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quarta-feira, 21 de julho de 2010

O HOMEM E O PODER DAS PALAVRAS!

O homem é o único ser que pergunta. Por que o homem pergunta? Porque não sabe. Por que não sabe? Porque não nasce sabendo. Por que não nasce sabendo? Porque o homem é mais do que instinto ou programação biológica. Por que é mais do que instinto ou programação biológica? Porque é um ser de cultura. Por que é um ser de cultura? Porque compartilha uma parte da natureza com os outros animais, devido às necessidades de um ser vivo animal, todavia, é mais do que os animais, pois é o único ser da natureza que transforma a natureza e, consequentemente, é transformado por ela. E o que tem isso a ver com o homem? Tudo, ora!

O homem, além de ser parte natureza, é também cultura. Isto significa que o homem é um ser de transcendência: transforma a natureza pelo seu trabalho intencional e consciente, dá sentido e significado à sua vida e se situa no tempo e no espaço, devido a uma questão fundamental: o aprendizado da linguagem, através das relações sociais. Daí a importância do enriquecimento do vocabulário humano. Uma linguagem rica de sinônimos será de suma importância para a extensão e a compreensão do nosso mundo, na maneira humana de pensar, sentir e agir.

Entretanto, não basta ter uma linguagem rica. É preciso ser o senhor da linguagem. As palavras, os conceitos são representações do "real". O que é representar? Tornar presente novamente. Eis algo que escapa a tantas pessoas...Tornar presente novamente é fazer abstração daquilo que está ausente de nós, mas que se torna presente por um processo de abstração. Aqui mora o perigo. Podemos estar tão encantados pelas palavras, que não percebemos o seu enfeitiçamento. As palavras encantam...As palavras envenenam...

Quem sabe a diferença entre elas e já mergulhou profundamente na relação entre o pensamento e a linguagem, sabe bem o que quero dizer: o pensamento é a palavra em potência. E a palavra é o pensamento verbalizado e dinamitado. Mas a palavra pode ser mais do que a dinamite. A dinamite explode e faz muitos estragos, disso ninguém duvida. A palavra, porém, pode ter o efeito de uma espada. Antes esta espada cortasse apenas a nossa "carne". Uma espada comum, fere a carne, no entanto, a espada, simbolicamente representada pela língua, corta a alma das pessoas. É muito importante sabermos disso...

Algumas pessoas são doces (no fundo são ácidas, amargas e mal-amadas ) com uma sutileza de invejar um sofista. São amáveis, carinhosas, polidas e enganam a muitos. Fico até com pena da ingenuidade de tantas pessoas que se deixam levar. A mim, entretanto, elas não enganam. Conheço "cheiro" de hipócritas a quilômetros de distância. Conheço as sutilezas de uma linguagem venenosa. Não preciso ouvir a voz das pessoas. A forma de escrever revela muito: as frases soltas e "inocentes". Pois é...

Nesta vida, as máscaras caem. E muitas vezes não precisamos mover uma palha para que a lição seja aprendida: a falta de autoconhecimento sobre o poder que as palavras têm pode ser fatal de um ponto de vista psicológico. Cada um que carregue a sua cruz e se responsabilize pelas palavras que solta ao vento. Uma pessoa sábia não busca aplausos e tem a consciência leve. Não sente tanto os efeitos das palavras, pois se coloca sob a mira delas o tempo todo. Só observa e não julga os possíveis efeitos delas sobre si. Não sabe se muitos que gostam de falar "umas verdades", têm estrutura emocional para tomar o contragolpe.

Eis um dos motivos de se dar corda e sair do "combate". Muitos chamam tal atitude de covardia, como se o bater boca fosse sinônimo de valentia. Ao dizerem que somos isto ou aquilo, não percebem que estão dizendo implicitamente: SEJA MAIS PARECIDO COMIGO! Como não percebem as trevas da própria alma, enxergam as dos outros. São os "Procustos" da vida, a procura de medir pessoas e atitudes na sua "cama de ferro". São os atores de periferia, que de tanto usarem máscaras, já não sabem se são pessoas ou os(as) personagens que encarnam...São os donos de navios que já afundaram faz tempo, cujos fantasmas cultuam a "abelha rainha em forma de zumbi". São os filosofastros virtuais, cuja profundidade estar em fazer citações de filósofos, porque as suas (delas) ideias são cópias de um senso comum esclerosado, mofado e preconceituoso. Parte de uma classe sem rosto, que não tolera a frustração diante da coragem de pessoas que dizem "NÃO". São os curiosos da vida alheia, porque a própria vida é destituída de significado.

