho", um monstro irracional e irresponsável! O problema vai ser explicar à polícia e à Justiça... Pois é!

A mente humana é assunto que será estudado durante muitos e muitos anos. Partir da premissa de que o inconsciente existe é complicado...Eu não sou especialista em Psicanálise, daí o meu interesse, para que os psicanalistas explicassem as diversas teorias (eles não se entendem), pois assim ficaria mais claro para todos. A verdade é que a Psicanálise é muito subjetiva. Duvido que se eu fizesse um tratamento com dez psicanalistas de qualquer linha ( são muitas ) se, por acaso, eles chegariam às mesmas causas do meu sofrimento psíquico. Duvido.

A impressão que tenho (e que não posso provar) é que a religião inventou os demônios que nos atentam externamente, "soprando" nos nossos ouvidos o que deveríamos fazer, e a Psicanálise colocou esses demônios dentro da mente humana. O problema é que eleS não "sopraM" nada internamente, só causaM neuroses e todos tipos de desordens psicológicas, e ainda "acham" que nos protegem de coisas que não suportaríamos saber sem a ajuda de um assessor: o psicanalista.

O suposto inconsciente é uma espécie de "demônio bom", que por nos querer proteger, nos causa o mal: todos os sintomas físicos e psicológicos. E quem entende a linguagem dele? Os psicanalistas. Quem pode compreender tantas contradições lógicas?

É muito difícil compreender tal mecanismo. Se eu perdesse o sentido do tato, por exemplo, se por acaso tomasse uma pancada ou acontecesse algum acidente relacionado a essa área do meu cérebro, eu poderia fritar a minha mão na frigideira e não sentiria nada. Um fenômeno natural. Aconteceria o mesmo com o inconsciente, se eu sofresse algum acidente? Ele desaparecia? Em caso afirmativo, onde ele se localiza? Se não se localiza em lugar nenhum, como eu posso dizer que ele existe? Devemos pressupor uma entidade espiritual dentro do cérebro? Fora do cérebro? Mas Freud era um ateu... Chegamos, a meu ver, numa metafísica. Eu quero saber onde se encontra esse tal inconsciente, porque se ele não se localiza no cérebro, como explicar que os sintomas além de mentais são físicos? Não há uma dualidade psicofísica. Sem cérebro não teríamos nenhum sintoma: nem mental e nem físico. Um paradoxo, para dizer o mínimo...

De minha parte, se ficar doente, de um ponto de vista psicológico, não perderei o meu tempo com a Psicanálise. Por três motivos: 1º) Nunca me convenci de que a Psicanálise tenha a última palavra sobre o sofrimento psíquico; 2º) Parece-me um tratamento para uma elite, porque não conheço pobre que faça análise (deve ter, apenas não os conheço); 3º) O tratamento é extremamente demorado e caro. Na verdade, a Psicanálise é muito "chique", para pessoas "chiques".


TEXTO: MARCO AURÉLIO MACHADO

domingo, 1 de novembro de 2009

Filosofia - Metafísica X Ontologia Social

A metafísica/ontologia não deve ser vista apenas como a busca da essência das coisas, como pensavam os filósofos antigos e medievais. Quando refiro-me à questão ontológica, estou em busca daquilo que fundamenta o SER. O SER que pergunta por todos os outros seres e que tem consciência da própria existência. Quem é este ser? O homem. Contudo, não nascemos humanos. Tornamo-nos humanos através das relações sociais que estabelecemos com outros humanos. Ninguém filosofa sem produzir. Ninguém pensa com a barriguinha vazia. Negar a política é a condição "sine qua non" para salvarmos o planeta. Se isso é parecido com o Marxismo, para mim não é importante. Não estou preocupado com nenhum "ismos". Os homens podem se organizar para produzirem a sua subsistência material.

A existência do Estado é fundamental para quem domina. Podemos preconizar que o Estado não deve interferir na economia e que deve limitar-se às questões básicas. Contudo, o Estado político existiu, existe e sempre existirá para assegurar os privilégios da classe dominante. Afinal, quem tem o monopólio da força? Reafirmo, que apesar disso, uma filosofia dissociada da vida é muito boa para quem está satisfeito com a situação vigente.
Não tenho ilusões, mas o homem só pode ser homem, se for consciente de todas as dimensões da sua vida. Caso contrário, será alienado. Não devemos compreender a Filosofia como os filósofos gregos e medievais a preconizaram. Quem produzia naquela época? Não podemos nos dar esse luxo. Deixe o mundo ficar uma semana sem produzir... Seria o caos. O homem é igual na política-organização do Estado de direito-uma igualdade abstrata, mas onde ele produz a riqueza marerial, onde está a igualdade?


