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sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

VIDA E "ANO NOVO"!!




 Eu queria viver como tantos por aí. "Aproveitar" muito a vida, como a maioria gosta de dizer. Entretanto, viver para mim, é muito mais que os instintos; sei que sou um animal como qualquer outro da natureza, mas, diferente de outros animais, posso fazer escolhas. E os desejos que tenho, que não são poucos, passam por reflexões.

E é justamente uma boa reflexão que me faz perc
eber que sou muito mais do que um bicho, transcendo os meus instintos "naturais", mesmo à custa de algum sofrimento. Se viver é realizar todos os desejos possíveis, então não estou vivendo, pois tenho aberto mão de quase todos eles, porque sei que o prazer contém a dor. E mais ainda quando damos vazão aos nossos instintos, principalmente, àqueles que geram VIDA.

Penso que se realmente não valer a pena, se não houver ao menos uma "química" forte, é melhor se abster. Seres humanos não ficam no cio, caso vivessem nesse estado, bastaria ficar com o primeiro que a pessoa visse na rua: mas cada um tem que lidar com o seu "fogo infernal"...Observe a vida de quem o aconselha, mesmo que seja um poço de virtudes e não apenas uma montanha de músculos, a escolha é sua e as consequências também: NINGUÉM ESTÁ NA SUA PELE...

Devemos, sempre que possível, ser os senhores da situação, nem sempre conseguimos, todavia, o preço a pagar justifica o "viver" por "viver"? Bom, vou continuar não vivendo, se a maioria pensa que viver é o que temos por aí. Fazemos as nossas escolhas e somos os responsáveis por elas.

Escuto muitas pessoas, mas quem escolhe sou eu. E acho muito interessante escutar, mormente quando há lucidez, bom senso das pessoas que ouço. Melhor ainda quando há harmonia entre o que ouço e as atitudes das pessoas. Ninguém consegue tal harmonia o tempo todo: É DIFÍCIL, muito difícil, afinal, animais humanos se contradizem, o que é natural.

Diante do que foi exposto, neste pequeno texto, tal qual Sísifo, vou continuar rolando a minha rocha morro acima. Mas vou devagar, porque sei que se for muito depressa, as minhas viagens serão mais cansativas e dolorosas, porque a rocha cairá de novo. É o castigo dos deuses para Sísifo!! Para mim, basta o castigo da minha consciência, e nela não povoam deuses e crenças, pois não pode existir uma ética verdadeira, se o fundamento não for apenas a consciência humana.

Conheço tantos por aí, que oram, rezam, e vivem bem piores que eu; talvez seja pelo fato de acreditar que podem fazer o que quiserem, pois no último suspiro pedirão perdão a Deus e serão perdoados. Eu não posso contar com esse recurso... A minha consciência, na medida do possível, está leve. E a sua, está? PENSE NISSO para o "ANO NOVO". Contudo, como sou um cético, continuo sem muita esperança nesta espécie que também faço parte: o ser humano! O ser que diz ser racional, imagine se não o fosse? 




 TEXTO: Marco Aurélio Machado
 

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

AMOR PELOS PONTOS DE ???? !!!!!! ...



Hoje quero fazer uma reflexão sobre os três pontos, a meu ver, mais importantes da linguagem humana escrita, falada ou em forma de gestos: os pontos de ( ?, !, ...).
Há pessoas que passam pela vida e quase nunca utilizam esses verdadeiros "sinais" inventados pelo homem. A maioria gosta mesmo é do ponto final (.) e dos dois pontos (:). Afirmam e negam premissas baseadas no senso comum, no ouvir dizer, nas fofocas, nos discursos das "autoridades": políticos, cientistas, padres, pastores, professores, enfim, em supostos proprietários do "saber". Fazer perguntas, indagar, questionar é sinônimo de chatice, de querer ser o "dono" da verdade, de curiosidade inútil...É uma espécie de tabu para quem encontrou a verdade: "DOS OUTROS"!!!!!

Quantas pessoas tenho encontrado pela vida que baseiam o seu "conhecimento" em livros escritos por "especialistas, sagrados, pessoas de renome, autoridades, doutores, pós-doutores? Evidentemente, é impossível que uma pessoa possa descobrir sozinha  teorias,  fatos científicos e demais áreas do conhecimento humano. A maior parte do que sabemos é de "segunda mão". Contudo, quem é a referência neste mundo para nos dizer que tem a última palavra sobre quaisquer assuntos?

Podemos não saber as respostas para a maioria dos nossos questionamentos, e a famosa frase de Sócrates já nos alertava: "SEI QUE NADA SEI". Qualquer pessoa com um mínimo de bom senso percebe que há uma contradição com a frase supracitada, mas tal contradição é lógica. A linguagem humana gera muitos paradoxos dessa natureza, e quem não estiver atento para isso, confundirá o conceito de fome com a fome real. Bom, mas quem quiser mergulhar nessas discussões lógicas, fique à vontade. O compromisso deste autor e deste blog,  é trazer a Filosofia para o cotidiano, para a vida comum dos homens. Aqui não há muito interesse por uma grande erudição, repetir tal qual um papagaio o que os outros disseram, mas usar a linguagem para resolver problemas práticos. Alguma coincidência com o livro "INVESTIGAÇÕES FILOSÓFICAS",  de Wittgenstein?

É muito importante, numa época em que as pessoas usam de artimanhas e recursos para a persuasão, analisar as frases e atitudes com muito cuidado. Uma pessoa não precisa ser paranóica, mas perguntar, espantar-se, e evitar o ponto final (.) e os dois pontos (:), como se fossem verdades divinas,  evitará muitos problemas na vida...
Particularmente, gosto muito de observar discursos, atitudes, me espantar e me admirar com coisas simples, fazer perguntas "inocentes", contemplar coisas e situações de um ponto de vista amplo. Talvez seja por isso que eu goste de ter uma visão de conjunto das coisas; relacionar aquilo que aos "olhos" do leigo está fragmentado, separado...

Ao escrever este texto, me lembrei da minha mãe...Desde criança fazia muitas perguntas a ela. PIOR: não ficava satisfeito com quaisquer respostas. Será que me apaixonei pela Filosofia por causa disso??? Quem sabe!!! Quem sabe...

TEXTO: Marco Aurélio Machado

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

CARTA A UM AMIGO IMAGINÁRIO!

