Há tantas nuances a respeito de crenças religiosas; o assunto é tão extenso, amplo, rico e também problemático e polêmico. Geralmente, apenas uma minoria conhece ou foi um pouco além do senso comum. Para citar algumas concepções de crenças e descrenças, temos: Panteísmo, Teísmo, Ateísmo forte e fraco, Agnosticismo, Deísmo, Animismo, Ceticismo ( não nega nem afirma), Politeísmo, entre outras. Não cabe neste texto uma pesquisa exaustiva, esta deixo para quem tiver curiosidade, portanto, se desejar saber mais, na era da internet o que não falta é informação. Ficarei, mesmo que de uma forma superficial, com o título deste texto: Teísmo Agnóstico e Ateísmo agnóstico: um caminho para a tolerância religiosa?
Concordando com Lukács, talvez o maior filósofo marxista do século XX, o trabalho é a categoria ontológica, fundante do ser social. Ele escreveu uma vasta obra sobre a ontologia do ser social, baseada, principalmente, na obra de Karl Marx, O Capital. As outras categorias, como, por exemplo, valores, mitologia, religião, costumes são derivadas.
E nada disso aconteceria se não fosse as vicissitudes da luta do homem com a natureza por meio da práxis. A relação dialética, transformadora da natureza e do próprio homem, para a satisfação das suas necessidades materiais. E, a longa trajetória humana, para a sobrevivência da espécie, é histórica. Parece óbvio, não é? Mas não foi bem assim. Hegel, e depois, Marx, num outro patamar, desvelaram o "óbvio".
Fiz tal regressão, para tentar argumentar que a mitologia e a religião tiveram uma grande importância nos primórdios da epopeia humana, mas elas são derivadas daquela função ontológica, fundante, ou seja, o trabalho. Elas foram as primeiras abordagens dos seres humanos diante de uma realidade hostil e amedrontadora. O homem precisava dar um sentido, um significado à vida, daí a invenção, não consciente, claro, dos mitos e das religiões, mas que nos acompanham ainda nos dias de hoje.
Espero que os leitores compreendam o quão fundamental é ir à raiz dos acontecimentos para que possamos demonstrar que somos o outro nome da História, do tempo, dos diversos modos de produção e das diferentes organizações sociais e culturais. Em outras palavras, somos produtos da História e do que fizemos com ela desde a mais tenra aurora da Humanidade. Agora, sim, podemos retornar ao assunto principal do objetivo deste texto.
Se queremos paz no mundo, serão as religiões os faróis que iluminarão a humanidade? Talvez a solução esteja num outro lugar. Enquanto existir a exploração do homem pelo homem, a meu ver, não haverá paz. E as religiões fazem parte deste conflito. Todas querem ter os seus deuses e dizem, categoricamente, que estão com a verdade; querem ser advogados(as) dos diversos deuses "existentes" no mundo; são intérpretes do divino, numa guerra sem fim...Enquanto olhamos para o céu, os donos do planeta têm orgasmos múltiplos...
Penso que os nossos principais problemas são de outro nível, mas seria bom demais se todos fôssemos ou teístas agnósticos ou ateístas agnósticos. Os primeiros, seriam mais tolerantes, porque poderiam acreditar em Deus, terem a sua fé, portanto, teístas, mas não saberem, se de fato, existe um Deus, daí serem agnósticos também. O lema para os teístas agnósticos seria: "tenho fé em Deus, mas devido às limitações da mente humana, não sei se existe de fato". Por outro lado, os ateístas agnósticos seriam mais tolerantes, afinal, poderiam ter a descrença em Deus, por isso, ateístas, mas não terem certeza, se de fato, ele existe, daí serem agnósticos também. O lema dos ateístas agnósticos seria: "não acredito em Deus, mas não sei se existe, afinal, enquanto ser humano, sou racional, mas a razão tem os seus limites".
Seria uma forma de tolerância...Penso que estava sonhando...
TEXTO: MARCO AURÉLIO MACHADO