Pretendo, neste texto, escrever sobre um tema filosófico da maior relevância, e, mais uma vez, sem fazer consultas. Penso que assim fico mais à vontade e reafirmo a proposta deste blog, de trazer a Filosofia para o cotidiano, logo, longe do academicismo que, quase sempre, não articula teoria e prática. A ontologia foi esquecida durante muito tempo, por boa parte dos filósofos, principalmente, na Filosofia Moderna, quando houve um deslocamento da ontologia para a epistemologia mas, que, na Filosofia Contemporânea, voltou a ser debatida.
Mas o que é ontologia? Não tenho condições de fazer uma História da Filosofia e explicitar, em minúcias, um dos temas filosóficos mais difíceis. Portanto, vou apenas "roçar" de leve o assunto, para que os interessados tenham uma ideia e possam investigar a respeito de um tema tão complexo. A ontologia, numa definição bem simples, é a parte da Filosofia que estuda o ser da forma mais geral possível. Todavia, não devemos confundir o "ser" como verbo, pois aqui ele deve ser compreendido como substantivo.
Há um outro problema: reportar-se ao "ser" é algo abstrato; por exemplo, quando pergunto sobre o que é a "verdade", este conceito diz respeito ao "ser", mas como descrever a "beleza" sem me dirigir a algo belo? Em vez de usar o conceito abstrato de "verdade", é mais simples definir o que é o"verdadeiro". Ao insistir na pura abstração nos perdemos em devaneios insolúveis. Por outro lado, quando questiono o que é o "verdadeiro", refiro-me a algo particular, concreto, enfim, estou dizendo sobre aquilo que tenho contato ou que posso pensar sobre ele de alguma forma, ou seja, refiro-me ao "ente". O ente pode ser uma pessoa, uma árvore, uma pedra, um pensamento, uma possibilidade, entre outros.
A ontologia preocupa-se com inteligibilidade do "todo", aquilo que é comum a todos os entes, e as suas possíveis conexões. Ela quer compreender o que "é"o que "é", o porquê existe este mundo e quais são as entidades mais simples e primitivas que constituem a estrutura da realidade . É evidente que não existe apenas uma explicação ontológica. Há muitas divergências entre os filósofos. Desde aqueles que negam a possibilidade de uma ontologia, porque, para tais filósofos, as ciências já estudam os objetos particulares e concretos, até os filósofos que, no século XX, tentaram reduzir a Filosofia a uma simples análise da linguagem. O Positivismo, por exemplo, é uma destas correntes que rejeitam a ontologia, todavia, não percebem que fazem uma ontologia empobrecida, afinal, como podem dizer algo sobre o mundo e as entidades que estão nele e, portanto, existem? Se não existissem, como fazer ciência? Sobre o nada? Mas o nada também é um assunto ontológico!!! Logo...
A ontologia faz um esforço enorme para compreender a relação, a duração, a identidade, a liberdade, o tempo, o espaço, a substância, os predicados, as categorias como qualidade, quantidade, modo, possibilidade, etc.
Eis alguns problemas colocados pela mais universal e abstrata das disciplinas da Filosofia. Não é nada fácil dizer sobre a inteligibilidade deste mundo e de outros mundos possíveis. Esta discussão existe desde os "pré-socráticos", e, até o momento, não chegou-se num consenso entre as diversas doutrinas filosóficas. Espero que compreendam o caráter superficial deste texto. Ele não tem a intenção de esgotar o assunto, mesmo porque, penso que se eu dedicasse a minha vida toda a estudar só tal disciplina, ainda, assim, ficaria apenas na superfície deste imenso oceano: A ONTOLOGIA.
TEXTO: Marco Aurélio Machado