Se é uma ontologia marxista...não sei! A verdade é que nunca tivemos uma experiência nem socialista. Tivemos, no máximo, um Capitalismo de Estado. Vide Cuba e CIA. Daí a "ontonegatividade da politicidade", como dizia o meu ex-professor José Chasin. Negar a política, que nada mais é do que sinônimo de poder em suas várias vertentes, é importante para a humanização e a emancipação do homem.

Texto: Marco Aurélio Machado

Filosofia - Política - Brasil, mostre a sua cara

Brasil: MOSTRE A SUA CARA!

Este país precisa encontrar o caminho REPUBLICANO. Ter seriedade com a coisa pública. Avançar nas políticas sociais. Enfim, o Estado não pode continuar a ser esfera privada de políticos desonestos.

Na "democracia," se elege quem tem mais votos. Quantidade de votos não prova a qualidade de um político. Há que saber como esses votos foram "conquistados". Um homem que não aprendeu a dominar as suas paixões, o egoísmo e a ambição desenfreada, pode governar para o POVO? O escravo do dinheiro, do poder e das glórias não pode administrar nada, pois ele não consegue governar a própria vida.

Que diferença fará neste mundo se fui REI ou MENDIGO? A vala e os micróbios nivelam as pessoas. Tudo apodrece e, até onde eu sei, não há outra vida, e se houver, o dinheiro que se acumulou por aqui, não pode se levar para o outro lado. Para que tanta sede de poder, corrupção e tanto sofrimento para a própria pessoa? Sim, porque uma pessoa que desvia dinheiro publico, não é livre: É ESCRAVA dos seus apetites mundanos, dos aplausos, dos elogios, do fingimento e da hipocrisia alheia. Como é o sono dessas pessoas? É leve? É um pesadelo? Elas conseguem dormir? Dormem o sono dos justos? Ou será que usam os TARJAS PRETAS para dormirem? Triste...Muito triste tudo isso.

O que me deixa mais indignado é ver pessoas desonestas lerem versículos bíblicos, antes de uma sessão no LEGISLATIVO. Em nome de Deus, do SENHOR, as pessoas fazem as coisas mais terríveis. Mas a culpa, infelizmente, não é só dos maus políticos: é do povo também. Povo pacífico e ordeiro que costuma estufar o peito e dizer: "ELE ROUBA, MAS FAZ". Povo que quer sempre uma "ajudinha" de um político. Quanto custa essa "ajudinha"? Da próxima vez em que for votar, lembre-se, a responsabilidade é sua. O dinheiro é SEU. Onde ele será melhor aplicado? Na conta pessoal do candidato que lhe comprou o voto ou na CONSTRUÇÃO DE ESCOLAS, HOSPITAIS, SANEAMENTO BÁSICO e outros programas sociais? A escolha é sua. Depois não reclame!!!

Texto: Marco Aurélio Machado

sábado, 31 de outubro de 2009

Filosofia - A arte de fazer perguntas

Infelizmente, para muitos, é a arte de chegar com as respostas prontas. O que é lamentável. Não há assunto que seja tabu em Filosofia. Contudo, muitos querem falar de realidade, verdade, essência, fenômenos, lógica dedutiva e indudiva, enfim, querem falar de assuntos complexos, como se estivéssemos filosofando como na época dos gregos. Confundem a palavra Filosofia com as diversas correntes da disciplina. Isso gera toda forma de equívocos. O problema é que muitas pessoas não sabem nem a etimologia da palavra.

