O discurso perverso de que o pobre é, em última análise, o responsável pela sua própria desgraça e mazelas, não passa de ideologia e alienação de quem não compreende de fato a realidade. No Brasil, não foi a sociedade quem fundou o Estado, mas o inverso.
Quem está com a barriguinha cheia e mora na ZONA SUL, pode ficar teorizando sobre as dificuldades e ignorância das massas à vontade. Filosofar no ar-condicionado é a coisa mais fácil que tem. Que tal se preconizássemos pelo menos uma social-democracia neste país? Onde o Estado tivesse uma presença mais forte e cobrasse mais impostos dos ricos?
Por que na esfera política existe o revezamento no poder e na esfera da economia, onde os bens são produzidos por todos, mas geram riquezas para poucos, os bens são transmitidos de forma hereditária? Quase sempre, quem herda uma fortuna que não ajudou a produzir, são os "filhinhos de papai e mamãe", que não sabem fritar um ovo.
Em outras palavras, temos uma democracia de fachada, onde há igualdade num plano abstrato, ou seja, no papel e nas leis. E onde o homem produz a riqueza material, uma desigualdade, de fato. E o que é pior: transferência hereditária, como se estivéssemos em plena monarquia absoluta. Nessa hora ninguém fala de liberalismo. Será por quê?
Evidentemente, não estou dizendo que a família que tenha uma casa e bens até o valor de R$ 2.000.000,00, por exemplo, não deveria transmitir para os filhos. Mas, para quem nunca trabalhou, só ficou estudando e de papo para o ar, herdar mais de R$1.000.000,00, só para si, é ético, quando se têm tantos miseráveis? Até que ponto, toda essa violência não é distribuição de renda à força?
Não preconizo a violência. Mas, não podemos fingir que as elites hipócritas não são responsáveis por essa situação. E nós também, porque vemos o circo pegar fogo e aplaudimos os ricos, porque queremos ser ricos, visto não percebemos a ideologia implícita no discurso deles. O problema é que absorvemos valores que não são nossos e os defendemos como se fossem. Por quê? Porque somos alienados. Não temos consciência de classe e colocamos tudo nas "mãos de Deus".
Para não dizerem que sou intolerante e radical, aceito uma social-democracia tupiniquim: melhor distribuição de renda, habitação, saúde e educação de boa qualidade para todos. É pedir muito?
Texto: Marco Aurélio Machado
Quem está com a barriguinha cheia e mora na ZONA SUL, pode ficar teorizando sobre as dificuldades e ignorância das massas à vontade. Filosofar no ar-condicionado é a coisa mais fácil que tem. Que tal se preconizássemos pelo menos uma social-democracia neste país? Onde o Estado tivesse uma presença mais forte e cobrasse mais impostos dos ricos?
Por que na esfera política existe o revezamento no poder e na esfera da economia, onde os bens são produzidos por todos, mas geram riquezas para poucos, os bens são transmitidos de forma hereditária? Quase sempre, quem herda uma fortuna que não ajudou a produzir, são os "filhinhos de papai e mamãe", que não sabem fritar um ovo.
Em outras palavras, temos uma democracia de fachada, onde há igualdade num plano abstrato, ou seja, no papel e nas leis. E onde o homem produz a riqueza material, uma desigualdade, de fato. E o que é pior: transferência hereditária, como se estivéssemos em plena monarquia absoluta. Nessa hora ninguém fala de liberalismo. Será por quê?
Evidentemente, não estou dizendo que a família que tenha uma casa e bens até o valor de R$ 2.000.000,00, por exemplo, não deveria transmitir para os filhos. Mas, para quem nunca trabalhou, só ficou estudando e de papo para o ar, herdar mais de R$1.000.000,00, só para si, é ético, quando se têm tantos miseráveis? Até que ponto, toda essa violência não é distribuição de renda à força?
Não preconizo a violência. Mas, não podemos fingir que as elites hipócritas não são responsáveis por essa situação. E nós também, porque vemos o circo pegar fogo e aplaudimos os ricos, porque queremos ser ricos, visto não percebemos a ideologia implícita no discurso deles. O problema é que absorvemos valores que não são nossos e os defendemos como se fossem. Por quê? Porque somos alienados. Não temos consciência de classe e colocamos tudo nas "mãos de Deus".
Para não dizerem que sou intolerante e radical, aceito uma social-democracia tupiniquim: melhor distribuição de renda, habitação, saúde e educação de boa qualidade para todos. É pedir muito?
Texto: Marco Aurélio Machado