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MAPA DOS VISITANTES DESDE O DIA 29/11/2009

quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

KARL MARX - RAIZ E FOLHAS

A capacidade de abstração é de fundamental importância para fortalecermos a nossa vontade, não resta dúvida. Uma mente confusa perceberá e agirá sobre o mundo de uma forma equivocada. Karl Marx, a meu ver, representa a raiz de uma árvore (Ontologia), pois inverteu, magistralmente, o idealismo hegeliano que representa as folhas(Ideologia). Este pequeno texto representa uma reflexão superficial que fiz sobre uma analogia entre a raiz de uma árvore e as folhas. A primeira, pressupõe ver as coisas com a agudeza de quem enxerga como uma águia; a segunda, a de quem vê o mundo com óculos escuros. Pior: cor-de-rosa.

Tudo é práxis. O que seria o ser humano sem práxis? Nada. Ao transformar a natureza, o homem transforma a si mesmo. Karl Marx, a meu ver, foi à raiz do problema humano. Para mim essa é a questão ontológica. Ninguém é humano e nem pode se tornar humano, se não for através das relações sociais de produção. Sem produção econômica, não há humanidade. O problema é que o ser humano está alienado, logo onde não poderia: na organização social da produção. Esta é alienação nuclear. As outras, ou seja, a religiosa, política, filosófica e social são derivações da primeira. O ser humano vai ter que sofrer muito até aprender a enxergar o óbvio. Mas fazer o quê? Paciência. Pior: muitos confundem Cuba, China e a ex-URSS, com o socialismo. Capitalismo de Estado seria o conceito correto, penso eu.

Em Filosofia, as ideias devem ser flexíveis. Todavia, discordo dessa tese como se fosse um dogma absoluto a seguir. Vejamos: algumas ideias eu não abro mão de jeito nenhum. Este fundamento ontológico marxista ao preconizar que, em última análise, a economia determina tudo, para mim, é como se fosse a raiz de uma árvore. Estou aguardando o ser humano que nascerá e me convencerá de que essa ideia não seja uma verdade absoluta. Quando se relativiza tudo, fica muito fácil manipular. A raiz é a raiz. Ela não pode ser uma folha.

Não acho que Marx se enganou. Quase tudo pode ser questionado, e é salutar que seja assim. Mas a ideia nuclear, essencial, de que a economia e o modo de produção determinam as nossas ideias e não o contrário, para mim, é uma verdade absoluta. É a raiz ontológica de tudo. É o que faz o ser humano ser um ser humano, e não um bicho. Se o homem se encontra alienado no modo de produção, então, acabou-se. Se eu viver 100 anos, vai ser difícil alguém me convencer de que essa ideia não seja uma verdade absoluta. Deixe a humanidade ficar sem produzir uma semana. Rapidinho vocês vão se lembrar de Karl Marx. O cara foi um gênio. Se não souberam colocar a sua teoria em prática, ou se as forças conservadoras impediram, não é problema de Marx. É a alienação de quem não soube lidar com uma realidade diferente. As forças conservadoras vão fazer o possível e o impossível para preconizar a morte de Marx. A mim, porém, ele continua mais vivo do que nunca. O tempo vai dizer quem estava com a razão.

As folhas, a meu ver, representam a ideologia e a alienação. A raiz está dentro do chão. Não se vê. Contudo, sem raiz ( modo de produção) não há frutos( produção de bens). Se eu produzo e não sou dono, não me realizo no que produzo, porque o produto é usurpado pelo patrão; logo, não tenho prazer no que faço. Por isso, a presença estatal é um fardo, pois ela garante a propriedade privada dos meios de produção. O Estado está a serviço dos poderosos. E tem o aparato jurídico e militar para conservar a propriedade. É por isso que em Cuba e nos demais países ditos socialistas, nunca tivemos uma experiência de emancipação humana. O Estado tem que desaparecer, para que haja uma auto-organização humana. O agigantamento estatal, é o CAPITALISMO DE ESTADO. A DIMINUIÇÃO ESTATAL É O NEOLIBERALISMO. LEMA: ESTADO MÍNIMO=MERCADO MÁXIMO. Simples assim. Um Estado, pelo menos por enquanto, que não fosse máximo e nem mínimo, seria, a meu ver, uma social-democracia. Se caminharmos rumo a ela nestes tempos, já me dou por satisfeito. Mas a luta continua em direção à emancipação humana. Esta não depende de babá estatal. Deus deu escritura e um modelo econômico a ser seguido? Não. Então, podemos fazer diferente, ora.