Os conceitos em Filosofia são essenciais. Contudo, desde Kant, não há mais conceitos de Filosofia que ultrapassem o mundo dos fenômenos. Filosofar é ir à raiz das questões. Quem vai à raiz, muitas vezes, não encontra a paz. Pelo contrário. O problema é que achamos que a filosofia é única. Esquecemo-nos que existem várias correntes na Filosofia. Cada uma parte de um pressuposto diferente. Enfim, filosofar é fazer uma reflexão profunda sobre todos os aspectos do real. Todavia, vai depender muito da corrente filosófica que a pessoa segue. Se não fosse assim, a Filosofia já teria morrido há muito tempo. Cada resposta em filosofia se torna numa nova pergunta: infinitamente. É por isso, que cada vez que uma disciplina se separa da Filosofia, nasce uma Filosofia dessa disciplina. Outro dia estava lendo algo que me deixou intrigado: a Filosofia da BIOLOGIA. Não conhecia essa área.

Qual é o conceito de verdade que uma pessoa que se interessa pela Filosofia preconiza? É racional, lógica, rigorosa e de conjunto? De que corrente filosófica é o seu conceito de Filosofia? A verdade está no objeto? Está no sujeito? É uma relação sujeito-objeto? É práxis? É histórica? É uma convenção social das comunidades científicas e filosóficas? O que você acha?

É possível falar de um fato sem uma teoria que o sustente? O fato, em si, prova alguma coisa? Ou os fatos são feitos? Eu, particularmente, sigo o método científico. Ele é provisório, mas é o melhor que tem. Melhor, porque evolui. A Filosofia para mim é uma reflexão. É retomar o pensamento sobre si mesmo, para ver se há novas possibilidades. Contudo, essa porta não se fecha. Sempre há novas possibilidades.

Por exemplo, Hegel foi um gigante. Não sou especialista em Hegel, mas não gosto do Idealismo de jeito nenhum. Total inversão de mundo, a meu ver. Viaja nas idéias...
Hegel foi um gênio. Um grande filósofo, sem dúvida. Contudo, construiu um grande castelo de idéias sem relação com a realidade. Karl Marx, sim, usou a dialética nas entranhas do real. Foi à raiz ontológica do ser humano. Ou seja, só se é homem através das relações sociais de produção. Ninguém filosofa com a barriguinha vazia. Deixe o planeta ficar sem produzir durante um mês, para ver o que acontece!! Vou falar um pouquinho das várias concepções do conhecimento, resumidamente, para que possamos ter uma visão panorâmica do assunto.

Os filósofos gregos, de uma maneira geral, eram metafísicos. A realidade era racional e o homem, sendo racional, poderia extrair o conceito de dentro das coisas. Buscavam a essência das coisas no objeto. A pergunta era: como é possível o erro? De uma certa forma, essa maneira de filosofar passou pela Filosofia Medieval. Tanto é que os filósofos medievais buscavam provar a existência de Deus, da alma etc, através da razão. Deus dá a certeza-iluminação-, posteriomente, a razão confirma.

A partir da Filosofia Moderna essa concepção muda. René Descartes desloca a verdade para o sujeito. É o famoso "Cogito, ergo sum": "Penso, logo existo". A única certeza que tenho é que sou uma coisa pensante. Descartes duvidou até do próprio corpo. Mas, não poderia duvidar que existia: nem que fosse como uma coisa pensante. A pergunta é: como é possível a verdade? Passamos por Locke e Hume. Empiristas ingleses. Este último detonou com a metafísica e a própria razão. Tudo o que conhecemos não passa de hábitos e costumes da nossa mente. De um ponto de vista estritamente lógico-dizia ele-, não temos certeza nem que o sol nascerá amanhã. Não entrarei em detalhes. David Hume acordou Kant do seu sono dogmático. Resumindo: Kant questionou Hume e procurou fazer uma síntese entre o empirismo e o racionalismo. O chamado CRITICISMO. Para fundamentar a física, acabou com a metafísica. Em última análise, é o sujeito quem constrói o conhecimento. Só podemos conhecer o mundo fenomenal, ou seja, aquilo que está no espaço e no tempo. Kant abre o caminho para o agnosticismo.

Com Edmund Husserl aparece a FENOMENOLOGIA. Em síntese: toda consciência é intencional, ou seja, toda consciência tende para um objeto. E todo objeto só existe para uma consciência. Não existe a coisa em si ( o númeno) kantiana.