Uma das formas de escrever textos filosóficos é por meio de cartas. Hoje vou escrever uma carta para um "amigo imaginário". Nada como uma boa reflexão sobre a vida para o fortalecimento do espírito ( nada a ver com a dimensão religiosa, espiritual), afinal, refiro-me ao intelecto, à consciência de ser e estar no mundo...

Sabe, "amigo imaginário", durante a sua existência neste mundo, você teve muitas experiências: como todo ser humano, muitas foram agradáveis, mas os maiores desafios que você enfrentou, deixaram marcas profundas. Quando se é criança,  somos conduzidos pelos adultos. O problema é que há adultos e "adultos". Estas pessoas também têm uma história de vida; muitas foram vítimas da estupidez, da ignorância, que por sua vez...

Todavia, depois de uma certa idade, escolhemos grande parte do nosso "destino". Você sabe, "amigo imaginário", que a vida foi madrasta contigo. Evidentemente, que comparando a sua vida com a de  grande parte da Humanidade, a sua situação foi, e é ainda muito "boa". Mas, por favor, não me pergunte, por enquanto, o que é ser "bom", porque, hoje, o mais importante não é o conceito de bondade,  mas a sua condição de ter nascido sem saber o porquê...

Nesta vida, como o "amigo imaginário" deve saber, pagamos um preço por todas as nossas escolhas. Uma pessoa revoltada,  rebelde e questionadora incomoda...A sociedade e o sistema gostam das ovelhas, dos rebanhos, dos que dizem amém, dos que se ajoelham para garantir benesses milagrosas, dos hipócritas que vendem a alma aos poderosos que possuem uma conta bancária recheada, mas que não têm o poder sobre a própria vida. São escravos com máscaras de senhores e senhoras...

As pessoas livres, autônomas, independentes são ridicularizadas, mas os verdadeiros palhaços não sabem que o são,  porque o espelho deles é o outro nome do Photoshop. Vivem uma vida "rica", mas às custas de uma pobreza da liberdade. Sabe, "amigo imaginário",  essas pessoas nunca ouviram falar de um Diógenes, de um Epicuro. Elas precisam da riqueza material ou do desejo de adquirir muitos bens terrenos, porque na verdade,  no lugar de uma "alma" elas têm um buraco sem fundo. E o que não tem fundo, não pode ser preenchido...É o eterno buscador,  que não pode encontrar o que busca, pois não sabe o que busca. Logo, "amigo imaginário",  aquilo que o tolo busca, pode estar ao  lado, mas como se pode encontrar o que não se conhece?

Há pessoas que "juram" que o conhecem...Como estão enganadas!! Conhecem o espelho distorcido da própria imagem. Como a imagem é bonita na aparência e horrível na essência, projetam a sua carência nos outros, confundindo momentos de fraqueza, natural em todo ser humano autônomo,  e que enfrenta a angústia das suas escolhas, como se fosse uma necessidade que habita a pessoa desde a sua infância.  Nada mais falso.

Agora eu preciso ir, "amigo imaginário". Numa outra oportunidade, continuaremos o nosso diálogo...


TEXTO: Marco Aurélio Machado

sábado, 5 de outubro de 2013

FRASES "DOCES"!!

Há pessoas que dizem tantas mentiras, que quando falam a verdade,  a gente sempre pensa que é mentira;  e escutá-las com seriedade passa a ser uma comédia...

Não diga aos outros o que você não suportaria saber se a mesma frase fosse dita a você.

As sutilezas devem ser feitas pelos sábios, pois  o estúpido acreditará que pode iludir e continuar pensando que a confiança nele está intacta...

A maior comédia que faz a minha "alma" sorrir é a  do mentiroso que acredita no próprio engodo.

Há pessoas que se acham tão inteligentes para tentar enganar, mas não passam de idiotas por pensarem  que uma pessoa realmente inteligente acredita no seu teatrinho de gosto duvidoso!!

Não utilize a mesma técnica de sedução que você usa para lidar com um imbecil, e uma pessoa que é capaz de saber aonde você quer chegar, porque ela sabe que você cairá no abismo.

Os maiores idiotas que eu conheço sempre pensam que livros de autoajuda são a solução para resolver todos os problemas humanos.

Os maiores canalhas que eu conheço acreditam em Deus,  mesmo sendo fã das seduções diabólicas, e ainda rezam e oram e se sentem especiais aos "olhos" da divindade...

A única pessoa que tem obrigação de gostar de mim sou eu, afinal não sou proprietário dos pensamentos, dos sentimentos nem da vontade dos outros.

O filósofo sabe que sabe muito pouco; o imbecil sabe que é sábio, porque é iluminado por Deus!!!

O humilde que se acha humilde é o arrogante que não reconhece a própria arrogância.

Se você me acha arrogante, farei o possível para ser mais parecido contigo!!

Se a felicidade é algo interno, então esqueça os bens materiais, pois eles são externos e não contribuirão para preencher o seu vazio existencial.

A carência é a condição ontológica de todo ser que não é Deus...


TEXTO: Marco Aurélio Machado

sábado, 14 de setembro de 2013

A MORTE DO TEMPO!

Uma reflexão sobre a morte de todos os seres vivos da natureza não é um tema muito agradável de abordar, principalmente, numa época que cultua e desfruta  objetos, que além de não terem vida, são descartáveis antes de poderem ainda ser utilizados por algum tempo.

Apesar de ser extremamente preocupante a situação supracitada, há algo pior. O homem, que já foi definido como animal racional, simbólico, econômico, político, cultural, social, histórico, entre outros conceitos;  acredita-se que ninguém tenha a última palavra sobre o assunto, pois uma definição essencial, metafísica, portanto, eterna,  pode ser até bela, mas não retrata a época que estamos "vivendo", se é que podemos dizer que tenha algum ser humano vivendo de fato. Os animais vivem,  mesmo que não tenham consciência disso, entretanto, por paradoxal que seja, se prestarmos atenção aos demais seres naturais, aprenderemos muito mais com eles do que com a maioria dos seres humanos. Talvez seja por isso que algumas artes marciais foram desenvolvidas,  por pessoas que observaram por longos anos o comportamentos dos "seres irracionais".

Diante do exposto, vou definir o homem como o prisioneiro do tempo psicológico e o assassino do tempo  cronológico, ou seja, o tempo que é marcado pelo espaço: os ponteiros dos relógios provam tal tese...Até quando haverá relógios com ponteiros? Alguém sabe? Eu, como sempre, não sei...Já não basta ao homem ser o assassino de todas as demais espécies da natureza ( pode-se perdoar o filósofo francês, René Descartes? Afinal, por acaso, não foi o dito cujo quem disse que os animais não têm alma?) O interessante,  é que segundo ele,  o homem tem alma...e desde quando o homem deixou de assassinar o seu semelhante, inclusive, em nome de um suposto amor divino?