Se não houvesse a teoria marxista, não haveria a possibilidade de conhecermos as transformações sociais; as artimanhas capitalistas e as suas principais gêneses: a mais-valia, a ideologia e as diversas alienações; além do avanço social-democrata. Os ricos perderam alguns anéis para não perderem os dedos, não é mesmo? A Social-democracia está longe de ser o ideal. Falta colocar um limite no consumo artificial de mercadorias, pois mesmo com uma maior divisão das riquezas e maior igualdade social, ela representa as folhas que deixa o mundo mais belo, mas nos impedem de postular que uma árvore para se manter em pé precisa ser sustentada por uma raiz. A raiz é a economia, o modo de produção. É aí que a HUMANIDADE se perde.

Teremos que escolher, pois a natureza não fala, mas o recado que ela tem dado para quem enxerga, não é muito difícil de se compreender. O homem é determinado pela HISTÓRIA, mas ele também é capaz de transformá-la, pois não existe HISTÓRIA como uma alma penada que fica a vagar por aí, não é mesmo? A escolha é nossa...apenas nossa!!

Texto: Marco Aurélio Machado

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

DEUS - O CONCEITO DE DEUS NÃO É DEUS

Defina Deus. Definiu? O que você encontrou? Uma representação, um conceito, uma crença. Nada mais. Se tal ser existe, ele é, por acaso, um conceito, uma representação, uma crença? O conceito de cachorro morde? E o cachorro verdadeiro, morde? O conceito de cachorro existe. O cachorro verdadeiro existe e morde. O conceito de Deus existe? Existe, porque seres humanos o criaram. Deus existe? Não sei. Ninguém sabe. E, provavelmente, nunca saberemos...

Quais os edifícios ficaram em pé? Crenças e descrenças. É por isso que se coloca o problema da representação conceitual, ou seja, as pessoas possuem crenças e descrenças. Por que antes de se discutir a existência ou não de DEUS, não se coloca este problema: por que uma pessoa precisa de uma crença? Por que acredita? São poucos os que têm essa coragem, infelizmente. Por que ninguém discute sobre fatos objetivos? Porque um fato não é matéria de crença, pois trata-se de um saber. Por que matamos e fazemos guerras em nome de um suposto Deus? Porque não sabemos e temos só crenças ou descrenças.

Interpretamos os conceitos e as crenças diferentemente. Veja: interpretamos só os conceitos e as crenças, porque não temos provas, e, provavelmente, nunca as teremos. Por que não brigamos quando o assunto é a Matemática? Porque chegaremos às mesmas conclusões se seguirmos a mesma metodologia, não é mesmo? Já com a maioria dos conceitos e crenças essas coisas não são possíveis. Daí as guerras, o ódio, os preconceitos...

A lógica é muito importante, mas ela não é mais importante do que os fatos. Muitos pequenos fatos já derrubaram imensos castelos lógicos. Sempre que a lógica se confronta com os fatos, ela perde. Compare todos os fatos existenciais com uma suposta lógica sobre a existência de Deus e você verá. A começar pelo mais simples. Se Deus é onisciente, não pode ser onipotente e vice-versa. Por quê? Porque é uma contradição lógica. Quem tiver interessado, descubra o porquê. Eu não vou dizer. Isso prova que ele não existe? Não. Mas me faz desconfiar que não. E assim acontece com muitos outros argumentos lógicos.

