Quando era criança gostava muito do Fantasma, também denominado " o espírito que anda". A lenda do Fantasma espalhava-se pela floresta de Bengala pelos nativos. Estes diziam que ele tinha 400 anos e que ele não morria, mas os nativos, que fizeram de tal lenda uma tradição, nunca se perguntavam sobre o motivo de alguém ter uma idade tão avançada e não morrer. Na verdade, os "Fantasmas morriam", contudo, eram substituídos pelos filhos. E estes continuavam a tradição. (Não vou me alongar, porque não faço consultas ao escrever; se alguém se interessar, poderá fazer uma pesquisa mais profunda.)
Temos muitos super-heróis criados pela imaginação de pessoas capazes de despertar em nós, simples humanos, o desejo da imortalidade, da força, da coragem, da justiça, da ética, da luta maniqueísta entre o bem e o mal (este sempre perde), na vida real, geralmente, acontece o contrário. Há algo em comum entre todos: a luta sem trégua para salvar a humanidade!! E quantos de nós até hoje lemos revistinhas em quadrinho e assistimos aos filmes dos nossos super-heróis prediletos, não é mesmo?
Uma outra questão interessante é que os justiceiros supracitados quase sempre usam máscaras e na vida real são considerados educados, refinados, "frágeis", e incapazes de salvarem o mundo dos malvados cujo objetivo é usar os seus poderes para dominarem o pobre planeta e a humanidade, que no mundo do faz de conta, só faz o "bem"...Saliento, ainda, que os super-heróis jamais revelam os seus segredos, mesmo que sejam ridicularizados pela sociedade. As máscaras "ajudam" a manter as suas verdadeiras identidades, veladas, ocultas, escondidas...
Tais seres "mitológicos" representam o desejo da humanidade de ser como eles, todavia, somos o oposto. As máscaras humanas são a plástica, e todos os produtos de beleza capazes de fazer uma pessoa considerada fora dos padrões estéticos, como se fosse alguém, se não linda, ao menos "razoável". Isto se tivermos contato pessoal com ela, se não for o caso, há mil recursos para transformar um "zumbi "num Brad Pitt... As redes sociais que o digam!!!
Todavia, a reflexão até agora está no plano físico. As verdadeiras máscaras estão no nível psicológico. E, neste plano, a situação é deprimente. Por mais que tentemos disfarçar, as máscaras caem, mesmo que não estejamos num baile à fantasia. Elas estão na "alma", "no espírito", no ego...
Não há um ser humano capaz de escapar: uns mais, outros menos, mas todos somos as máscaras. Não temos máscaras, somos as próprias máscaras. E quem é a referência para nos dizer que os outros "se acham"? Que deveriam ser mais humildes? Talvez, só um Deus!! Se tivéssemos acesso aos pensamentos e sentimentos dos que se autodenominam humildes e sinceros, provavelmente, teríamos a maior decepção do mundo!! A arrogância dessas pessoas está na alma. Se por um azar do destino os pensamentos e sentimentos delas viessem à tona sem "querer"... Nossa!!!
Somos anti-heróis por natureza. Daí o gosto pelo mito. O mito é fantasia, imaginação, e neles podemos desejar e ser o que quisermos. Na vida real, cotidiana, não passamos de mascarados que se julgam no direito de criticarem as máscaras alheias. Prefiro o arrogante tagarela, apesar de ter (ser) a minha coleção de máscaras também...Adoro ser chamado de arrogante, pois descubro muito mais da pessoa do que ela imagina...
Texto: Marco Aurélio Machado
P.S.: Este é o penúltimo texto que estou escrevendo. A partir de janeiro não quero ter compromisso de colocar um texto por mês neste espaço, mas só quando tiver vontade, inspirado e se aparecer um tema interessante.