O homem é, então, o prisioneiro do tempo psicológico e o assassino do tempo cronológico. Prisioneiro, porque "tempo é dinheiro"; porque é "necessário" ter fluência em algumas línguas estrangeiras; porque é "essencial" ter músculos e um corpo padronizado pela ditadura da beleza; porque a felicidade humana é mensurada pela quantidade de bens materiais que se adquire; porque é preciso ter um tempinho para realizar múltiplas experiências sexuais, mesmo que sejam com vários parceiros e durem apenas quinze minutos; porque é fundamental ter um tempo para frequentar as igrejas,  para Deus abençoar às pessoas com bens materiais e perdoar os pecados pelo desejo de ter desejos estimulados pelo capitalismo; porque é preciso ter alguns minutinhos para tentar garantir uma vaga no paraíso...Mas não é só isso, mas isto: para quem não é espiritualista, há os novos templos e palcos. Shoppings, arenas, onde se jogam futebol, shows de artistas medíocres, mas que são transformados em deuses humanos, enfim, jogos e mais diversões para "matar" o tempo!!!

Infelizmente, ainda temos que nos referir ao tempo cronológico, que está intimamente relacionado ao tempo psicológico. Para começar,  não vai demorar e o atual modo de produção capitalista vai inventar um dia de 48 horas, porque só 24 horas está ficando impraticável!! O sistema precisa produzir num ritmo cada vez mais rápido, pois objetos descartáveis "têm vida útil escassa". "Vivemos" numa época em que a memória está sendo transferida para as máquinas, logo, matamos o passado, as lembranças, as memórias. Pior: como não temos paciência, não toleramos frustrações, porque o importante é não esperar e viver para o futuro em pleno período presente. Somos os assassinos do passado e do presente, mas queremos ressuscitar o que nunca morreu, ou seja, o futuro! Desejamos viver no futuro, justamente o tempo que não existe e nunca existirá, a não ser pela imaginação. Eis o homem!! O assassino do tempo que existiu e que existe agora e o inventor do futuro!! O inventor do "objeto inexistente...


TEXTO:  Marco Aurélio Machado

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

PROFESSOR OU EDUCADOR?

Observo, atento, há anos, um processo ideológico ocorrendo na educação por parte dos "pensadores da educação", os chamados especialistas. Confesso que quando ouço dizer que alguém é especialista numa determinada área, procuro observar com "olhos de lince" tais afirmativas. Nada contra o especialista em si, mas a carga ideológica implícita no conceito...

Parece-me também que ao chamar alguém de especialista, não nos damos conta da "falácia da autoridade", ou seja, passa-se a impressão "inocente"de que o especialista aprofundou-se tanto em uma área do conhecimento humano que os "leigos" devem estudá-lo, ouvi-lo, prestar atenção e reproduzir o discurso sem uma análise crítica ampla. Desconfio sempre do que não aparece como poder num primeiro momento, mas em nome de uma suposta "especialização," em vez de termos estudos sérios, tenhamos uma "autoridade" sobre o assunto. Assim, trocamos estudos científicos aprofundados, baseados na experiência, e generalizamos a ideologia de um determinado grupo como se fosse uma verdade inquestionável, porque a falácia da autoridade passa a ser a verdade. Quem nunca ouviu neste país? "Sabe com quem você está falando"?

Evidentemente, que não faço neste texto uma crítica generalizada sobre a especialização em si, mesmo porque em muitos aspectos ela é essencial. Questiono, sim, uma ideologia que se passa por ciência, cujo objetivo é ocultar e não desvelar,  interesses econômicos, sociais, políticos e culturais como se fossem tabus,  afinal, são teorias de especialistas na área, uma autoridade! 

Diante do supracitado,  tenho observado vários colegas de profissão que têm muito orgulho de dizer que são educadores. Participam de vários cursos, leem os grandes "filósofos da educação", encantam-se com as belas palavras encadeadas através de deduções lógicas impecáveis, mas quase sempre não se dão conta que a ideologia violentou a ciência. Principalmente, quando esses "especialistas" estão a serviço de algum governo que se preocupa mais com a quantidade do que com a qualidade do ensino.

Penso que é necessário tomar muito cuidado e não confundirmos a figura do professor com a de educador. Por quê? Porque o professor ensina, leciona, tem um compromisso de preparar aulas, corrigir provas, avaliações, testes, trabalhos, exercícios e demais rotinas da profissão. O educador, não, pois além de tudo o que foi mencionado acima, torna-se uma espécie de pai, mãe, irmão, babá, psicólogo, amigo, disciplinador, referência, enfim, uma espécie de ser mitológico supra-humano. E se o "educador" não fizer isso, a culpa é dele, e não do sistema educacional, ou seja, o "educador" é o bode expiatório ideológico para as mazelas da educação. E quem prepara a "teoria"? O especialista!!

De minha parte, prefiro dizer que sou um professor e um "educador complementar". Afinal, a educação informal, básica deve vir da família. O problema é que a família também está situada no contexto do capitalismo; é mais uma peça desta imensa engrenagem. Contudo, apesar das dificuldades, valores, princípios, regras, normas e virtudes devem começar no seio familiar. Como pode um jovem chegar à escola como se nunca tivesse ouvido um "não" na sua curta existência?

O discurso do talento, do dom, da profissão "nobre", da missão divina já está ultrapassado. O profissional da educação não é uma máquina de ferro e nem é filósofo estóico, para fazer um papel que ultrapassa a sua capacidade de ser um ser humano como outro qualquer. Portanto, reflitam sobre este assunto e procurem perceber que o conceito de "educador" é de uma responsabilidade enorme, tão grande que pouquíssimos profissionais têm conseguido carregar sem adoecer...Quem está numa sala de aula sabe disso na prática, afinal, apenas palavras bonitas não mudam a realidade nas suas várias dimensões...


TEXTO: MARCO AURÉLIO MACHADO

terça-feira, 9 de julho de 2013

ÉTICA NO FACEBOOK!!

É muito comum nos debates e diálogos filosóficos a ideia de que um filósofo pensa os problemas e possíveis soluções da época em que viveu ou vive. Assim, o que não falta na nossa época é a importância da computação em geral e da internet em particular. Esta traz uma novidade que só o distanciamento no tempo será capaz de analisar: um "poder" jamais visto na História.
Apesar dos acontecimentos políticos e sociais que estão acontecendo no país, e da importância da reflexão sobre tal fato histórico inédito, neste texto eu vou escrever a respeito da ética e das prescrições morais no Facebook. Parece-me que a maioria gosta de Filosofia e ainda não sabe disso...