As contradições lógicas se multiplicam, gerando PARADOXOS. Paradoxos são insolúveis. Mesmo quando não há contradição lógica, quando se compara com os fatos...Os fatos desmontam a LÓGICA. Resultado: CONCEITOS ABSTRATOS...Uma ideia ou um conceito de fome, por exemplo, para quem nunca ficou três horas sem se alimentar, não pode ser comparado com as milhares de pessoas que morrem de fome todos os dias no mundo, principalmente, em muitos países africanos, não é mesmo?

Um ateu não pode provar a inexistência divina. JAMAIS PROVARÁ. Mas por falta de evidências existenciais ( fatos que acontecem no mundo e que são absurdos até mesmo para seres humanos que não seriam tão cruéis, imagine para um Deus...), nos fazem desconfiar, não acreditar. Mas não acreditar, não significa dizer: NÃO EXISTE. E acreditar não significar dizer: EXISTE. O que existe? Desejo de segurança, de permanência, num mundo ontologicamente impermanente...


TEXTO: Marco Aurélio Machado

DEUS E A LÓGICA!

Por que Deus sendo PLENO, precisa de amor? O que é o amor? Por que teve necessidade de criar? Se ele precisa de qualquer coisa, não é perfeito. Não sendo perfeito, não é Deus? Além do mais, a NAVALHA DE OCCAM e as leis da evolução darwinista provam que é a partir do mais simples que se criou o mais complexo. Se DEUS é um ser complexo, por que criaria o mais simples através das leis da evolução, se ele poderia criar o ser humano e tudo o que existe no mundo com a complexidade que vemos hoje?

Mais: se Deus é um ser complexo, ele precisaria de um ser mais complexo ainda, para criá-lo, e assim num processo ad infinintum . O que é mais absurdo? Explicar a natureza, o universo, dentro das possibilidades humanas, do simples para o complexo, como uma verdadeira casualidade ( no sentido de que a evolução não é uma escatologia, não tem nenhum objetivo ou finalidade), ou postular um ser complexo, que criou o mundo, mas ele mesmo não fora criado? Eis o porquê, após Kant, não ser possível possível pensar em Deus de um ponto de vista de uma lógica analítica; e o porquê a metafísica clássica não conseguir resolver esses dilemas.

Perguntas metafísicas sem respostas: de onde saiu Deus? Por que saiu? Se era pleno, por que teve a necessidade de criar o mundo? Se criou, teve uma necessidade, tendo uma necessidade, é carente, sendo carente, como pode ser Deus? Sejamos humildes, não é? Quem é o homem para dar conta de saber sobre tais assuntos! Todos os conceitos de infinitude, perfeição, eternidade, onisciência, onipresença, onipotência, etc., foram criados a partir do efeito, no caso, o homem; e não da causa , no caso, um suposto Deus.

Vejamos: O homem se percebeu finito, inventou algo diferente, a infinitude; o homem se sentiu imperfeito, inventou a perfeição; o homem percebeu que era mortal, inventou a imortalidade ; o homem percebeu que era temporal, inventou a eternidade; o homem é ignorante, inventou a onisciência; o homem só pode estar num lugar por vez, inventou a onipresença; o homem pode muito pouco, inventou a onipotência ; o homem percebeu que não era Deus, inventou um Deus para protegê-lo. Inventou tudo isso, infelizmente esqueceu-se que inventou e tornou-se prisioneiro na sua própria gaiola. Pergunta: Será que foi Deus quem criou o homem ou foi o homem quem criou Deus, como já perguntara o filósofo alemão, Feuerbach?

A questão da existência divina não pode ser resolvida pela lógica; uma equação matemática. Há muitas pessoas que acreditam em Deus (a maioria, e outras, não, mas não se pode em nome da crença ou descrença matar em nome de um Deus. Não nascemos católicos, protestantes, budistas, islâmicos ou quaisquer outras crenças. Aprendemos todas essas crenças em sociedade; somos frutos de uma determinada cultura. Se soubéssemos respeitar as crenças e descrenças dos outros, o mundo não seria este CAOS.

