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domingo, 2 de outubro de 2011

FILOSOFIA DA MENTE: O MATERIALISMO ELIMINATIVO

Eu sou um neófito em Filosofia, apesar de estudá-la há uns trinta anos. Gosto de vários temas filosóficos, e um deles é a Filosofia da Mente. Vou tentar desenvolver brevemente uma das muitas teorias da mente, afinal sou apenas um "curioso no tema". Eu pretendo estudar mais sobre o assunto e de vez em quando colocar algum texto neste blog. Hoje vou escrever um texto bem básico sobre o "MATERIALISMO ELIMINATIVO". Esta teoria ganhou força a partir da década de 80 com o casal Paul e Patrícia Churchland. Não conheço quase nada sobre eles.

O materialismo eliminativo dá ênfase à neurociência. Os defensores desta teoria preconizam que a medida em que a neurociência progredir, a psicologia tenderá a desaparecer do cenário de explicação dos fenômenos mentais. Por exemplo, os sonhos, tão caros às várias correntes psicológicas serão "explicados" apenas como processos puramente bioquímicos no cérebro.

Desejos íntimos dos sonhos? Fenômenos bioquímicos, portanto, de natureza física, material, nada mais. Evidentemente, que outros processos subjetivos mentais também entrarão numa era primitiva, segundo o "materialismo eliminativo". Consequência: o próprio conceito de mente sumirá como num passe de mágica.

Diante de algumas leituras e de reflexões bem preliminares sobre o assunto, eu não poderia deixar de mencionar algumas considerações que chegam a ser bem caricaturais. O que será da profissão de psicólogo? PIOR: o que serão dos padres e dos pastores, que adoram exorcizar demônios que supostamente tomam os corpos das vítimas? Sumirão todos os capetas? Em vez de palavras de ordem aos demônios, em nome de Jesus, bastarão alguns comprimidos receitados por psiquiatras?

Sinceramente, não sei se o materialismo eliminativo conseguirá descobrir, através do mapeamento e do conhecimento do cérebro, a solução de todas as disfunções biológicas cerebrais; penso que é um reducionismo muito grande, entretanto, alguns sofrimentos mentais não podem esperar anos e mais anos pelas diversas correntes psicoterápicas. Neste sentido, os medicamentos são muito bem-vindos. Aliás, grande parte das doenças mentais já são bastante amenizadas com os medicamentos disponíveis atualmente. Doenças como o TOC, por exemplo, que trazem enormes sofrimentos aos seus portadores, são tratadas com sucesso pelos psiquiatras. Mas não sei até que ponto seremos simples zumbis...Alguém está feliz? Por quê? Porque encheu a pança de comprimidos, que por sua vez deram uma retificada no cérebro...Penso que se assim for, sentiremos saudades daquelas angústias e crises existenciais!

Algumas perguntas que não querem se calar: ONDE entra a história de vida do indivíduo em tal teoria? E as relações sociais, econômicas, culturais e políticas, não contam? Apenas terapias genéticas resolverão todos os problemas "psicológicos" de um ser humano? São os pensamentos desarmônicos que causam as disfunções biológicas ou são as disfunções biológicas que causam os pensamentos desarmônicos?

A meu ver, o ser humano tem um longo caminho pela frente. De minha parte, quero ser feliz neste mundo, mas não quero ser um robô feliz sem saber o porquê sou feliz...Por outro lado, como explicar os filósofos estóicos e o total domínio das emoções que eles desenvolviam, pois naquela época não havia antidepressivos? E os iogues indianos, por acaso, tomam fluoxetina? Pois é... A quem interessa a ideia de que não temos escolhas?

Texto: MARCO AURÉLIO MACHADO