A práxis é um conceito de que todo conhecimento é uma relação dialética entre teoria e prática. Uma aperfeiçoa à outra. O marxismo preconiza essa forma de pensar. Incluindo a idéia de uma verdade histórica, portanto, relativa.

O conhecimento como convenção social é um acordo entre os especialistas sobre o que é verdadeiro. A verdade é uma convenção social. Temos outras, mas fico por aqui. Espero ter contribuído!

Texto: Marco Aurélio Machado

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

IDEOLOGIA E ALIENAÇÃO NA EDUCAÇÃO

Infelizmente, muitas pessoas de boa vontade, inclusive professores, não têm noção de que fazem parte de um esquema ideológico para vender ilusões. O esquema ideológico, atualmente, é a educação. Vende-se a idéia de que com a educação se resolverá todos os problemas. E com isso vem a caça as bruxas. Tem-se sempre que arrumar um bode expiatório. E pessoas alienadas, que não têm consciência de classe, acabam por pensar como se fossem as elites. Não percebem o quão são manipuladas e não se dão conta que defendem interesses, principalmente, de uma classe que deveriam combater.

Hoje, a ideologia é a educação, e os professores são os bodes expiatórios. Sempre foi assim. Quando essa idéia tiver desgastada, vende-se uma outra idéia. O rebanho, para variar, continuará comprando. Queria ter nascido um jumento. Comeria o meu capim e seria mais feliz!

Bom, se estou dizendo isso, é porque este assunto já foi debatido à exaustão. E os atores são sempre os mesmos. Se os "críticos" tiverem uma visão apenas voluntarista e moralista da educação, então, quem está dentro da realidade educacional acaba perdendo o seu tempo. Conversa-se com vários de leigos que não têm noção do que é uma sala-de-aula. Não se discute idéias, debate-se pirraças, geralmente de pessoas frustradas que querem detonar quem tem experiência. Quem sabe o que é a educação é quem lida com ela, não é mesmo? Não em gabinetes, mas dando "duro" dentro de uma sala-de-aula!!

Eu gostaria de ver se daqui a alguns anos os leigos continuarão com esse discurso. Os leigos não sofrem ameaças; não tomam cadeiradas de alunos como eu já vi acontecer com alguns colegas. Leigos, façam licenciatura e vão lecionar!!! As escolas precisam de quem preconiza soluções milagrosas, mas, também, pega no batente mesmo, não precisam apenas de idiotas que ficam a prescrever receitas como se fossem fazer um bolo de chocolate.

O problema da educação também é ontológico. Começa no modo de produção. Não é um discurso marxista. Enquanto olharmos a educação de um ponto de vista voluntarista e moralista, não se resolverá nada. E isso pode levar centenas de anos.

Os professores são mal formados, porque não há nenhuma preocupação de fato para melhorar o ensino. A violência acontece, porque a tecnologia capitalista está a serviço de uma classe, para explorar a maioria. Gerando desemprego, miséria, fome e demais mazelas.

O que faz a ideologia? Inverte a realidade. Desvia o foco para questões morais e voluntaristas. E nós, por sermos alienados, não percebemos a manipulação. A violência não é gratuita. Ela é fruto de um modo de produção perverso que transforma pessoas em objetos descartáveis.

Não há solução neste modo de produção. A não ser a destruição completa do planeta. Sempre aparece um discurso novo. E nós o compramos. Defendemos tais discursos como se fizéssemos parte das mesmas elites que nos explora. As elites vão mostrar a raiz do problema? Os meios de comunicação, que fazem parte das elites e dominam as massas através da ideologia, vão mostrar a raiz? Não! Se não compreendermos a causa do problema, atacaremos sempre os efeitos e pensaremos que os mesmos são as causas. A ideologia tem esse papel. Inverter toda a realidade. O que é uma questão social, econômica e política, mostra como se fosse um problema natural.

Se todos nós parássemos de ler filósofos idealistas e lêssemos e entendêssemos a ideologia e a alienação em profundidade, veríamos as causas dos problemas. Mas, não. Compramos os discursos e os defendemos com orgulho. Queria ser um jumento. Comeria o meu capim e seria mais feliz!(2).


Texto: Marco Aurélio Machado

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

REFLEXÃO FILOSÓFICA SOBRE O AMOR E A PAIXÃO!