A melhor religião de todas, a meu ver, é viver como se Deus existisse, mas sem fazer um comércio metafísico, esperando ganhar mais lá no CÉU, as supostas boas ações que fazemos neste mundo. Devemos fazer o bem, mesmo que a Ciência algum dia provasse que DEUS não existe; se bem que eu duvido que algum dia saberemos disso. Sabemos muito pouco. E ter consciência que se sabe muito pouco é nada mais nada menos que a velha SABEDORIA. Só os tolos pensam saber muito...Pessoas inteligentes adoram o ponto de interrogação (?).

Texto: Marco Aurélio Machado

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

CIÊNCIAS E PSEUDOCIÊNCIAS

Eu "rezo" para a ciência todos os dias. E ela me responde com novos tratamentos. A cada dia que passa, melhor!!! Bendito seja o pai do experimento científico e dos descobridores de novas tecnologias que amenizam a dor e o sofrimento dos seres humanos, pois deles serão o REINO DA TERRA. Como é bom saber que existem a anestesia, os remédios, o avião, o carro, o telefone etc. Como é bom saber que podemos ter esperanças para a cura de tantas doenças, pelo  empenho de seres humanos que, às vezes, dedicam toda uma vida à pesquisa científica. Bendita seja a CIÊNCIA E O CONHECIMENTO EMPÍRICO. Amémmmm!!!


Como é cruel vender ilusões e o medo do inferno para tantos humildes e puros de coração...

Este mundo cão pode melhorar, mas o problema, a meu ver, não é o conhecimento científico e a sua filha mais nobre: A TECNOLOGIA. Quem quiser que vá para a floresta e viva com os bichos. Ou se não quiser fazer isso, quando tiver uma dor de dente, arranque os dentes com um alicate. Se pegar AIDS, não tome os medicamentos doados pelo governo, e reze bastante. O problema não é a tecnologia, pois ela não é boa e nem má. É a forma que a usamos que pode ser boa ou má. Se você defende o capitalismo, por exemplo, não deveria nem dar pitaco. Afinal, ele é o responsável por usarmos a tecnologia de uma forma equivocada.

Penso que você seria mais feliz sendo um eremita e morando numa caverna. Não deveria nem acender uma fogueira, afinal o risco de colocar fogo na floresta é grande. Quando tiver com fome, coma carne crua...Mas antes compreenda que não há açougue por perto. É preciso caçar e ter coragem para matar a "onça"!!!

Continuo preferindo todos os problemas das ciências às pajelanças dos ignorantes. É preciso muito cuidado, até parece que não existem plantas tóxicas...

E há como voltar às teses do Romantismo? Não. Não há volta. O que faremos com a tecnologia que temos? Continuaremos colocando-a a serviço de uma minoria ou a serviço da HUMANIDADE? Isso dá para fazer. Queremos fazer?

O fato de a ciência não ter conseguido resolver totalmente os problemas de bactérias e vírus e outros mais graves, não significa que tenhamos que desistir. O conhecimento científico evolui e talvez mais cedo ou mais tarde possamos superar esses dilemas. Não há saída com as pajelanças e muito menos uma volta romântica ao estado de natureza.

Penso que estamos numa situação paradoxal. É a partir do que temos hoje que precisamos resolver os nossos impasses. Somos os responsáveis por tudo. Não há pretextos nem forças sobrenaturais à nossa disposição. Ou abrimos mão dessa forma de produzir ou seremos varridos do "mapa". Este tema é recorrente nos meus textos, mas ele vai continuar...

Texto: Marco Aurélio Machado

sábado, 19 de dezembro de 2009

OS PARADOXOS DA FÉ E DA LINGUAGEM!

O crente tem fé no que ele não vê, não toca. Acredita num SER em tudo diferente do homem: infinito, eterno, imortal, onipresente, onisciente, onipotente...ou seja, tudo o que o homem não é. Acontece, porém, que um ateu não tem uma descrença ou crença gratuita. Não é por que ele não tem experiência de ver, sentir, tocar, que não acredita. Pelo contrário. Não acredita, porque não observa nenhum fato irrefutável ou uma convicção lógica e racional para supor tal existência. Se subtrairmos todos os deuses das religiões, sobra a natureza. Com que estatuto racional, devemos supor a existência de algo que não a natureza? Se vou além dos limites da minha razão e dos meus sentidos físicos, transcenderei o mundo dos fenômenos; o mundo das relações de causa e efeito. Logo, estou no plano da imaginação. E a imaginação pode postular qualquer coisa. A meu ver, o ateu não tem fé, porque não se baseia na imaginação. Mas em ausência de fatos explícitos e, portanto, em crenças irracionais.

