Faz algum tempo que venho refletindo sobre a mídia. Em especial, a mídia televisiva. Antigamente, mesmo em casos criminais cometidos por pessoas famosas, a mídia informava e, logo, havia outras "novidades". Sim, "novidades" entre aspas, porque acontecem tantas coisas boas, todavia, a impressão que se tem é que este mundo é um "circo de horrores". Por quê? porque notícias boas quase nunca vendem jornais e nem aumenta a audiência...
A notícia já não cabe numa edição de jornal. A notícia virou novela. Uma "novela" que transcende, em tempo real, as fronteiras do país, nesta imensa aldeia global que se tornou o planeta Terra. A notícia é comentada, discutida e debatida à exaustão. Inclusive, acontecem outros crimes devido aos comentários dos crimes precedentes. A notícia tem gerado paixões, a ponto de se condenar o suposto culpado, num réu criminoso e quase sempre considerado "psicopata", antes mesmo do julgamento no tribunal. Sobram demagogia e sensacionalismo por toda parte. Já não importam os fatos, mas como se contam os "fatos". O que importa é a audiência...
O jornalismo, por natureza, faz um recorte dos "fatos". Ele é tirado do contexto em que supostamente os fatos aconteceram, e editado em pequenos capítulos da nova novela: a jornalística. A diferença é que nas novelas, normalmente, os verdadeiros culpados são presos ou têm um fim trágico; o galã vence e, no último capítulo, quase todos se casam e são felizes para sempre...Na novela jornalística, não. O fim quase sempre é trágico, principalmente, se a vítima é pobre e não pode pagar um advogado para se defender. Quando é rica e famosa, pode ter o dinheiro para os honorários dos advogados, entretanto, são condenadas antes do julgamento. Os fatos? Os fatos são feitos e refeitos. A opinião pública? Não tem opinião, apenas repete os deuses apresentadores, os juízes soberanos do novo pódio: o Olimpo televisivo.
A mídia "suga" a notícia novela até as últimas consequências; quando a audiência fica escassa,, vai atrás de novos capítulos tenebrosos. Catarses coletivas? A desgraça alheia é divertida? Evidentemente, há exceção, no entanto, rara como encontrar um diamante lapidado num bairro de periferia. Aonde vamos parar? Não vamos. Na sociedade do espetáculo, tudo é "espetáculo". As aparências coloridas dão de goleada na essência, palavra séria candidata a desaparecer dos dicionários num futuro próximo.
Todavia, o pior de tudo, é que o apresentador do "jornal novela", já não é humano. Estamos diante dos novos deuses que falam através do novo Olimpo: a emissora de televisão e outras mídias conhecidas. O apresentador deus é onipresente, pois está em milhões de lares, concomitantemente. Tão perto e tão distante...E as massas questionam os deuses? Não. Elas repetem, tal qual um papagaio de pirata, os mantras das emissoras.
A meu ver, estamos diante de um fenômeno preocupante. A justiça do "jornalismo noveleiro," dos novos deuses midiáticos, está acima das leis humanas. E o que está por trás disso tudo? Um outro deus, que já desbancou os deuses de várias religiões: o deus dinheiro. Lamentável!! Mais do que nunca, a Filosofia é a luz que jamais pode se apagar. Contra esses deuses, o melhor antídoto é a luz da razão...
Texto: Marco Aurélio Machado
A notícia já não cabe numa edição de jornal. A notícia virou novela. Uma "novela" que transcende, em tempo real, as fronteiras do país, nesta imensa aldeia global que se tornou o planeta Terra. A notícia é comentada, discutida e debatida à exaustão. Inclusive, acontecem outros crimes devido aos comentários dos crimes precedentes. A notícia tem gerado paixões, a ponto de se condenar o suposto culpado, num réu criminoso e quase sempre considerado "psicopata", antes mesmo do julgamento no tribunal. Sobram demagogia e sensacionalismo por toda parte. Já não importam os fatos, mas como se contam os "fatos". O que importa é a audiência...
O jornalismo, por natureza, faz um recorte dos "fatos". Ele é tirado do contexto em que supostamente os fatos aconteceram, e editado em pequenos capítulos da nova novela: a jornalística. A diferença é que nas novelas, normalmente, os verdadeiros culpados são presos ou têm um fim trágico; o galã vence e, no último capítulo, quase todos se casam e são felizes para sempre...Na novela jornalística, não. O fim quase sempre é trágico, principalmente, se a vítima é pobre e não pode pagar um advogado para se defender. Quando é rica e famosa, pode ter o dinheiro para os honorários dos advogados, entretanto, são condenadas antes do julgamento. Os fatos? Os fatos são feitos e refeitos. A opinião pública? Não tem opinião, apenas repete os deuses apresentadores, os juízes soberanos do novo pódio: o Olimpo televisivo.
A mídia "suga" a notícia novela até as últimas consequências; quando a audiência fica escassa,, vai atrás de novos capítulos tenebrosos. Catarses coletivas? A desgraça alheia é divertida? Evidentemente, há exceção, no entanto, rara como encontrar um diamante lapidado num bairro de periferia. Aonde vamos parar? Não vamos. Na sociedade do espetáculo, tudo é "espetáculo". As aparências coloridas dão de goleada na essência, palavra séria candidata a desaparecer dos dicionários num futuro próximo.
Todavia, o pior de tudo, é que o apresentador do "jornal novela", já não é humano. Estamos diante dos novos deuses que falam através do novo Olimpo: a emissora de televisão e outras mídias conhecidas. O apresentador deus é onipresente, pois está em milhões de lares, concomitantemente. Tão perto e tão distante...E as massas questionam os deuses? Não. Elas repetem, tal qual um papagaio de pirata, os mantras das emissoras.
A meu ver, estamos diante de um fenômeno preocupante. A justiça do "jornalismo noveleiro," dos novos deuses midiáticos, está acima das leis humanas. E o que está por trás disso tudo? Um outro deus, que já desbancou os deuses de várias religiões: o deus dinheiro. Lamentável!! Mais do que nunca, a Filosofia é a luz que jamais pode se apagar. Contra esses deuses, o melhor antídoto é a luz da razão...
Texto: Marco Aurélio Machado