Há um outro dado importante que gostaria de salientar: as frases e textos que aparecem e que dificilmente constam os nomes dos autores das mensagens. Uma espécie de plágio "inocente"? Um espaço para demonstrar a inteligência alheia, mas usado como se fosse da pessoa que posta? Um ambiente paradoxal: distante e próximo ao mesmo tempo?  Um consultório psicológico coletivo? Uma farmácia de placebos de autoajuda e terapia virtual? Eis as redes sociais: o Facebook é a moda do momento, assim como o Orkut fora um dia. Até quando? Não sei, ninguém sabe...

A impressão que tenho quando leio frases, textos, mensagens, pequenos trechos de romances, lições e prescrições morais, é que a pessoa que as escreve é proprietária de todas as virtudes que preconiza aos leitores. Como nem sempre é possível comparar o discurso com a prática cotidiana das pessoas, ficamos do outro lado da tela admirando, criticando, nos emocionando, rindo, irados, desconfiados, enfim, aliviados ou mais entediados. Todavia, a nova "droga" continua nos viciando, pois quantas pessoas viram as madrugadas no Facebook?

Entretanto, há situações que chegam a ser hilárias. A pessoa escreve frases e a impressão que nos passa é de que existe uma divisão interna na sua personalidade, pois afirma algo categoricamente a respeito dos mais variados assuntos, principalmente, aqueles relacionados ao amor, contudo, após alguns minutos,  a mesma pessoa posta outras frases que contradizem as primeiras, demonstrando o quão o estado emocional dela está em conflito. Pior: na maioria das vezes são frases de outras pessoas e sem os devidos créditos.

Evidentemente, que o que escrevi aqui são impressões e interpretações pessoais. Não segui um método científico rigoroso e nem fiz estatísticas. A intenção foi apenas colocar neste texto algumas constatações divertidas e na medida do possível tentar compreender o tão rico universo psicológico do ser humano: o ser das contradições!!!


TEXTO: Marco Aurélio Machado

sexta-feira, 7 de junho de 2013

FRASES TÓXICAS!!

Intoxicar-se com o próprio veneno mental é desejar o sofrimento alheio e  morrer em vida...


Viver como um zumbi é o passatempo  preferido do alienado...


A ambição em excesso é o passaporte gratuito para o sofrimento, pois, quem ganha,  convive com o receio de perder, e quem perde, tem como companhia a culpa...


Procurar a felicidade nas distrações é como fazer comédia em grupo e lidar com a tragédia na solidão.


O assassino dos desejos será o carrasco de si mesmo, e aquele que realiza todos os desejos conviverá com o prazer e a dor até a morte.


A desgraça alheia parece satisfazer imensamente gente que não tem noção da própria desgraça!


A crença na riqueza fácil é a descrença na dignidade de si mesmo.


A ilusão de um prazer contínuo já é o sofrimento que consome a alma do tolo.


Viver é conviver com o tempo, conviver com o tempo é a certeza do aniquilamento de todas as coisas e situações...


A esperança em excesso é a paciência sem limite e o que não tem limite não tem amor próprio...



TEXTO:  MARCO AURÉLIO MACHADO






sexta-feira, 3 de maio de 2013

O CORPO!

O corpo humano é um dos assuntos mais polêmicos e paradoxais que o homem se depara. Ele é ao mesmo tempo cultuado e negado. Cultuado, na nossa época, que padroniza uma espécie de beleza universal, onde músculos misturam-se com silicones, anabolizantes e alimentos "saudáveis", e, por outro lado, negado e rejeitado como se fosse um fardo para as correntes de pensamento de cunho religioso e idealista. O corpo, neste sentido, passa a ser o "templo" da alma, do espírito, e que como tudo aquilo que existe no espaço e no tempo,  está fadado à mudança e ao desaparecimento.

Mas, afinal, temos um corpo ou somos o próprio corpo? O corpo é o responsável pela prisão de uma suposta alma ou espírito que o habita? Em caso de a resposta ser afirmativa, como comprovar a existência de uma alma ou espírito? Constatamos milhares, milhões de corpos humanos nas mais diversas relações: social, econômica, política, cultural, mas apesar de o homem estar sempre numa determinada situação e condição no mundo, não constatamos uma alma ou espírito o habitando.

Elaboramos crenças, temos fé que o corpo não passa de um recurso para a evolução de algum ser de natureza espiritual,  e que só está no plano terreno de passagem. A mensagem é: temos um corpo,  e numa linguagem filosófica, ele é mera aparência, pois a essência, esta sim, é imortal e eterna e vem de uma outra dimensão. A verdade? Apenas o desejo de ser especial e merecer residir num outro reino, em tudo diferente deste mundo de lágrimas, dores, sofrimentos, desesperos e injustiças, contudo, com alguns lampejos de alegrias e prazeres.  A rejeição de encarar a finitude e o nascimento aleatório é uma verdade muito dura para ser confrontada. O homem precisa de ficções e ilusões para poder suportar o fardo pesado de um corpo que envelhece, adoece e morre como todos os outros seres viventes da natureza. A ideia de ter um corpo, mas ser uma alma ou espírito, "alivia" a angústia existencial da companheira e ao mesmo tempo inimiga: a morte.

Na falta de uma prova peremptória, fico com a crença de que somos um corpo, e que a matéria foi capaz de, no decorrer de milhões de anos, formar desde corpos mais simples aos mais complexos, como é o caso do ser humano. É através do corpo que o homem se relaciona, produz e reproduz a sua existência material, tem experiências sexuais e, portanto, reproduz a sua espécie, escolhe e é determinado pelas circunstâncias também, trabalha e com isso transforma a natureza,  produzindo cultura, dá sentido e significado à sua vida, comete atos e é responsável por eles, sejam pela consciência ou pela força das leis.

É pelo corpo que o ser humano está no mundo,  ocupando mais do que um lugar no espaço, mas vivendo também a sua dimensão temporal. É o corpo de um bebê nascendo que, geralmente,  é fonte de uma das maiores alegrias que o homem pode vivenciar, mas é o mesmo corpo que não tem garantia de sobreviver neste mundo, pois a existência pode ser longa,  quanto extremamente breve. E seja a existência breve ou longa, a alegria do nascimento é substituída pela dor da morte e a certeza do aniquilamento de uma pessoa ou quaisquer seres viventes.