A linguagem nos leva a paradodoxos insolúveis. E ela é um grande problema quando se depara com questões metafísicas ou mesmo cotidianas. Vejamos alguns exemplos, que são os labirintos e os paradoxos da linguagem. Não sei quem disse isto, mas eis mais um exemplo:"A mentira é verdade". Por quê? Porque senão ela não seria verdade, seria mentira". Outra. Se digo:" Não existe verdade absoluta". Bom, se não existe verdade absoluta, como pode a frase acima ser verdadeira? Ela é falsa. Por quê? Porque tem que existir ao menos uma verdade absoluta, ou seja, o fato de que não existe verdade absoluta. Veja agora o paradoxo:" Se existe ao menos uma verdade absoluta, como posso afirmar que não existe verdade absoluta? Paradoxal, não? "Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come". As palavras nos jogam nesses labirintos. David Hume, grande filósofo escocês do século XVIII, já nos alertava para isto: "quem tem certeza de que o sol vai nascer amanhã"? De um ponto de vista estritamente lógico, a crença de que o sol nascerá amanhã não se sustenta. Porque o viu nascer durante toda a sua existência terrena, supõe-se que ele nascerá, mas isso não é um raciocínio lógico. É crença, é hábito. Reflita o porquê é crença e hábito e não uma proposição lógica.

Vejamos um outro. Se não me engano, este paradoxo foi proposto por Bertrand Russell. " O catálogo de todos os catálogos é um catálogo ou não"? Se ele for o catálogo de todos os catálogos, como ele pode ser um catálogo também? Por outro lado, se ele é um catálogo, como pode ser o catálogo de todos os catálogos? Escolha. Pular no abismo ou tentar escapar atravessando um poço de areia movediça? Não tem jeito. A questão da crença e descrença cai no mesmo dilema. Dependendo do ponto de vista que você pegar, pode transformar uma na outra.

Por isso, os filósofos da linguagem questionaram as correntes filosóficas tradicionais. Para eles, muitos problemas filosóficos são falsos problemas. Wittgenstein, filósofo austríaco, e pertencente ao Círculo de Viena, foi um. Paro por aqui. Coisas muito espinhosas e que a linguagem, a meu ver, não resolverá. O melhor é suspender o juízo, a bendita epoché dos céticos gregos. Que venha a ataraxia. Amémmmmmmmmmmmmmmmmmmm!!!


Texto: Marco Aurélio Machado

sábado, 12 de dezembro de 2009

O QUE É O HOMEM?

O que é o homem é a parte da Filosofia que estudamos com o nome de Antropologia Filosófica. Talvez seja uma das disciplinas mais complexas que quem estuda Filosofia se depara. O que é o homem? Várias definições já foram postuladas, nenhuma, a meu ver, deu conta de "enquadrar" o homem dentro de um conceito.

O conceito congela a realidade. Uma realidade congelada é estática, não tem vida. O homem, tal qual a vida, é dinâmico e o fim do seu projeto é a morte. Entre as várias características humanas, uma das mais angustiantes é a consciência da própria morte. É a certeza da destruição total. É a convicção que de um ponto de vista estritamente lógico e racional, nada mais resta a esperar. A morte é o fim da odisseia terrestre individual para a pessoa humana. Diante dessa questão, apenas de o homem, geralmente, se sentir superior aos animais, penso que quem já refletiu sobre tal assunto, no íntimo, tem inveja dos animais, visto que eles não sabem que morrerão.

Sartre afirmou uma vez que a morte é a "nadificação dos nossos projetos; é a certeza que um nada nos espera". Eu discordo. Nem isso podemos afirmar. Morremos para o outro, saber o que é a morte ninguém sabe. Temos tão somente crenças e descrenças a respeito. Dizer que o homem é um animal racional, como disseram alguns filósofos gregos antigos, também não resolve o problema. A razão humana pode muito pouco sobre o dilema da morte.