Não vale a pena perder tempo com quem não tem rosto( uns não têm literalmente, não se sabe qual o papel que representam ) e um possível coração de vidro...A melhor escola que tem é a vida, e ela não tem pressa...

Texto: Marco Aurélio Machado

terça-feira, 13 de julho de 2010

A MÍDIA E AS NOVELAS!

Faz algum tempo que venho refletindo sobre a mídia. Em especial, a mídia televisiva. Antigamente, mesmo em casos criminais cometidos por pessoas famosas, a mídia informava e, logo, havia outras "novidades". Sim, "novidades" entre aspas, porque acontecem tantas coisas boas, todavia, a impressão que se tem é que este mundo é um "circo de horrores". Por quê? porque notícias boas quase nunca vendem jornais e nem aumenta a audiência...

A notícia já não cabe numa edição de jornal. A notícia virou novela. Uma "novela" que transcende, em tempo real, as fronteiras do país, nesta imensa aldeia global que se tornou o planeta Terra. A notícia é comentada, discutida e debatida à exaustão. Inclusive, acontecem outros crimes devido aos comentários dos crimes precedentes. A notícia tem gerado paixões, a ponto de se condenar o suposto culpado, num réu criminoso e quase sempre considerado "psicopata", antes mesmo do julgamento no tribunal. Sobram demagogia e sensacionalismo por toda parte. Já não importam os fatos, mas como se contam os "fatos". O que importa é a audiência...

O jornalismo, por natureza, faz um recorte dos "fatos". Ele é tirado do contexto em que supostamente os fatos aconteceram, e editado em pequenos capítulos da nova novela: a jornalística. A diferença é que nas novelas, normalmente, os verdadeiros culpados são presos ou têm um fim trágico; o galã vence e, no último capítulo, quase todos se casam e são felizes para sempre...Na novela jornalística, não. O fim quase sempre é trágico, principalmente, se a vítima é pobre e não pode pagar um advogado para se defender. Quando é rica e famosa, pode ter o dinheiro para os honorários dos advogados, entretanto, são condenadas antes do julgamento. Os fatos? Os fatos são feitos e refeitos. A opinião pública? Não tem opinião, apenas repete os deuses apresentadores, os juízes soberanos do novo pódio: o Olimpo televisivo.

A mídia "suga" a notícia novela até as últimas consequências; quando a audiência fica escassa,, vai atrás de novos capítulos tenebrosos. Catarses coletivas? A desgraça alheia é divertida? Evidentemente, há exceção, no entanto, rara como encontrar um diamante lapidado num bairro de periferia. Aonde vamos parar? Não vamos. Na sociedade do espetáculo, tudo é "espetáculo". As aparências coloridas dão de goleada na essência, palavra séria candidata a desaparecer dos dicionários num futuro próximo.

Todavia, o pior de tudo, é que o apresentador do "jornal novela", já não é humano. Estamos diante dos novos deuses que falam através do novo Olimpo: a emissora de televisão e outras mídias conhecidas. O apresentador deus é onipresente, pois está em milhões de lares, concomitantemente. Tão perto e tão distante...E as massas questionam os deuses? Não. Elas repetem, tal qual um papagaio de pirata, os mantras das emissoras.

A meu ver, estamos diante de um fenômeno preocupante. A justiça do "jornalismo noveleiro," dos novos deuses midiáticos, está acima das leis humanas. E o que está por trás disso tudo? Um outro deus, que já desbancou os deuses de várias religiões: o deus dinheiro. Lamentável!! Mais do que nunca, a Filosofia é a luz que jamais pode se apagar. Contra esses deuses, o melhor antídoto é a luz da razão...

Texto: Marco Aurélio Machado