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MAPA DOS VISITANTES DESDE O DIA 29/11/2009

terça-feira, 24 de outubro de 2017

CETICISMO POLÍTICO E OUTROS...

Felizmente ou infelizmente, ao contrário de outras épocas, tenho tido bastante tempo. A "alienação" que o trabalho provoca e que não nos permite refletir muito, talvez seja necessária: "distraímos-nos", além de ser uma forma de não mergulhamos nas questões que deveriam nos interessar...

Tenho vivido, ultimamente, como se estivesse no Helenismo, quando o apogeu da cultura grega deu lugar à invasão macedônica, e toda aquela atmosfera cultural anterior entrou em profunda crise. Logo, surgiram escolas filosóficas gregas que se isolaram e passaram a ter preocupações, principalmente, éticas, visto que com a balbúrdia política da época de dominação, por outros povos, era preciso arrumar um meio de buscar a serenidade, a tranquilidade, a felicidade, e uma vida simples. E a política, com certeza, não é o lugar "ideal" para se encontrar a tranquilidade, muito antes pelo contrário...

Algumas escolas filosóficas, tais como o Cinismo, o Estoicismo e o Epicurismo foram as mais importantes. Vou me ater ao Epicurismo, mas sem a intenção de aprofundar o assunto. Cito-o mais para fazer uma analogia, mesmo que anacrônica, com a situação que me encontro atualmente...

Diante do dilema que a Humanidade, em geral, e o Brasil, em particular, vivem,  o meu "retiro" não é o "Jardim Epicurista", local onde Epicuro vivia em paz com os seus amigos e amigas, filosofando sobre a melhor maneira de obtenção da ataraxia ( tranquilidade da "alma"). O meu "jardim" é de puro concreto e numa zona urbana...

Ao contrário de Epicuro, com a sua Filosofia dogmática, o que tem acontecido comigo é um ceticismo generalizado, mormente, na questão política, social e econômica, tanto no que tange à situação caótica do mundo quanto a total desesperança no Brasil, nos seus políticos, empresários, trabalhadores e o povo. Tenho procurado suspender o juízo, como faziam os céticos antigos, todavia, com todas as limitações do nosso tempo histórico. 

Já não creio em mais nada; nada faz mais sentido para mim. Vivo mergulhado em leituras, reflexões, não para que aconteça alguma transformação na minha vontade, mas, sobretudo, para que eu continue chegando à conclusão de a causa humana já está perdida. As mentiras, as ilusões, estão em toda parte; só me resta a epoché ( suspender o juízo dentro do possível) e esvaziar a minha mente, de tanto lixo acumulado, durante décadas, e que um dia acreditei que pudesse contribuir com alguma mudança...Mera ilusão. A única pessoa que posso mudar sou eu mesmo. E ela consiste no vazio absoluto. A paz está no vazio...

TEXTO: Marco Aurélio Machado

sábado, 29 de abril de 2017

LIBERDADE E DETERMINISMO!!!

O animal "irracional" é determinado. Nasce com instintos, já é "programado," aleatoriamente, pela natureza para fazer o que nasce sabendo. O animal não tem moral, ética ou amoralidade. Afirmar, como muitos por aí, que o animal é malvado, é, no mínimo,  ignorância. A "natureza" do animal é ser o que é e não outra coisa. Ele não faz escolhas...

O homem, que se julga superior aos animais, na verdade,  foi "amaldiçoado" pela mãe natureza, pois não é apenas natureza e também não é só um ser cultural. Ele é e não é cultura e natureza. É um ser determinado e livre; racional e irracional; bondoso e maldoso; ético e antiético; generoso e mesquinho; capaz de amar e de odiar. Competente para construir e destruir coisas belas...