Há muitas outras definições sobre o que é o homem. Ele é definido como um ser político; um ser econômico; um ser cultural; um ser histórico; um ser social; um ser simbólico; e tantos outros. Penso que o homem é tudo isso. E mais tantas coisas... Esse processo conceitual é infinito. O homem não é uma equação matemática ou uma dedução lógica. É complexo demais para caber dentro de uma ideia universal. Todavia, uma pergunta não quer se calar: o homem precisa refletir sobre a morte, para que ele não esteja morto em vida. No meio de milhões e milhões de possibilidades, nasceu cada um de nós. Pura loteria. Um bom motivo para perguntarmos: o que estamos fazendo das nossas vidas? Ela é muito importante para que os outros a vivam por nós!!! Eis o dilema...

Texto: Marco Aurélio Machado

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

UMA EDUCAÇÃO ESQUIZOFRÊNICA

Enquanto pensarmos a educação apenas como um problema moral e de força de vontade, os "doutores e especialistas de araque" continuarão a fazer a cabeça dos alienados, arrumando um bode expiatório: O PROFESSOR.

Pode-se ter o melhor professor do mundo numa sala de aula, mas se a família não ajudar, se o aluno não estudar, inclusive, em casa, as coisas não se resolverão e continuaremos pagando os "especialistas" de coisa nenhuma a fazer palestras e mais palestras, ganhando dinheiro e não vivendo, na prática, a teoria que preconizam aos outros. Duvido que muitos "especialistas" coloquem em prática o discurso decorado que preconizam à categoria. A maioria talvez nunca tenha pisado numa sala de aula. São cegos querendo nos levar para a escuridão.

O aluno, o professor, a família, a comunidade e a sociedade estão situados num contexto econômico, político, social, cultural e histórico. Como não sofreremos a influência desses setores? Como dar uma aula de ética, por exemplo, e concorrer com a moral burguesa? Disputar espaço com a mídia em todas as suas dimensões? Como falar de uma ética solidária, cooperativa e fraterna, se a nossa sociedade preconiza a disputa, a concorrência e a lei de Gérson?

A verdade é que estamos numa situação econômica, política e social complicada. Este modo de produção levará a espécie humana à extinção. Isso não é discurso de socialista, comunista ou qualquer outra doutrina: É UM FATO. Não levar em consideração a situação como um TODO e que a educação é apenas uma parte do TODO, é estar alienado.

Soluções de "especialistas", que teorizam pela vidraça da janela, sem nunca terem colocado os pés numa favela é conversa fiada para gado dormir. É diarreia cerebral; é curto-circuito mental de quem só tem dois neurônios e um com defeito. Simples!

Vivemos num planeta em que o modo de produção determina as nossas ideias e não o contrário como muitos pensam. A incapacidade de tolerar frustrações é muito grande entre todos nós. O sistema impõe o novo a todo momento. Logo, como formar uma identidade, se tudo se torna obsoleto da noite para o dia?

O mais engraçado? Devemos formar cidadãos críticos, conscientes e participativos!!!! Alguém acredita nisso? Deveria ser assim, mas, infelizmente, não o é. O sistema forma os robôs para dizerem "AMÉM" e consumir. Pior: o consumidor, que deveria ser o senhor do objeto que consome, além de ser mais um objeto, mais uma mercadoria, é também escravo do objeto e não o contrário. Essa é a educação de fato. Somos educados para sermos idiotas a serviço dos nossos "especialistas de araque". São fantoches do esquema e acham que podem iluminar o nosso caminho. ACHO GRAÇA!!

Texto: Marco Aurélio Machado

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

FILOSOFIA DA MENTE

A mente existe no cérebro, mas é independente, ou pelo contrário, a mente não passa de um processo físico-químico? Como um analgésico interfere numa dor de cabeça, por exemplo? Como um comprimido pode aliviar os sintomas de um esquizofrênico? A esquizofrenia seria uma doença da alma ou um desequilíbrio bioquímico? Neste caso, seria a mente apenas material? Não sou especialista em neurociência e nem em outras áreas de estudo do cérebro.