Nunca vi uma alma desvinculada de um corpo. Existe? Não sei. Eu até gostaria que existisse, mas entre a realidade que percebo e o desejo de que o mundo fosse diferente,  e a necessidade de o homem inventar, imaginar e especular a respeito de um mundo metafísico, nada mais é que um paliativo e a esperança de uma recompensa que possa fazer justiça aos infortúnios de quem "passa" por aqui, pois até mesmo essa passagem é muito improvável. Deste ponto de vista, ser um corpo é um privilégio, dependendo da concepção de cada um. A meu ver, sou um corpo e fico feliz por estar apenas de "passagem" por aqui, pois a perspectiva da eternidade me gera um tédio maior. Jamais morrer? Isto, sim, é angustiante...


TEXTO: Marco Aurélio Machado

terça-feira, 2 de abril de 2013

O QUE É O PENSAMENTO?




O homem é um ser que pensa, memoriza, imagina, visualiza, representa, abstrai, recorda, compreende intelectualmente, dentre outros processos criados pelo "pensamento". Usamos a palavra pensamento no cotidiano e dificilmente refletimos sobre o que ela significa. O que é o pensamento? Qual é a origem do pensamento? Qual é a função do pensamento?

O pensamento é algo difícil de ser definido. Ele é algo imaterial e, por isso, não ocupa lugar no espaço,  entretanto, ele percebe e reflete sobre o espaço, e no que se refere ao tempo, o pensamento humano situa o homem nas suas três dimensões: passado, presente e futuro. Tudo o  que há no mundo humano como produto cultural , antes de vir à existência,  estava presente enquanto ideia, pensamento,  na mente do homem. O pensamento distancia o homem dos objetos, ou seja, não há necessidade de haver algo concreto diante do homem para que ele possa saber do que se trata. O homem é capaz de lembrar, recordar, visualizar e imaginar aquilo que não está presente às suas impressões sensoriais.

Mas qual é a origem do pensamento? Penso que não há dúvida que o pensamento começa com as impressões sensoriais e com o aprendizado da linguagem em suas várias dimensões na vida em sociedade. O pensamento está em íntima conexão com a palavra em toda a sua riqueza: escrita, falada, gestual, etc.

A função do pensamento é dar ao homem a capacidade e a competência de usá-lo nas mais diversas circunstâncias e situações da vida. Ele não é bom e nem mau em si; mas é capaz de gerar obras nobres e também causar tragédias inimagináveis, pois quando recordamos o passado, por mais que pensemos nas catástrofes geradas pelo homem, nunca podemos afirmar peremptoriamente que a humanidade não será capaz de superar a sua capacidade de causar atrocidades em todos os níveis.

Todavia, é na vida pessoal que o pensamento costuma ser motivo de grandes alegrias, mas também de enormes tristezas e sofrimentos. O homem não é apenas razão enquanto poder de dominar sentimentos, emoções e a imaginação. Uma pessoa que conseguisse fazer uso apenas da sua razão  empobreceria a sua condição de ser humano. Por outro lado, alguém totalmente dominado pelas emoções, imaginação e sentimentos, seria um escravo de um verdadeiro caos interior.

Evidentemente, que o ideal é o equilíbrio dessas esferas que habitam a mente do homem, ou seja, nem a "frieza" racional nem a "fervura" emocional e sentimental. Como cada ser humano conseguirá realizar tal projeto é uma outra "história". O certo é que o pensamento é uma espécie de anjo ou demônio que reside na mente humana. E enquanto houver vida numa determinada pessoa, haverá paz ou guerra no íntimo de cada um. Eis o que é bendito e maldito no homem: O PENSAMENTO e a sua capacidade de construção e de destruição...Cabe ao homem carregar a sua cruz...


TEXTO: Marco Aurélio Machado




sexta-feira, 1 de março de 2013

A CARÊNCIA EXISTENCIAL

O homem é finito, contudo, dificilmente reflete sobre a sua situação no mundo como um ser que carrega no seu âmago uma carência ontológica,  e o desejo que ele tem de complementar tal falta com a angústia de uma busca incessante de preenchimento do nada que o habita.

O fato de ele ser finito,  quase nunca se torna um problema filosófico, visto que a maioria só se dar conta disso quando enfrenta uma crise, uma ruptura radical na monotonia do cotidiano, um fato inesperado que lhe tira o chão até então sólido.  A areia movediça e o abismo passam a ser algumas das suas escolhas...Todavia, mesmo diante do mais profundo desespero, quase sempre o homem recorre aos mais diversos paliativos para não ter que enfrentar a realidade de frente: bebidas alcoólicas, drogas, religião, amigos, astrologia, psicólogos e até mesmo supostos videntes do além-túmulo e do "futuro".

Refugiar-se em ilusões e em dogmas sobrenaturais que lhe prometem a infinitude e a eternidade é um "placebo" importante.
Entretanto, encarar a finitude, a consciência dos nossos limites e a certeza de que estamos atolados num tempo e espaço que não escolhemos e que a vala é o nosso destino, é o grande desafio e a noite negra em que todo ser humano deveria mergulhar. A consciência da finitude faria o homem repensar valores, práticas, regras e normas que não fazem o menor sentido...

Se  fôssemos eternos, talvez eu seria o homem mais ambicioso do mundo, mas que diferença fará daqui a alguns anos se fui famoso ou anônimo, rico ou pobre, bonito ou feio? Nenhuma. Escolher, porém, uma ética que fará de mim uma pessoa mais digna,  mesmo durante o curto período que estarei neste mundo, é, com certeza, uma escolha mais interessante. Não sabemos de outras realidades e dimensões espirituais, mas ninguém duvida de que alguém morre, é colocado no féretro,  e nos demais rituais humanos a respeito desta grande conhecida: a morte e um corpo cremado, enterrado ou jogado em qualquer lugar.

Infelizmente, a imensa maioria dos seres humanos passa pela vida sem fazer uma pergunta sequer sobre a carência humana. Mascaramos as nossas angústias com diletantismos de gosto duvidoso. 

Todavia, o difícil é perceber o buraco existencial e as dores deste mundo com dignidade. Neste sentido, um mergulho nas trevas da nossa "alma" pode ser um grande diferencial. Compreender que,  apesar da carência, da falta, do vazio, o homem pode distinguir o que é essencial para ele e o que é aparência. A primeira é escolher a liberdade e a autonomia, a segunda é fingir escolher e, assim, alienar a própria consciência, quase sempre com gente estúpida e que vive como um pé-de -quiabo...


