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MAPA DOS VISITANTES DESDE O DIA 29/11/2009

quarta-feira, 3 de abril de 2019

A ÉTICA DE EPICURO E A ÉTICA ESTATAL CUBANA

Epicuro de Samos é da época helenística: nasceu, como o nome já diz, em Samos, na Grécia, em 341 a.C e faleceu em 270 a.C, em Atenas, na Grécia. Como não faço consultas, vou me ater apenas à ética epicurista, mesmo assim de forma bem sucinta. Por outro lado, tentarei fazer uma "comparação" anacrônica,  pois quando refiro-me à ética de Cuba, o contexto histórico são os séculos XX e XXI.

A meu ver, há uma relação de semelhança entre os ensinamentos éticos de Epicuro, também conhecido como "o filósofo do Jardim", e a ética "capitalista de Estado cubano", que muitos confundem com o socialismo. Farei um recorte dessa ética, afinal existe uma diferença cultural e temporal de mais de dois milênios.

Todavia, como ver relação de semelhança entre a doutrina ética de Epicuro e o Estado cubano? Vejamos, uma doutrina ética do epicurismo muito simples, mas de profunda sabedoria. Epicuro preconizava que há 1)"coisas naturais e necessárias"; 2)"coisas naturais, mas não necessárias" , e a última, talvez a mais importante nos tempos atuais: 3) aquelas que não são "nem naturais nem  necessárias". O que há de comum entre a doutrina ética epicurista e à cubana?

Basta refletir um pouco. Tanto Epicuro quanto o Estado cubano são adeptos do primeiro comportamento ético, lembrando, como se pode perceber acima, que ele citou três formas: uma que é essencial, fundamental para uma vida digna, e as outras duas podem ser descartadas, principalmente, a última, esta que é atual no "sistema capitalista de mercado globalizado" Por quê?

Para uma melhor compreensão, darei alguns exemplos, não necessariamente iguais aos de Epicuro, pois pretendo fazer uma "atualização" para a nossa época. A primeira, diz respeito às "coisas naturais e necessárias": dormir, beber, comer, ter um teto, saúde, amigos(as), prazeres moderados, em outras palavras, ser feliz com uma vida simples, mas digna. A segunda, refere-se às mesmas coisas da primeira, são necessidade naturais, mas, ao contrário da primeira, não necessárias: dormir é algo vital, natural, mas não é necessário que seja numa cama luxuosa; beber e comer são naturais, mas não há necessidade que sejam  bebidas caras e refinadas, o mesmo serve para a comida. Nada de luxo e banquetes, com alimentos que serviriam para os "deuses". Ter um teto é natural, mas não precisa ser um palacete de mármore. Amigos, sim, contudo, não é prudente querer ter apenas amigos ricos e poderosos. Quanto aos prazeres,  a mesma coisa: nada em excesso. A última, está relacionada àquilo que não é nem natural nem necessário: o poder, todos os poderes, a fama a qualquer custo, a riqueza sem limite, a glória, a busca de prazeres, ou seja, o hedonismo, onde o céu é o limite. E onde o Estado cubano entra nisso?

O Estado cubano está fundamentado no primeiro ensinamento da ética de Epicuro: "o que é natural e necessário". Com todos os problemas enfrentados por Cuba, todos comem, bebem, têm um teto, amigos(as) que procuram cooperar entre si, educação e saúde simples, mas da melhor qualidade, e todos estudam; não há crianças fora da escola. Muitos podem dizer que a situação de Cuba é assim, porque o socialismo não deu certo, que eles sonham com muito mais. Será? Cuba está, desde 1959, sob fortes sanções econômicas e políticas. E Cuba não pode transformar-se num País socialista, pois este depende de solidariedade, cooperação e ajuda recíproca de outros Estados socialistas. Ou seja, só é possível um socialismo, de fato, se existisse o mesmo regime de produção em todo ou em quase todos do planeta. O capitalismo está presente em nível global, mas entregou as promessas de felicidade e prosperidade a todas as pessoas, ou ao menos, uma certa dignidade? Não, muito antes pelo contrário. 

Cuba não é o paraíso, mas está longe de ser o inferno. Melhor: ela cumpre a ética epicurista de coisas  naturais e necessárias. Imagine, se todo ser humano vivesse uma vida simples, mas que tivesse o mínimo para ser chamado de ser humano, no sentido mais nobre da palavra?