Tenho lido alguma coisa sobre Filosofia da mente. Não me lembro no momento o nome do filósofo, mas um deles tem uma teoria, no mínimo, intrigante. Ele disse que daqui a alguns anos (décadas), o ser humano será capaz de transmitir todo o conteúdo mental para um robô. Seria o advento da imortalidade?

A mente é intrigante. As pesquisas na área vão jogar muitas "verdades absolutas" por terra. Por isso é muito importante abrirmos a nossa mente para novas possibilidades. Como estudá-la objetivamente? Por mais que façamos experimentos cientifícos e vejamos cada área do cérebro em diversas cores, o pensamento sobre a cor azul, por exemplo, não faz essa parte do cérebro ficar azul. Quando sinto uma dor qualquer, como o interlocutor poderia medir a intensidade do meu sofrimento físico? Quando uma pessoa sofre um AVC, mesmo que algumas áreas do cérebro sejam afetadas, ela desenvolve mecanismos que compensam a área afetada. Enfim, as perguntas continuam...

O assunto é por demais complexo para ser resumido em tão poucas linhas. Será que chegará o dia em que a ciência terá a última palavra sobre a mente? Em última análise, a mente é de natureza apenas material e natural? O mental faz parte do espiritual, no sentido da possibilidade de haver uma alma dentro do nosso corpo? Há espaço para o dualismo psicofísico, ou seja, uma alma separada do corpo como queria Descartes? O mental é a própria matéria num grau mais elevado de refinamento e complexidade?

O fato é que este estudo é tão interessante, que as futuras respostas sobre a natureza da mente e do cérebro, podem fazer virar pó todas as nossas crenças religiosas, bem como abalar definitivamente a relação que o homem tem consigo mesmo, com os seus semelhantes e com as crenças sobrenaturais e espirituais.

De minha parte, acho que a mente e o cérebro são a mesma coisa. Penso que mais cedo ou mais tarde as diversas disciplinas que estudam o cérebro-mente provarão essa tese. Acredito no naturalismo. Por quê? Porque é mais fácil de ser explicado; não pressupõe o sobrenatural, e, responde, talvez, não satisfatoriamente, o efeito que as substâncias químicas têm sobre o cérebro.

Todavia, a Filosofia da mente não tem respostas para tais questões. Ela continuará a fazer perguntas e as respostas vão se tornar novas perguntas. Um dia saberemos? Espero estar vivo para ver o edifício ruir ou mudar o meu ponto de vista! Quem sabe?!!



Texto: Marco Aurélio Machado

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Filosofia - O Ceticismo

Muitos céticos nos deixariam em grandes dificuldades para provar a morte biológica. Por exemplo. O solipsismo cartesiano. Ou o argumento dos sonhos, o argumento da loucura, entre outros. Como ter certeza de que tudo o que existe não é uma projeção de um ser superior? Não necessariamente, Deus? Como ter certeza que a única mente que existe não seja a sua?

Apesar de gostar do ceticismo, não sou especialista. Não digo que não existe. Mas, um cético poderia argumentar assim: quando você está dormindo e sonha, tem certeza absoluta de que o sonho é real, não é mesmo? Você pode sonhar que está beijando uma linda mulher e acordar babando no travesseiro...O sonho era tão real...contudo você foi despertado com o "grito de um espírito de porco". Se a mente pode se iludir, quem lhe garante que este mundo não é um sonho de um SER SUPERIOR, um ET, por exemplo, e que o que você acha que é real neste mundo, não passa de um sonho desse ser superior? Logo, a morte ou qualquer outro fenômeno seria uma ilusão mental. Se a mente é capaz de inventar no sonho, quem lhe garante que ela não inventou tudo?