Texto: MARCO AURÉLIO MACHADO









sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

ESPERANÇA E DES(ESPERO)

Nas aulas de Filosofia, quando digo aos alunos que a esperança, ao contrário do ditado popular, deve ser a primeira a morrer e não a última, quase sempre vem uma avalanche de questionamentos e rótulos de que o professor de Filosofia é "doido". Estamos tão acostumados à aceitação sem crítica e reflexão dos ditados populares, que muitas vezes não percebemos o componente "ideológico" implícito em frases tão "ingênuas". E eu que cheguei a ficar farto do filosofar e, por um momento, queria me perder no senso comum...

É preciso ir além das aparências para perceber o que está oculto e torná-lo explícito. A esperança, tal qual o Mito de Sísifo, aquele que foi condenado, eternamente,  a subir com uma pedra enorme morro acima,  e quando chegava ao topo, a pedra caia,  e todo o trabalho teria que recomeçar. Penso que podemos fazer uma analogia entre a esperança e este mito grego tão rico de significado. 

A esperança, palavra bonita, mas que tomou um sentido cristão, não é tão inocente assim. A esperança está na temporalidade, pior, numa parte do tempo que é impossível viver: o futuro. Sísifo rola a pedra à sua frente, e num raciocínio de semelhança, a esperança está no futuro. Mas o futuro existe? O senso comum diz: "Quem espera sempre alcança"; " A esperança é a última que morre"; mas isto é verdade?  Não estou livre dessas armadilhas, mormente em alguns momentos em que abrimos mão da reflexão, mas quem vive de esperança, ou seja, quem espera do futuro, que é um tempo apenas imaginário, será um forte candidato à depressão e terá a tristeza como companhia. 

Penso que é justamente o contrário: quem espera, vai ficar esperando, e alcançará a ansiedade e dará asas à sua imaginação, esta "senhora" angelical e demoníaca que habita a mente humana. O recado da esperança é claro: "viva sempre o futuro e carregue o fardo pesado de viver num tempo que não existe". "Faça sempre o bem aqui e a recompensa virá com a salvação no paraíso". Alguém pode ser realmente "feliz" vivendo desta forma? A pessoa viverá atormentada pelos fantasmas da imaginação e nunca terá certeza se alcançará os seus desejos e objetivos. RESULTADO: SOFRIMENTO.

Por incrível que pareça, a palavra "desespero," na nossa cultura,  tem uma carga de negatividade enorme, mas poucas pessoas pararam para refletir sobre ela. Desesperar, a meu ver, não é o oposto da esperança apenas, mas significa não esperar por nada que esteja além do âmbito de domínio da pessoa humana. Há uma frase que eu penso ser de Sartre, mas não tenho certeza, que é a seguinte: "Fazer o possível, mas sem esperança". Em outras palavras, devemos agir, porque ao agir, escolhemos, mas se as coisas darão certo ou não, já é outra história. Desespero, então, é não esperar nada do futuro, do comportamento das outras pessoas, das suas pirraças, de toda situação externa à nossa mente. Há situações, ações e coisas que dependem de mim; infelizmente, a maioria delas não está sob o nosso controle. 

Desespero, portanto, é viver o presente, é não antecipar o futuro pela imaginação e não se culpar pelo passado. É fácil? Não, não é fácil. Vivemos numa cultura cristã e desde a mais tenra idade somos bombardeados com os dogmas cristãos. A palavra desespero para nós é uma espécie de tabu: não deve ser pronunciada. Todavia, se as nossas ações se mostrarem infrutíferas, na esperança de conquistar e reconquistar os nossos desejos, para o bem da nossa saúde mental, a palavra de ordem é "DESESPERO. (DES (ESPERO.) Os desejos são os vilões do sofrimento humano. E desesperar, não esperar, é o mesmo que não desejar. Desejar e conquistar nos dão sempre uma sensação boa, de poder, capacidade e competência, mas não existe desejo satisfeito sem dor. 

Estou ciente disso, pois sou humano. Mas "EU" ( outra ilusão) sei o preço de cada desejo "satisfeito". E quando embarco num desejo, estou convicto da dor que me espera. E o sistema capitalista sabe lidar bem com esta fraqueza humana, pois o próprio ser humano é, neste sistema, uma mercadoria temporária,  da esperança de que alguém o possua, posse esta, sempre ilusória...O que fazer?  Se sempre abrirmos mão, não viveremos; se sempre dermos vazão à satisfação dos desejos, sofreremos até a morte. Isto,  se a morte física por fim ao sofrimento. Para quem acredita que existe uma alma que habita o corpo físico, talvez a morte do corpo físico seja apenas o início dos sofrimentos da alma. Só não me perguntem como uma alma pode sentir dor sem um corpo...Os místicos adoram viajar nesses desejos e nas suas especulações, mas cada um tem o seu dicionário, que nunca tem o mesmo significado! E tome sofrimento...


Texto: Marco Aurélio Machado








quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

REFLEXÃO SOBRE O SER HUMANO!

No cotidiano,  nos deparamos com os mais variados conceitos e palavras. Reproduzimos-os como senso comum e,  por isso,  não paramos para refletir sobre a importância de lançarmos luz naquela que possibilita ao homem ser quem ele é de direito e de fato: a linguagem. Em vários outros textos que escrevi,  no meu blog, sempre refiro-me a respeito da importância do pensamento, da palavra e do conceito como condição de percepção e compreensão da realidade nas suas várias dimensões. E, portanto,  neste texto gostaria de tentar fazer uma conexão, uma ponte entre a linguagem e o ser humano, afinal é impossível darmos sentido e significado à vida e ao mundo,  sem a mediação dos pensamentos e das palavras como representações do universo humano.


Todavia, como já dissera em outros textos, o ser humano não existe como algo abstrato e, assim, pudéssemos nos livrar,  como num passe de mágica,  da sua situação concreta, existencial  e tendo como fardo um corpo,  que não apenas ocupa um lugar no espaço como os outros objetos,  mas percebe tal espaço, convive com outros e estabelece relações sociais de produção e reprodução da sua vida material e tem consciência da sua dimensão temporal. Isto significa que o homem coexiste consigo mesmo e com os seus semelhantes de uma forma contingente no espaço-tempo. É impossível conceber um sem o outro, pois estão intricados, relacionados e, com isto, estabelecemos uma relação de causa e efeito com o mundo.


