A metafísica/ontologia não deve ser vista apenas como a busca da essência das coisas, como pensavam os filósofos antigos e medievais. Quando refiro-me à questão ontológica, estou em busca daquilo que fundamenta o SER. O SER que pergunta por todos os outros seres e que tem consciência da própria existência. Quem é este ser? O homem. Contudo, não nascemos humanos. Tornamo-nos humanos através das relações sociais que estabelecemos com outros humanos. Ninguém filosofa sem produzir. Ninguém pensa com a barriguinha vazia. Negar a política é a condição "sine qua non" para salvarmos o planeta. Se isso é parecido com o Marxismo, para mim não é importante. Não estou preocupado com nenhum "ismos". Os homens podem se organizar para produzirem a sua subsistência material.
A existência do Estado é fundamental para quem domina. Podemos preconizar que o Estado não deve interferir na economia e que deve limitar-se às questões básicas. Contudo, o Estado político existiu, existe e sempre existirá para assegurar os privilégios da classe dominante. Afinal, quem tem o monopólio da força? Reafirmo, que apesar disso, uma filosofia dissociada da vida é muito boa para quem está satisfeito com a situação vigente.
Não tenho ilusões, mas o homem só pode ser homem, se for consciente de todas as dimensões da sua vida. Caso contrário, será alienado. Não devemos compreender a Filosofia como os filósofos gregos e medievais a preconizaram. Quem produzia naquela época? Não podemos nos dar esse luxo. Deixe o mundo ficar uma semana sem produzir... Seria o caos. O homem é igual na política-organização do Estado de direito-uma igualdade abstrata, mas onde ele produz a riqueza marerial, onde está a igualdade?
Se é uma ontologia marxista...não sei! A verdade é que nunca tivemos uma experiência nem socialista. Tivemos, no máximo, um Capitalismo de Estado. Vide Cuba e CIA. Daí a "ontonegatividade da politicidade", como dizia o meu ex-professor José Chasin. Negar a política, que nada mais é do que sinônimo de poder em suas várias vertentes, é importante para a humanização e a emancipação do homem.
Texto: Marco Aurélio Machado