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sexta-feira, 8 de novembro de 2013

CARTA A UM AMIGO IMAGINÁRIO!

Uma das formas de escrever textos filosóficos é por meio de cartas. Hoje vou escrever uma carta para um "amigo imaginário". Nada como uma boa reflexão sobre a vida para o fortalecimento do espírito ( nada a ver com a dimensão religiosa, espiritual), afinal, refiro-me ao intelecto, à consciência de ser e estar no mundo...

Sabe, "amigo imaginário", durante a sua existência neste mundo, você teve muitas experiências: como todo ser humano, muitas foram agradáveis, mas os maiores desafios que você enfrentou, deixaram marcas profundas. Quando se é criança,  somos conduzidos pelos adultos. O problema é que há adultos e "adultos". Estas pessoas também têm uma história de vida; muitas foram vítimas da estupidez, da ignorância, que por sua vez...

Todavia, depois de uma certa idade, escolhemos grande parte do nosso "destino". Você sabe, "amigo imaginário", que a vida foi madrasta contigo. Evidentemente, que comparando a sua vida com a de  grande parte da Humanidade, a sua situação foi, e é ainda muito "boa". Mas, por favor, não me pergunte, por enquanto, o que é ser "bom", porque, hoje, o mais importante não é o conceito de bondade,  mas a sua condição de ter nascido sem saber o porquê...

Nesta vida, como o "amigo imaginário" deve saber, pagamos um preço por todas as nossas escolhas. Uma pessoa revoltada,  rebelde e questionadora incomoda...A sociedade e o sistema gostam das ovelhas, dos rebanhos, dos que dizem amém, dos que se ajoelham para garantir benesses milagrosas, dos hipócritas que vendem a alma aos poderosos que possuem uma conta bancária recheada, mas que não têm o poder sobre a própria vida. São escravos com máscaras de senhores e senhoras...

As pessoas livres, autônomas, independentes são ridicularizadas, mas os verdadeiros palhaços não sabem que o são,  porque o espelho deles é o outro nome do Photoshop. Vivem uma vida "rica", mas às custas de uma pobreza da liberdade. Sabe, "amigo imaginário",  essas pessoas nunca ouviram falar de um Diógenes, de um Epicuro. Elas precisam da riqueza material ou do desejo de adquirir muitos bens terrenos, porque na verdade,  no lugar de uma "alma" elas têm um buraco sem fundo. E o que não tem fundo, não pode ser preenchido...É o eterno buscador,  que não pode encontrar o que busca, pois não sabe o que busca. Logo, "amigo imaginário",  aquilo que o tolo busca, pode estar ao  lado, mas como se pode encontrar o que não se conhece?

Há pessoas que "juram" que o conhecem...Como estão enganadas!! Conhecem o espelho distorcido da própria imagem. Como a imagem é bonita na aparência e horrível na essência, projetam a sua carência nos outros, confundindo momentos de fraqueza, natural em todo ser humano autônomo,  e que enfrenta a angústia das suas escolhas, como se fosse uma necessidade que habita a pessoa desde a sua infância.  Nada mais falso.

Agora eu preciso ir, "amigo imaginário". Numa outra oportunidade, continuaremos o nosso diálogo...


TEXTO: Marco Aurélio Machado