Evidentemente, que tudo o que foi supracitado,  é belo,  e faz do ser humano, apesar da sua insignificância diante do Universo, um ser único e de uma certa forma especial. Contudo, paradoxalmente, o ser humano como ser belo e especial, também é um dos maiores abortos já gerados casualmente, aleatoriamente, pela "mãe" natureza. Em outras palavras, um ser capaz de construir e destruir com a mesma eficácia, eficiência, capacidade e "competência".


O pensamento, a palavra, o conceito como representações do mundo, da realidade fazem do ser humano a única espécie que vive no tempo e, com isto, relembra o passado, tem consciência do presente e projeta o futuro,  antecipando-o pela imaginação. O ser humano "controla" e manipula o seu meio ambiente da forma que lhe convier e quiser.


Todavia, um dos piores defeito humano,  é a arte de enganar o seu semelhante; mentir ou faltar com a verdade. O filósofo alemão, Kant, já dissera algo muito profundo sobre a importância da verdade e de como o homem deveria ser tratado como um fim em si mesmo e não um meio. Evidentemente, que a mentira é uma das formas de se usar uma pessoa como meio, portanto, a serviço dos interesses pessoais, e quem é usado fica carente da sua humanidade.


E, o que mais me entristece,  é o ser humano com toda essa capacidade, fazer um mau uso da palavra, palavra esta que o coloca numa posição de destaque na natureza e na cultura, mas ao mesmo tempo é a mesma que o que o faz rastejar na lama e ser pior dos que os vermes. Os vermes não têm culpa de ser vermes, mas o homem tem culpa de ser pior do que as víboras. Não sou religioso nem sei se existiu,  de fato,  um homem na História com o nome de Jesus, contudo, o mais importante foi a frase que a tradição lhe atribui: " O HOMEM É UMA RAÇA DE VÍBORAS". E digo mais: o ser humano é pior do que as víboras, pois estas não podem escolher, o homem, se não for vítima de nenhuma doença mental grave, pode fazer belas escolhas e assim contribuir para colocar a luz da razão e da ética a serviço da humanidade, usando, sempre que possível,  a VERDADE.


TEXTO:  Marco Aurélio Machado

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Frases para REFLEXÃO!


A palavra do ser humano deveria valer mais do que a sua assinatura e o número dos documentos.


Ser livre não é apenas o poder de ir e vir, mas agir e assumir o fardo da responsabilidade.


Uma cela de cadeia pode prender o corpo físico, mas não a liberdade de quem não teme as crendices tolas e infantis, afinal, há muitos "presos" que são mais livres que aqueles que não saem dos templos...


Buscar a permanência na impermanência é não saber a distinção entre a lógica formal aristotélica e o dinamismo da realidade e o movimento dos pensamentos.


"Existir" é fácil,  perguntar radicalmente o porquê da existência neste mundo é que é difícil...


Há pessoas que são idosas em idade e ainda são crianças na reflexão.


O ser humano que não mergulhar nas trevas, jamais verá um pequeno facho de luz, mesmo estando dentro de um shopping center...


Nunca pergunte a uma criança se ela é feliz, pois a alegria contagiante é a própria essência dela!


Há pessoas que se consideram tão maduras que já ficaram podres e ainda não se deram conta...


Se alguém quiser ser proprietária de um ser humano, mesmo num sentido "amoroso", estará dando o primeiro passo para ser escrava de si mesma.


Um discurso bonito pode iludir e encantar, todavia, é a correspondência entre o que se diz e o que se faz,  a responsável pela credibilidade e o respeito entre os homens.



TEXTO:  Marco Aurélio Machado




quinta-feira, 8 de novembro de 2012

REFLEXÃO SOBRE A PAIXÃO!

O ser humano é movido por vários sentimentos e emoções,  mas gostaria de destacar neste texto uma das maiores emoções que o homem lida: a paixão. Eis uma emoção, um sentimento capaz de trazer consequências agradáveis, todavia,  na maioria das vezes, resultados e efeitos nefastos...


Mas o que é a paixão? Não vamos,  neste espaço,  conceituar a paixão de um ponto de vista biológico, fisiológico e muito menos vamos fazer uma pesquisa sobre a etimologia da palavra. Neste texto vamos definir a paixão "filosoficamente". A paixão é o surto da razão; é a insanidade temporária do bom senso; é a incapacidade de julgar com lucidez uma situação; é a paralisia da tranquilidade e o avanço do instinto e do estado de natureza no ser humano.


A paixão é a ausência absoluta do distanciamento, da reflexão para mensurar, avaliar, ponderar, meditar sobre um curto-circuito de sentimentos e emoções no interior do homem. Ela é o ato descontrolado de uma alma que tornou-se escrava da situação e não a sua senhora.


A História mostra a força da paixões em muitas circunstâncias e basta aos interessados tal busca ou consulta. Neste texto, gostaria de fazer referência às paixões amorosas. Quem nunca sentiu uma paixão violenta, avassaladora e que consome as nossas noites com insônias? ( mesmo que a pessoa durma um pouco, é muito comum ela sonhar com o "objeto" do desejo intenso e irracional); quem jamais perdeu a fome ou fez algumas loucuras por causa de uma força tão grande, que invade o ser do apaixonado de tal forma, que ele perde a noção do tempo e do espaço? Quem não teve a oportunidade de ler, ouvir ou assistir aos crimes mais violentos, frutos de uma raiva ou ódio que encarna a "alma" de uma pessoa de tal maneira, que a impressão que se tem é que o indivíduo foi "vítima" de uma possessão e obsessão demoníacas?


As paixões existem nos mais variados níveis, sejam nos esportes, na política, na religião, nas diversas formas culturais, mas a paixão amorosa é a alegria e a desgraça humana. Alegria,  por sermos capazes de transmitir o brilho dos olhos, de caguejar e tremer diante do ser "amado". E desgraça,  porque as tragédias são muito mais frequentes, quando não somos correspondidos, e mesmo quando há reciprocidade, numa grande paixão não há lugar para a reflexão fria e racional, caso contrário, não seríamos mais vítimas desta avalanche de sentimentos, de devaneios imaginários e do instinto bruto habitar em nós. Dizem que os filósofos estóicos lidavam muito bem com as paixões da alma e que tinham domínio sobre elas, contudo, ao menos na época contemporânea, a capacidade de tolerar frustrações está cada vez mais frágil...