Evidentemente, a minha reflexão teve como objetivo fazer uma comparação apenas "ética". Não levei em consideração questões políticas nem econômicas. Epicuro procurava sossego, felicidade e ataraxia, fugia da situação política da época, num contexto "local"; a ética cubana é uma política de Estado, possível e pautada em outros valores, que devem ser comparados ao capitalismo neoliberal contemporâneo e planetário. Este busca muito dinheiro, riquezas, fama, poderes,  luxos descartáveis, o hedonismo exacerbado, ideologia,  alienação e exploração. 

Um sistema, uma sociedade globalizada, que destrói o próprio habitat, por causa da busca ambiciosa, gananciosa e egoísta, de coisas que não são nem naturais nem necessárias, não terá sossego, tranquilidade, serenidade, segurança. Ter um teto ( o planeta Terra) é algo natural e necessário. Quando alguém "destrói" a sua moradia (casa) para fazer uma reforma, a intenção é melhorá-la. Quando destruímos o planeta, existe a possibilidade de ser para melhor? Resultado: ansiedade, depressão, insegurança, vazio existencial, ignorância, entre outras situações degradantes. Mesmo sabendo disso, quantos abrem mão do atual modo de vida? Jamais poderíamos condenar um suicida, afinal,  estamos fazendo a mesma coisa, só que num nível global e sem volta. Infelizmente...

Texto: Marco Aurélio Machado

domingo, 11 de novembro de 2018

REFLEXÃO SOBRE RELAÇÕES HUMANAS NA ERA DA INTERNET



Não sou profeta, apenas uma pessoa que reflete bastante os acontecimentos e problemas do seu tempo. As pessoas que nasceram até o final da década de 70, início da de 80, provavelmente, estão sentindo um certo mal-estar. Como o mundo mudou...A família como a conhecíamos vai desaparecer. O "amor" só existirá nas palavras, a monogamia desaparecerá...

Os relacionamentos já mudaram faz tempo. Por exemplo, antes não existia o termo "ficar". As novas gerações estão num outro contexto. Havia o namoro, mesmo que ele durasse pouco. O "ficar" pode ser dez minutos, uma hora ou uma noite; talvez de vez em quando. Quase sempre não há um clima, uma paquera, mas simplesmente a ação. Às vezes as pessoas não sabem nem o nome do "par".


Querer compromisso sério nesta época é motivo de piada, mas ao mesmo tempo lemos e ouvimos a palavra "MOZÃO". O atual comportamento humano ( transcende o local) principalmente, por causa do advento da Internet, está melhor ou pior do que antes? Eu não sei, apenas tento compreender um movimento impermanente tão rápido, que não é possível fechar, concluir...

Concomitantemente percebemos que muitas pessoas querem um relacionamento estável, porém, casam-se e o casamento não costuma durar nem dois anos. E por parte dos homens ( que num primeiro momento perdera o seu chão) agora parece que estão curtindo muito a nova época. A maioria só quer "ficar", afinal se há tantas opções, para que escolher uma só? O mesmo serve para as mulheres. Ser solteiro(a) virou sinônimo de fazer o que quiser com o próprio corpo ( eu penso que estão certos) mas deveriam levar em consideração que não somos só natureza, somos cultura também. Seres humanos não ficam no cio, não são apenas instintos...

A principal consequência de tudo isso é o imenso vazio existencial. Um buraco enorme na "alma". A distração constante pode atenuar o vazio, mas uma hora ele chega para ficar e morar...Os anos vão passando e a lei da gravidade é para todos. Ninguém fica belo a vida toda, mesmo que tal "beleza" conte com uma imensa ajuda: todos os recursos disponíveis no mercado: de photoshop e maquiagens à cirurgia plástica...

Boa sorte para nós e, se possível, muita reflexão. Fico com pena das gerações futuras...

TEXTO: MARCO AURÉLIO MACHADO

quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

REFLEXÃO SOBRE AS REDES SOCIAIS

As redes sociais merecem uma profunda reflexão. Tenho feito algumas observações há algum tempo, principalmente, com pessoas que não conheço pessoalmente. Confesso que estou tendo uma certa dificuldade para compreender os novos tempos. Não há, nestes tempos, uma ética que chegue para ficar valendo por um intervalo temporal "razoável"; nada se cristaliza; nada perdura.

O novo nasce e já está velho na semana seguinte. Nunca se sabe se a pessoa que você vê nas fotografias existe de fato, se é um fake com uma foto que foi "furtada" de uma pessoa maravilhosa (fisicamente), ou mesmo se a pessoa considerada "maravilhosa", na verdade, não passa de um efeito "mágico" dos recursos mais modernos de uma máquina fotográfica que tem a capacidade de gerar uma outra criatura.