O homem é o único ser que nasce como uma "tábula rasa," como dizia o filósofo inglês, empirista, John Locke. Uma vez nascido neste mundo, necessita de cuidados por parte de outros humanos: não sabe andar, falar, pedir; nasce sem crenças, portanto, é ateu (ausência de crenças); não conhece o bem e o mal, logo não tem moral ou ética. Numa palavra: é um animal irracional inferior aos outros animais, afinal é totalmente dependente. O homem, quando bebê, compartilha de alguns instintos naturais com outros mamíferos: ninguém ensina um bebê a mamar. Há outros, o choro, talvez, seja o mais importante...

Desconfio que o maior problema humano na atualidade ( começou bem antes ) seja a arrogância de pensar que não é um animal inferior e o distanciamento da natureza. Exceto pequenas comunidades tribais isoladas, que têm uma relação de respeito com o mundo natural, porque não foram "contaminadas" pela maneira "civilizada" de pensar, sentir e agir da nossa sociedade "sofisticada".  Há um grande dilema da "espécie humana". Esta quis transcender uma parte da essência que lhe é imanente. Como fugir do próprio corpo? O corpo é natureza, ora!! Como viver só como corpo? O homem não é só corpo, ora!! Ele é também cultura; é capaz de fazer escolhas... Como viver só como corpo? Impossível,  pois como viver em sociedade, agindo apenas com os instintos naturais?  

O equilíbrio se perdeu e penso que é muito tarde...As religiões preconizam uma vida como se o homem não tivesse um corpo e, por consequência, desejos naturais. O capitalismo, consumista, por essência, preocupa-se só com o lucro, a glória, a fama e o hedonismo sem limites. A palavra de ordem é: prazer! Nada de moderação,  porque a produção e o consumo não podem parar.

Alguns homens estão descobrindo o seguinte: éramos natureza e cultura; agora não somos nem uma coisa nem outra. Estamos em estado de derrelição, desamparados pela nossa própria estupidez...


TEXTO: MARCO AURÉLIO MACHADO

domingo, 6 de novembro de 2016

"CAMINHOS PARA COMBATER A INTOLERÂNCIA RELIGIOSA NO BRASIL" *


As pessoas de bom senso, lúcidas e inteligentes não aceitam quaisquer tipos de intolerância: esportiva, econômica, cultural, social, política, entre outras. Todavia, a intolerância religiosa é inaceitável, por vários motivos.

Primeiro, que a CF/88 preconiza que o Estado é laico, ou seja, não tem uma religião oficial. Segundo, que para ser possível a vida na sociedade é extremamente necessário a tolerância e o respeito recíproco entre os cidadãos. E, por último, a educação é fundamental para se ampliar a visão de mundo na mais tenra idade. Dever-se-ia estudar a História das Religiões, assim, não prevaleceria apenas a visão cristã do mundo. Diga-se de passagem que até entre a religião cristã há divergências...

O ser humano é um eterno buscador da verdade. Por ser carente e não ter a maioria das respostas sobre a sua condição no mundo, muitos religiosos querem impor a sua verdade, contudo, não levam em conta que fazem parte de um planeta composto de várias culturas. E cada uma delas acredita que os seus valores são únicos, e a religião tem um peso muito grande nessas circunstâncias, pois trata-se de crença na salvação das almas e, portanto, da vida eterna.

Não é fácil acabar com preconceitos arraigados há anos, porém, o diálogo, o respeito, inclusive, àqueles que não professam nenhuma fé, é essencial para que possamos ter no Brasil concepções de mundo diferentes, desde que possamos nos colocar no lugar daqueles que pensam e agem de outras formas. O fortalecimento da democracia é muito importante para o combate à intolerância, ao fanatismo e ao sectarismo religioso.

TEXTO: Marco Aurélio Machado

* TEMA DA REDAÇÃO DO ENEM DE 2016

segunda-feira, 13 de junho de 2016

REFLEXÃO SOBRE CIÊNCIAS EXATAS E HUMANIDADES!