O amor é uma ação sem motivo e que não depende do pensamento e nem do sentimento. Se uma pessoa for capaz de amar um único ser neste mundo, amará todo o UNIVERSO. O amor é incondicional; não exige reciprocidade.

Ainda quero encontrar uma só pessoa capaz de amar. Só uma. Mais: fazer o bem neste mundo para querer ganhar mais no PARAÍSO, não é amor. O amor não pode ser meio para coisa alguma, ele foi, é, e sempre será um fim em si mesmo. Quem ama de verdade? Não sei. Nunca conheci ninguém com essa capacidade.

Uma ação dedicada ao próximo tem que ser isenta de querer ganhar um lugar ao lado de Deus. Se quero ganhar, em última análise, amo de verdade? Sou capaz de me sentir UM com o UNIVERSO? Há amor quando digo EU? Posso desfrutar sem querer ser o dono? Difícil, meu caro. Ainda não encontrei o dito(a) cujo(o) que ama. Quem sabe um dia...

Quem busca, acha? Como buscar o que não se conhece? O amor pode ser representado por conceitos? Quem busca, por acaso, não deseja? Quem deseja, não quer satisfazer o desejo? Quem quer satisfazer o desejo, não quer ganhar? Quem quer ganhar, não é egoísta? Quem é egoísta, ama? Como já dizia Krishnamurti:"Se pego o vento, foi mesmo o vento que peguei"?



Para fazer uma analogia: ALGUÉM pergunta às crianças quando brincam, se elas são felizes? Se perguntasse e elas parassem de brincar para responder tal pergunta, elas saberiam dizer? Se soubessem dizer, a representação conceitual seria o mesmo que a felicidade em ato? As crianças são felizes em ato; são inocentes, e mesmo quando "brigam", daí a pouco estão brincando novamente. O que faz um adulto ao ver tal fato? Diz que elas não têm vergonha na cara, pois brigam e daí a pouco estão brincando. Mas quem de fato gera o ódio e a falta de amor no mundo? Por acaso, não são os adultos que ficam ressentidos, magoados e vingativos?

Se fôssemos tais quais as crianças saberíamos o que é o amor; seríamos inocentes, faríamos perguntas inocentes e puras. Mesmo quando brigássemos, logo faríamos as pazes. Teríamos um AMOR em ato. A meu ver, a única forma de amar. Se eu continuo com a idéia de separação, de não ser UM com o Universo, nunca serei capaz de amar verdadeiramente. Eu penso assim, por isso, ainda não encontrei um ser humano capaz de amar. Pode ser que um dia ainda o encontre. Quem sabe...

Quantos dizem ser espiritualistas, amorosos, altruístas, generosos e magnânimos, contudo, na primeira crítica que se faz a tais pessoas, dizem que partimos para o AD HOMINEM, que somos desonestos, colocam o nosso caráter em dúvida, manipulam os incautos com retóricas baratas, enfim, aqueles que mais falam a respeito do amor, da fraternidade e da solidariedade, muitas vezes são os que menos as têm. Daí a importância de não levarmos as comunidades virtuais muito a sério. Podemos "brigar" via Orkut, mas só podemos saber quem é uma pessoa de fato, no convívio social. As atitudes devem ser avaliadas pessoalmente; olhando nos olhos. As nossas atitudes devem confirmar o nosso discurso e não o contrário. Muitas pessoas no Orkut ficariam envergonhadas ao conhecer alguns seres humanos pessoalmente.

Os maiores pilantras e golpistas que têm por aí são DOCES e refinados que é uma "beleza". Quando se pensa que não, já se perdeu tudo para eles. Bens materiais, nesses casos, são o que têm menos valor: a nossa honra e dignidade são os nossos maiores patrimônios.

Para mim o amor está naquele nível que eu coloquei. Há outros sentimentos menos nobres, tal como uma paixão de tirar o fôlego, o carinho, o afeto, a amizade, mas todos eles, a meu ver, não são incondicionais, como é o caso do AMOR. É justamente isso que estamos tentando definir: O QUE É O TAL AMOR? Se eu não sei do que estou falando, como posso me exprimir? Eis a questão. Não é tão simples, aliás, nada em Filosofia é óbvio. A meu ver, não conheço nenhum ser humano capaz de amar no nível que me expressei. Ninguém.