Eu fico sempre na dúvida, o que não é novidade para quem me conhece. O que muitas vezes me faz desconfiar de tantos deuses e deusas ( por terem uma beleza que parece não existir neste mundo, mas só no Olimpo grego), é perceber como a maioria escreve mal. A mesma beleza estonteante torna-se frustrante diante da incapacidade de a pessoa não conseguir escrever uma frase sem alguns erros horrorosos. Como pode?

Por outro lado, aparentemente, não existe tristeza nas redes sociais. As pessoas sorriem o tempo todo. As fotos mostram um mundo, que para mim seria o paraíso terrestre, no entanto, há uma grande dicotomia: os alegres, de uma hora para outra, manisfestam a mais profunda tristeza...Como pode isso? Uma outra situação que me chama bastante atenção são os afetos. Num dia a gente olha e a pessoa está num relacionamento sério e a "fábrica" de corações vermelhinhos não "descansa". E a frase que mais se lê é: EU TE AMO!! Todavia, em pouco tempo já não há mais amor, mas a ruptura de um "amor" que parecia tão profundo...Como pode isso?

Existem muitos outros fatos, mas para resumir, por enquanto, pois o assunto merece ser estudado em maior extensão e profundidade, vou citar mais um.

Entre essas pessoas que não sabem escrever direito, algumas ainda têm a coragem de chamá-lo de lerdo, simplesmente, por não ter paciência de esperar a outra pessoa escrever. É como se não houvesse o tempo, tudo tem que ser instantâneo, imediato...Como pode uma pessoa que escreve tão mal rotular alguém de lerdo? Não sei o que se passa com muitos amigos(as) e colegas, mas eu estou me sentindo numa espécie de mundo virtual, contudo, na última esfera (dimensão)!!! Quando vejo pessoas normais, de carne e osso, perto de mim, tenho me questionado se o mundo sensível, concreto, denso, maciço é real, verdadeiro. E parece que a situação ainda está só no começo. O "homem"-máquina vem por aí. O conceito de ser biológico, em pouco tempo, deixará de existir, e só saberemos, pelos livros de História, que um dia houve espécies biológicas. Tem medo disso...

TEXTO: Marco Aurélio Machado

terça-feira, 24 de outubro de 2017

CETICISMO POLÍTICO E OUTROS...

Felizmente ou infelizmente, ao contrário de outras épocas, tenho tido bastante tempo. A "alienação" que o trabalho provoca e que não nos permite refletir muito, talvez seja necessária: "distraímos-nos", além de ser uma forma de não mergulhamos nas questões que deveriam nos interessar...

Tenho vivido, ultimamente, como se estivesse no Helenismo, quando o apogeu da cultura grega deu lugar à invasão macedônica, e toda aquela atmosfera cultural anterior entrou em profunda crise. Logo, surgiram escolas filosóficas gregas que se isolaram e passaram a ter preocupações, principalmente, éticas, visto que com a balbúrdia política da época de dominação, por outros povos, era preciso arrumar um meio de buscar a serenidade, a tranquilidade, a felicidade, e uma vida simples. E a política, com certeza, não é o lugar "ideal" para se encontrar a tranquilidade, muito antes pelo contrário...

Algumas escolas filosóficas, tais como o Cinismo, o Estoicismo e o Epicurismo foram as mais importantes. Vou me ater ao Epicurismo, mas sem a intenção de aprofundar o assunto. Cito-o mais para fazer uma analogia, mesmo que anacrônica, com a situação que me encontro atualmente...

Diante do dilema que a Humanidade, em geral, e o Brasil, em particular, vivem,  o meu "retiro" não é o "Jardim Epicurista", local onde Epicuro vivia em paz com os seus amigos e amigas, filosofando sobre a melhor maneira de obtenção da ataraxia ( tranquilidade da "alma"). O meu "jardim" é de puro concreto e numa zona urbana...

Ao contrário de Epicuro, com a sua Filosofia dogmática, o que tem acontecido comigo é um ceticismo generalizado, mormente, na questão política, social e econômica, tanto no que tange à situação caótica do mundo quanto a total desesperança no Brasil, nos seus políticos, empresários, trabalhadores e o povo. Tenho procurado suspender o juízo, como faziam os céticos antigos, todavia, com todas as limitações do nosso tempo histórico. 

Já não creio em mais nada; nada faz mais sentido para mim. Vivo mergulhado em leituras, reflexões, não para que aconteça alguma transformação na minha vontade, mas, sobretudo, para que eu continue chegando à conclusão de a causa humana já está perdida. As mentiras, as ilusões, estão em toda parte; só me resta a epoché ( suspender o juízo dentro do possível) e esvaziar a minha mente, de tanto lixo acumulado, durante décadas, e que um dia acreditei que pudesse contribuir com alguma mudança...Mera ilusão. A única pessoa que posso mudar sou eu mesmo. E ela consiste no vazio absoluto. A paz está no vazio...