Tudo seria uma ilusão, inclusive, a morte biológica. Se a mente é capaz de inventar tudo, como acreditar no corpo físico, na natureza, e nos supostos objetos? O esquizofrênico não sabe o que é a realidade e a diferença entre ela e o seu estado ilusório. Onde acontece a ilusão do esquizofrênico? Dentro da sua consciência ou fora? Ele vê coisas que não existem, ouve vozes e outros fenômenos externamente. Mas se o que vê é real, por que só ele vê? Por outro lado, se está em sua mente apenas, por que ele faz essa projeção para fora? O mundo, em tese, não estaria todo dentro da nossa mente? E tudo o que vemos não passar de uma projeção da nossa mente esquizofrênica, porém, num grau menos acentuado?

Suponha a seguinte situação imaginária. Todos os seres humanos perderam a capacidade de perceber os dados sensoriais, sendo ou não ilusão. Ou seja, perdemos os nossos sentidos. Cadê o mundo? Cadê a morte? Cadê a ilusão? Você saberia o que seriam os seus pensamentos? E se eles fossem deletados também? E, então?

Foi justamente por buscar a verdade e observar as várias contradições dos sistemas filosóficos em todos os tempos, que o cético chegou a essa conclusão. Se as conclusões filosóficas têm o mesmo peso, logo, não preciso mais buscar. Para buscar eu precisaria saber o que é o que busco. Como cada corrente filosófica parte de premissas diferentes, logo, o cético suspende o juízo e chega a paz que a susposta certeza filosófica daria. A suspensão do juízo é a tal de EPOCHÉ. A tranqüilidade estaria em não mais buscar. EM GREGO, ATARAXIA.

Conclusão: só um pequeno esclarecimento. Existem várias formas de CETICISMO. A linha cética que mais gosto é o PIRRONISMO. Criado por Pirro de Élis e que chegou até nós através do médico e cético Sexto Empírico. Não vou entrar em detalhes. Mesmo porque daria para escrever um livro e não sei se tenho essa competência.

Na linha cética pirrônica, não sei, por exemplo, qual é a essência da realidade. Conheço os fenômenos. Não sei se o mel é doce por natureza, mas que me parece doce, parece. Conhecemos aquilo que aparece para cada um de nós, mas não se sabe qual é a essência da realidade, porque por estarmos envolvidos no problema, não seríamos árbitros imparciais. Quem percebe a realidade em si mesma? Não sei.

O cético pirrônico para viver neste mundo segue as leis da natureza, os instintos, as leis e os costumes criados pelos homens e as artes e as ciências. Vive como o homem comum. Simples assim!!

Texto: Marco Aurélio Machado

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Filosofia - Frases ácidas e irônicas

Quantos pessoas acreditam em Deus? Se acreditassem e seguissem os seus "mandamentos", não era para o mundo estar bem melhor? O mundo está melhor por causa disso?

O importante não é acreditar em Deus, mas viver como se ele realmente existisse!


As palavras podem encantar, mas o comportamento demonstra se elas são verdadeiras ou falsas!

Sou ácido, mas sei ser doce quando quero. Quando sou doce, as pessoas têm saudades da acidez e do azedo.

É preferível a acidez do que se diz francamente à polidez da hipocrisia.

O antídoto contra a polidez hipócrita é a doçura irônica!

Se não houvesse resistência à liberdade, não saberíamos o que é a liberdade, pois um pássaro só voa, por causa da resistência do ar.

A diferença entre um arrogante calado e um tagarela, é que o segundo é mais honesto. O mesmo vale para outros sentimentos negativos!

Nunca nos encontraremos com a morte, porque se existir uma alma, a vida continua, se não existir, não saberemos que morremos.

Um orgasmo verdadeiro vale mais que mil gozos teóricos.

Veríamos a morte com mais naturalidade se soubéssemos que a perspectiva da eternidade gera um tédio maior.

O próprio homem é o caminho, a verdade e a fé. O caminho, porque só ele pode se orientar; a verdade, porque a verdade é intersubjetiva; e a fé, porque só precisamos acreditar em nós mesmos. A inversão do mundo não passa de um comércio metafísico de pessoas que não acrdidtam em si mesmas...

Frases de MARCO AURÉLIO MACHADO