Li, no ano passado, se não me engano, um texto do portal UOL, que o ministro da Educação do Japão sugeriu que as universidades excluíssem os cursos de Humanidades do sistema universitário, pois se deveria substituí-los por cursos mais úteis à sociedade. Algumas universidades já colocaram em prática a decisão do ministro, mas a maioria, ou não quis, ou preferiu discutir o assunto mais profundamente. O interessante é que até o curso de Direito (segundo a notícia) não escapou da possibilidade de extinção...Logo, o Japão? O capital é avassalador...

Tenho visto muitas brincadeiras, nas mais diversas redes sociais e muito antes do advento delas, no próprio cotidiano da universidade onde eu cursava Filosofia. Cursos de Filosofia, Sociologia, História, Psicologia, Ciência Política, Antropologia, dentre outros, não são valorizados numa sociedade capitalista. É até compreensível, pois quando a conta bancária tem a possibilidade de construir um padrão de vida material rico e "confortável", a "alma" (reflexão, pensamento racional) com certeza, se empobrece. Evidentemente, que não estou generalizando. Mesmo porque pessoas que pensam assim nem têm culpa de ser alienadas: o desejo de ter um carrão, uma mansão, ser empresário, ou empregado de uma grande indústria e ser, portanto, bem remunerado, além de fazer parte de uma classe social importante, conhecer pessoas influentes, frequentar festas chiques, comprar produtos de grife, ter um bom plano de saúde, dentre outras coisas que o dinheiro pode comprar. Eis a utilidade do alienado pela ideologia perversa da burguesia. O sujeito, quase sempre, não é o proprietário nem das próprias ideias, mas pensa com a cabeça dos seus verdugos(carrascos).

Todavia, não custa lembrar de uma célebre frase de Karl Marx, que é mais ou menos a seguinte: "Não são as ideias que determinam o modo de produção, mas, pelo contrário, é o modo de produção que determina as nossas ideias". Fica explícito, aqui, que aqueles que "brincam" com a suposta inutilidade das Ciências Humanas, servem de cobaias para reproduzir o discurso de quem os explora. Eles não pensam a situação política, econômica, social, cultural, histórica, sociológica, filosófica, psicológica, antropológica do modo de produção que está em curso no PLANETA; eles são pensados, pois alguém pensa por eles o que devem sentir, pensar e agir. São úteis enquanto estão produzindo riquezas, contudo, serão descartados quanto qualquer coisa que envelhece no atual sistema.

O atual modo de produção não quer pessoas e cidadãos plenos, quer robôs. Robôs só recebem ordens, lidam bem com a manipulação de mercadorias e produtos, porém, não percebem que também são mercadorias. Uma pessoa da área de humanas, normalmente, tem uma visão de conjunto; estabelece relações entre todas as dimensões da realidade. Logo, não enxergam apenas números, mesmo porque o ser humano é muito mais do que um número. 

Por outro lado, quantas pessoas da área de exatas que odeiam as Ciências Humanas, mas são fanáticas religiosas? A religião, por acaso, é uma Ciência Exata? Partindo deste pressuposto a religião não é inútil e, por isso, não deveria ser descartada? Por que o capitalismo despreza a área de Humanas, embora valorize a religião, principalmente, nos países mais pobres? Não seria para deixar a pessoa conformada, pois o que o religioso não conseguir neste mundo, existe a possibilidade de obter no Paraíso, não é mesmo? Ao menos enquanto promessa...

Para refletir: EXISTE alguma ciência que não seja humana? Toda ciência é humana, ora! Ou alguém já viu qualquer outro animal, que não seja humano, produzindo Ciências Exatas? Será por que quase todas as pessoas que conheço que são da área de exatas são, politicamente, de DIREITA? Talvez, porque faltem a elas a capacidade de se preocupar com todos os seres humanos, e não ter um olhar direcionado apenas  ao próprio umbigo...Se tivessem uma consciência crítica sobre a totalidade do real, provavelmente, o ser humano seria mais importante do que a conta bancária!!!

TEXTO: Marco Aurélio Machado