TEXTO: Marco Aurélio Machado

sábado, 29 de abril de 2017

LIBERDADE E DETERMINISMO!!!

O animal "irracional" é determinado. Nasce com instintos, já é "programado," aleatoriamente, pela natureza para fazer o que nasce sabendo. O animal não tem moral, ética ou amoralidade. Afirmar, como muitos por aí, que o animal é malvado, é, no mínimo,  ignorância. A "natureza" do animal é ser o que é e não outra coisa. Ele não faz escolhas...

O homem, que se julga superior aos animais, na verdade,  foi "amaldiçoado" pela mãe natureza, pois não é apenas natureza e também não é só um ser cultural. Ele é e não é cultura e natureza. É um ser determinado e livre; racional e irracional; bondoso e maldoso; ético e antiético; generoso e mesquinho; capaz de amar e de odiar. Competente para construir e destruir coisas belas...

O homem é o único ser que nasce como uma "tábula rasa," como dizia o filósofo inglês, empirista, John Locke. Uma vez nascido neste mundo, necessita de cuidados por parte de outros humanos: não sabe andar, falar, pedir; nasce sem crenças, portanto, é ateu (ausência de crenças); não conhece o bem e o mal, logo não tem moral ou ética. Numa palavra: é um animal irracional inferior aos outros animais, afinal é totalmente dependente. O homem, quando bebê, compartilha de alguns instintos naturais com outros mamíferos: ninguém ensina um bebê a mamar. Há outros, o choro, talvez, seja o mais importante...

Desconfio que o maior problema humano na atualidade ( começou bem antes ) seja a arrogância de pensar que não é um animal inferior e o distanciamento da natureza. Exceto pequenas comunidades tribais isoladas, que têm uma relação de respeito com o mundo natural, porque não foram "contaminadas" pela maneira "civilizada" de pensar, sentir e agir da nossa sociedade "sofisticada".  Há um grande dilema da "espécie humana". Esta quis transcender uma parte da essência que lhe é imanente. Como fugir do próprio corpo? O corpo é natureza, ora!! Como viver só como corpo? O homem não é só corpo, ora!! Ele é também cultura; é capaz de fazer escolhas... Como viver só como corpo? Impossível,  pois como viver em sociedade, agindo apenas com os instintos naturais?  

O equilíbrio se perdeu e penso que é muito tarde...As religiões preconizam uma vida como se o homem não tivesse um corpo e, por consequência, desejos naturais. O capitalismo, consumista, por essência, preocupa-se só com o lucro, a glória, a fama e o hedonismo sem limites. A palavra de ordem é: prazer! Nada de moderação,  porque a produção e o consumo não podem parar.

Alguns homens estão descobrindo o seguinte: éramos natureza e cultura; agora não somos nem uma coisa nem outra. Estamos em estado de derrelição, desamparados pela nossa própria estupidez...


TEXTO: MARCO AURÉLIO MACHADO

domingo, 6 de novembro de 2016

"CAMINHOS PARA COMBATER A INTOLERÂNCIA RELIGIOSA NO BRASIL" *


As pessoas de bom senso, lúcidas e inteligentes não aceitam quaisquer tipos de intolerância: esportiva, econômica, cultural, social, política, entre outras. Todavia, a intolerância religiosa é inaceitável, por vários motivos.

Primeiro, que a CF/88 preconiza que o Estado é laico, ou seja, não tem uma religião oficial. Segundo, que para ser possível a vida na sociedade é extremamente necessário a tolerância e o respeito recíproco entre os cidadãos. E, por último, a educação é fundamental para se ampliar a visão de mundo na mais tenra idade. Dever-se-ia estudar a História das Religiões, assim, não prevaleceria apenas a visão cristã do mundo. Diga-se de passagem que até entre a religião cristã há divergências...

O ser humano é um eterno buscador da verdade. Por ser carente e não ter a maioria das respostas sobre a sua condição no mundo, muitos religiosos querem impor a sua verdade, contudo, não levam em conta que fazem parte de um planeta composto de várias culturas. E cada uma delas acredita que os seus valores são únicos, e a religião tem um peso muito grande nessas circunstâncias, pois trata-se de crença na salvação das almas e, portanto, da vida eterna.