Diante de um amigo numa situação difícil posso oferecer a minha solidariedade, apoio, etc., mas penso que isso está muito longe do tal amor.

Quantas vezes eu já vi alguém dizer que morria de amor por uma pessoa e na primeira oportunidade, se separava... Se o amor acaba, por acaso algum dia foi realmente amor? Eu penso que não. Todavia, por convenção social usamos a palavra amor como se fosse uma palavra qualquer. A minha visão do amor é muito ampla. Ela está relacionada com todos os seres, portanto, não é direcionada a uma pessoa, situação, ou objeto. É ser um com o UNIVERSO. É perder a sensação que temos uma individualidade, um EU separado. É ser um com o UNIVERSO sem a necessidade de um DEUS. Mais: só assim, a meu ver, haveria o amor, pois seria capaz de agir sem esperar nada em troca e sem querer uma vaguinha no céu. Daí a importância de não se colocar uma religião ou DEUS nessa história. O amor é um fim em si mesmo, não pode ser um meio para que eu ame, no íntimo, só o meu umbigo.

Não posso amar como se fosse um jogador de futebol. Beija o escudo de um clube e no outro dia está jurando amor a outro clube, e, assim, até encerrar a carreira...

Um amor direcionado apenas ao outro, na verdade, não é amor, senão vejamos a seguinte situação: suponha que eu "ame" uma pessoa, mas ela não deseja ficar mais comigo. Eu insisto, insisto, peço mais uma chance e a pessoa cede. Eu resolvi o meu problema, mas a pessoa que eu "amo" está triste ao meu lado. Isto é amor? Nunca, pois na verdade eu amo só a mim mesmo; sou um tremendo egoísta, porque por não querer sofrer, faço o outro sofrer, já que a pessoa não deseja mais ficar comigo. Eu gosto de quem na verdade? Gosto de mim, nada mais. É o EU elevado ao simples MEU. Se amasse de fato essa pessoa, a liberaria, mesmo que eu sofresse. Mais: desejaria que ela refizesse a vida e fosse feliz. Quantos são capazes de fazer isto? Poucos. Eu ainda não os conheci.

Agora e se a situação fosse esta: se eu quisesse terminar o relacionamento e a pessoa chegasse antes e terminasse, eu, por acaso, não ficaria feliz? Afinal, eu já queria terminar e a pessoa nem me deu tal trabalho. Mais uma vez eu estou pensando em quem? Em mim, é claro, estarei livre e sem desgaste. Simples! Somos iguais aos sapos: EU, EU, EU, EU, EU, EU, EU, EU. Cadê o outro? Existe como satisfação para meu EGO. E ainda falam sobre o amor.

Eu penso que o amor seja o que escrevi acima, contudo, para mim, tal amor é amor de "anjo". Como não acredito em anjos  nem nos demônios, ficarei com um amor humano e tão somente humano. O que não pode faltar é tesão. O que resto se resolve!!
Texto: Marco Aurélio Machado

terça-feira, 27 de outubro de 2009

SOLIDARIEDADE EGOÍSTA!

Há algum tempo tenho pensado neste conceito e, provavelmente, alguém também já deve ter refletido sobre ele: SOLIDARIEDADE EGOÍSTA. Algumas pessoas ficaram chocadas com o oximoro. Infelizmente, como a maioria das pessoas não pode ser solidárias fraternalmente, por causa da ganância e ambição de acumulação cada vez maior da riqueza, o jeito é ser um solidário egoísta. Em outras palavras, deve-se ser solidário, não pensando em ajudar ao próximo como um fim em si mesmo, mas como meio de ajudar a si mesmo. Com a ajuda ao próximo, as pessoas estarão, em última análise, ajudando a si mesmas, pois faz-se o bem para não ser vítima do efeito colaterol do mal daqueles que não têm nada a perder...

O sistema molda o indivíduo. As pessoas são condicionadas iguais aos animais e não percebem isso. O sistema capitalista só sobrevive com a reação automática para o consumismo, a inveja, o egoísmo, a ganância, etc. Não somos assim. Aprendemos a ser assim. Sem isso não há capitalismo. Como falar de fraternidade, cooperação, ética na política, se o próprio sistema preconiza a disputa e a concorrência? Por outro lado, não preconizo um capitalismo estatal e ditatorial, que muitos chamam de "socialismo". O Estado não deve ser onipresente e nem invisível. Se o mundo caminhasse para uma social-democracia...Sonhar não custa nada!

