Para refletir. Escrevi esse texto há anos, achei sem querer numa pasta perdida nos meus arquivos e resolvi postá-lo aqui.
"O GOSTAR"!
Eis um sentimento complicado. Até que ponto gostamos mesmo do outro (a), e não apenas de nós mesmos? Tal qual Narciso, que parece que nasceu primeiro do que o espelho, às vezes, penso que é difícil separar esse emaranhado de sentimentos. Ter clareza das coisas, fatos e ações não é nada fácil. E quase sempre confundimos o nosso valor como pessoa com a aceitação ou a rejeição afetiva.
Lançar-se numa aventura amorosa é um risco que corremos, simplesmente, por estarmos vivos. Todavia, não há receita, uma bula, de como uma relação afetiva deve ser construída. Cada relacionamento é um universo complexo e edificar tal ponte é uma tarefa de Sísifo: literalmente, é rolar a pedra ao cume e fazer o possível para que ela não caia tão rápido...
Hoje em dia há muitos manuais por aí que "ensinam" a arte da sedução", e muitas pessoas já embarcaram nessa canoa. A meu ver, um barco perigoso, cujo casco não aguenta muito peso. A possibilidade de inundação é grande e os coaches de plantão "resolvem" todos os problemas alheios, mas quando entram em crise, raramente conseguem solucionar os próprios dilemas...
Fazer de conta que o outro (a) não existe como estratégia de conquista é uma escolha suicida. Pode dar certo para quem não tem amor próprio, inteligência e percepção aguçada da tentativa maquiavélica do "sedutor"(a). A maioria das pessoas não percebe a dosagem certa e, assim, em vez de conquistar, acaba perdendo. Não tem relacionamento que se sustente na dúvida constante. Das duas, uma: ou a pessoa vai se rastejar e perder a sua dignidade ou dará um basta à situação e o suposto sedutor (a) vai beber da própria dose cavalar do veneno que gosta de dar ao outro.
Esse tipo de coisa nunca funciona com todos... A dúvida constante é excelente para a Filosofia, mas nos relacionamentos afetivos, em doses cavalares, é o começo do fim. Cada dúvida, dois passos para trás e uma "lata d'água" de VINTE LITROS no tambor. Em outras palavras, em vez da aproximação, acontece o distanciamento...
Por mais "fortes" que sejamos, a roda da fortuna gira. E cedo ou tarde, todo ser humano vai se deparar com alguém que poderá encaminhá-lo para a luz ou empurrá-lo nas trevas do abismo. É preciso tomar cuidado, pois enquanto estivermos vivos, a vida estará presente para nos ensinar algumas lições. Pior: ela não tem pressa e bate com luvas de pelica...