Não é fácil acabar com preconceitos arraigados há anos, porém, o diálogo, o respeito, inclusive, àqueles que não professam nenhuma fé, é essencial para que possamos ter no Brasil concepções de mundo diferentes, desde que possamos nos colocar no lugar daqueles que pensam e agem de outras formas. O fortalecimento da democracia é muito importante para o combate à intolerância, ao fanatismo e ao sectarismo religioso.

TEXTO: Marco Aurélio Machado

* TEMA DA REDAÇÃO DO ENEM DE 2016

segunda-feira, 13 de junho de 2016

REFLEXÃO SOBRE CIÊNCIAS EXATAS E HUMANIDADES!

Li, no ano passado, se não me engano, um texto do portal UOL, que o ministro da Educação do Japão sugeriu que as universidades excluíssem os cursos de Humanidades do sistema universitário, pois se deveria substituí-los por cursos mais úteis à sociedade. Algumas universidades já colocaram em prática a decisão do ministro, mas a maioria, ou não quis, ou preferiu discutir o assunto mais profundamente. O interessante é que até o curso de Direito (segundo a notícia) não escapou da possibilidade de extinção...Logo, o Japão? O capital é avassalador...

Tenho visto muitas brincadeiras, nas mais diversas redes sociais e muito antes do advento delas, no próprio cotidiano da universidade onde eu cursava Filosofia. Cursos de Filosofia, Sociologia, História, Psicologia, Ciência Política, Antropologia, dentre outros, não são valorizados numa sociedade capitalista. É até compreensível, pois quando a conta bancária tem a possibilidade de construir um padrão de vida material rico e "confortável", a "alma" (reflexão, pensamento racional) com certeza, se empobrece. Evidentemente, que não estou generalizando. Mesmo porque pessoas que pensam assim nem têm culpa de ser alienadas: o desejo de ter um carrão, uma mansão, ser empresário, ou empregado de uma grande indústria e ser, portanto, bem remunerado, além de fazer parte de uma classe social importante, conhecer pessoas influentes, frequentar festas chiques, comprar produtos de grife, ter um bom plano de saúde, dentre outras coisas que o dinheiro pode comprar. Eis a utilidade do alienado pela ideologia perversa da burguesia. O sujeito, quase sempre, não é o proprietário nem das próprias ideias, mas pensa com a cabeça dos seus verdugos(carrascos).

Todavia, não custa lembrar de uma célebre frase de Karl Marx, que é mais ou menos a seguinte: "Não são as ideias que determinam o modo de produção, mas, pelo contrário, é o modo de produção que determina as nossas ideias". Fica explícito, aqui, que aqueles que "brincam" com a suposta inutilidade das Ciências Humanas, servem de cobaias para reproduzir o discurso de quem os explora. Eles não pensam a situação política, econômica, social, cultural, histórica, sociológica, filosófica, psicológica, antropológica do modo de produção que está em curso no PLANETA; eles são pensados, pois alguém pensa por eles o que devem sentir, pensar e agir. São úteis enquanto estão produzindo riquezas, contudo, serão descartados quanto qualquer coisa que envelhece no atual sistema.

O atual modo de produção não quer pessoas e cidadãos plenos, quer robôs. Robôs só recebem ordens, lidam bem com a manipulação de mercadorias e produtos, porém, não percebem que também são mercadorias. Uma pessoa da área de humanas, normalmente, tem uma visão de conjunto; estabelece relações entre todas as dimensões da realidade. Logo, não enxergam apenas números, mesmo porque o ser humano é muito mais do que um número. 

Por outro lado, quantas pessoas da área de exatas que odeiam as Ciências Humanas, mas são fanáticas religiosas? A religião, por acaso, é uma Ciência Exata? Partindo deste pressuposto a religião não é inútil e, por isso, não deveria ser descartada? Por que o capitalismo despreza a área de Humanas, embora valorize a religião, principalmente, nos países mais pobres? Não seria para deixar a pessoa conformada, pois o que o religioso não conseguir neste mundo, existe a possibilidade de obter no Paraíso, não é mesmo? Ao menos enquanto promessa...

Para refletir: EXISTE alguma ciência que não seja humana? Toda ciência é humana, ora! Ou alguém já viu qualquer outro animal, que não seja humano, produzindo Ciências Exatas? Será por que quase todas as pessoas que conheço que são da área de exatas são, politicamente, de DIREITA? Talvez, porque faltem a elas a capacidade de se preocupar com todos os seres humanos, e não ter um olhar direcionado apenas  ao próprio umbigo...Se tivessem uma consciência crítica sobre a totalidade do real, provavelmente, o ser humano seria mais importante do que a conta bancária!!!

TEXTO: Marco Aurélio Machado