Por isso reafirmo. A base de tudo está no modo de produção. A mudança de todos os demais valores passa por uma mudança no modo de produção. O discurso é repetitivo, mas se as pessoas não pararem para refletir sobre isso radicalmente, não há luz no horizonte. Se conseguirmos avançar um pouco em direção a uma social-democracia, já será um grande feito. Os exemplos da Noruega, Dinamarca, Suécia e Finlândia demonstram cabalmente que é possível fazer diferente. Todavia, uma caminhada de 100 KM só é possível quando se dá o primeiro passo.

Só não reconhece isso as pessoas de direita e que tem um compromisso com o status quo. Mas esses estarão presos em gaiolas de ouro. Pior para todos nós.

Vejam os exemplos dos países nórdicos: Noruega, Dinamarca e Suécia. A social-democracia desses países não seria uma prova inconteste de solidariedade egoísta? Quem dera se tivéssemos pelo menos isso, hein? Aqui, só temos ganância e egoísmo puro.

No capitalistamo selvagem, tudo o que não é dinheiro é feio. Estou pensando numa política de bem-estar-social promovida pelo Estado. Mas enquanto não houver pressão por parte do povo, ou se ajuda, ou se aguenta as consequências de uma distribuição de renda à força. A questão é prática. Fica aí um assunto para se fazer uma reflexão, afinal, é paradoxal falar em liberdade no atual sistema, visto que a realidade nos mostra câmeras e cercas elétricas por todos os lados. Gaiolas de ouro? Pois é...


Texto: Marco Aurélio Machado

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

PODER POLÍTICO, IDEOLOGIA E ALIENAÇÃO!

O discurso perverso de que o pobre é, em última análise, o responsável pela sua própria desgraça e mazelas, não passa de ideologia e alienação de quem não compreende de fato a realidade. No Brasil, não foi a sociedade quem fundou o Estado, mas o inverso.

Quem está com a barriguinha cheia e mora na ZONA SUL, pode ficar teorizando sobre as dificuldades e ignorância das massas à vontade. Filosofar no ar-condicionado é a coisa mais fácil que tem. Que tal se preconizássemos pelo menos uma social-democracia neste país? Onde o Estado tivesse uma presença mais forte e cobrasse mais impostos dos ricos?

Por que na esfera política existe o revezamento no poder e na esfera da economia, onde os bens são produzidos por todos, mas geram riquezas para poucos, os bens são transmitidos de forma hereditária? Quase sempre, quem herda uma fortuna que não ajudou a produzir, são os "filhinhos de papai e mamãe", que não sabem fritar um ovo.

Em outras palavras, temos uma democracia de fachada, onde há igualdade num plano abstrato, ou seja, no papel e nas leis. E onde o homem produz a riqueza material, uma desigualdade, de fato. E o que é pior: transferência hereditária, como se estivéssemos em plena monarquia absoluta. Nessa hora ninguém fala de liberalismo. Será por quê?

Evidentemente, não estou dizendo que a família que tenha uma casa e bens até o valor de R$ 2.000.000,00, por exemplo, não deveria transmitir para os filhos. Mas, para quem nunca trabalhou, só ficou estudando e de papo para o ar, herdar mais de R$1.000.000,00, só para si, é ético, quando se têm tantos miseráveis? Até que ponto, toda essa violência não é distribuição de renda à força?

Não preconizo a violência. Mas, não podemos fingir que as elites hipócritas não são responsáveis por essa situação. E nós também, porque vemos o circo pegar fogo e aplaudimos os ricos, porque queremos ser ricos, visto não percebemos a ideologia implícita no discurso deles. O problema é que absorvemos valores que não são nossos e os defendemos como se fossem. Por quê? Porque somos alienados. Não temos consciência de classe e colocamos tudo nas "mãos de Deus".

Para não dizerem que sou intolerante e radical, aceito uma social-democracia tupiniquim: melhor distribuição de renda, habitação, saúde e educação de boa qualidade para todos. É pedir muito?


Texto: Marco Aurélio Machado