Que a luz da Filosofia possa nos ajudar a lidar com a paixão de uma forma mais equilibrada. Se não conseguirmos controlá-la definitivamente, que ao menos possamos diminuir os seus efeitos nefastos e deletérios. Se não pudermos ser os senhores deste furacão chamado "paixão", que a reflexão possa nos mostrar que no caminho há muitos precipícios e escuridão, e, que,  por incrível que possa parecer, a percepção destas dificuldades já é o primeiro passo para voltarmos a ver a luz que liberta. E esta luz tem nome: ponto de interrogação!



TEXTO: MARCO AURÉLIO MACHADO

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

QUEM SOU EU?

QUEM SOU EU?


Quem sou eu? Sou a lucidez e a mais profunda escuridão. Sou forte e sou fraco. As minhas palavras cortam a alma e também cicatrizam as feridas de quem merece. Sou o elogio mais sincero e a crítica mais mordaz. Sou anjo e demônio e ao mesmo tempo sou o equilíbrio entre os dois. Sou a mão que acaricia e o abraço mais sincero, mas também sou o desprezo mais cruel e o silêncio mais barulhento.
SOU apenas humano, ora!


Quem sou EU? Sou uma bomba atômica ambulante. Sou uma criatura ácida e doce; sou amargo, azedo e ao mesmo tempo afetuoso e carinhoso. Sou o mau-humor e concomitantemente o bom humor elevado ao quadrado. Sou a franqueza mais direta e sou o rancor diante das injustiças. Sou a coerência na incoerência e sou a incoerência na coerência. Sou um poço de virtudes e vícios.


SOU APENAS HUMANO, ORA!


Quem sou eu? Sou o canto dos pássaros e o estrondo da bomba atômica; sou a felicidade da vitória e a tristeza da derrota; sou o diamante bruto e o vidro lapidado; sou o sorriso da criança e o choro do adulto; sou a beleza do pôr do sol e o horror do terremoto; sou a calma do lago e a violência de um tsunami; sou a harmonia da alma e a contradição dos instintos; sou a paciência do monge e a violência do vulcão; sou a calma aparente e a pressa essencial; sou a arrogância do humilde calado e a humildade do tagarela que diz o que pensa; sou o desejo mais intenso e a apatia de um cético.


SOU APENAS HUMANO, ORA!


Quem sou eu? Sou a ignorância do sábio e a sabedoria do estúpido; sou o que busca sem saber o que busca e sou a o que encontra o que não busca; sou a dor do parto e o alívio do nascimento; sou a dor da morte e o pranto da vida; sou o olhar de uma criança e a carranca do carrasco; sou o ciúme, a inveja, o rancor e o ódio, mas também sou a compreensão, o altruísmo e o amor. Sou a contradição do movimento e a morte da estabilidade; sou o passado da culpa e a ansiedade do futuro.


SOU APENAS HUMANO, ORA!


Quem sou eu? Sou a vagareza da tartaruga e a velocidade do guepardo; sou a astúcia da raposa e a inocência do coelho; sou o desejo da vida e a vontade da morte; sou a saciedade e a fome; sou a loteria da natureza e o acaso da consciência; sou fruto do amor e da animalidade do sexo. Sou um buscador da essência da ignorância, pois a essência da ignorância é o ponto de interrogação! Eu sou o filósofo e o imbecil...



Texto: Marco Aurélio Machadowww.marcoaureliofilosofia.blogspot.com

domingo, 9 de setembro de 2012

DIÁLOGO POLÍTICO - O FILÓSOFO E O CANDIDATO A CIDADÃO!

CANDIDATO A CIDADÃO: _ Senhor filósofo, eu sempre quis conversar com um sábio e ouvi dizer que um filósofo poderia me ensinar como votar nestas eleições sem o risco de ser enganado. O senhor poderia me ajudar?

FILÓSOFO:_ Bem, nós poderíamos conversar um pouco sobre o assunto. Em primeiro lugar, um filósofo não é um sábio, mas é um amante da sabedoria. Ele busca a sabedoria, assim como uma pessoa que está morrendo sufocada busca o ar. Em segundo lugar, você estaria disposto a votar em quem eu lhe indicasse?


CANDIDATO A CIDADÃO:_ Acho que sim. Por que não deveria?, afinal, sendo um filósofo, com certeza, o senhor poderia me dizer o nome de dois bons candidatos: um para o Legislativo e o outro para o Executivo.

FILÓSOFO: _ Mas o que é ser um bom candidato?

CANDIDATO A CIDADÃO: _ Ora, senhor filósofo, não é possível que não saiba o que é uma coisa boa e muito menos que não tenha noção do que é ser um bom candidato...Em vez de me ajudar, o senhor só sabe fazer perguntas?! Não me leve a mal, mas acho que perdi o meu tempo.

FIlÓSOFO:_ O que é ajuda? O que é uma pergunta? O que é o tempo? Você pode me dizer?

CANDIDATO A CIDADÃO:_ Ó!! O senhor filósofo é louco, o senhor é completamente aloprado!

FILÓSOFO:_ Mas você poderia me dizer o que é a loucura?

CANDIDATO A CIDADÃO:_Eu já estou perdendo a paciência com o senhor, mas vou responder essa perguntinha imbecil e vou embora daqui, antes que eu fique doido também. Esta é fácil, ora! Loucura é o nome que se dá às pessoas que perderam a noção das coisas, que não sabem distinguir o estado de consciência, da inconsciência, é uma pessoa que não pode ser responsável pelos seus atos. Enfim, alguém que se encontra num estado mental precário e alienado. Gostou ou quer mais? O senhor está pensando que eu sou bobo? Agora, posso ir? Pra mim chega...

FILÓSOFO:_Você é livre para ir e vir...E um filósofo não vai tirar todas as suas dúvidas. Pelo contrário, ele pode até gerar mais algumas. Quer mesmo ir embora ou podemos continuar o nosso diálogo? Podemos tentar encontrar as respostas sobre este assunto juntos...

CANDIDATO A CIDADÃO:_Senhor filósofo, tenha misericórdia, eu só queria saber como escolher um candidato para o Legislativo e um para o Executivo. Mais nada. A minha cabeça já está doendo por causa das suas perguntas sem fim. Por favor, diga logo como eu devo fazer.

FILÓSOFO:_Lembra-se quando eu o perguntei sobre o tempo? Evidentemente, que fazer uma reflexão sobre o tempo é bastante difícil, mas na rica História da Filosofia alguns filósofos já se debruçaram sobre esse tema fascinante e se for do seu interesse, procure numa boa biblioteca ou na internet que, com certeza, você achará. Mas voltando ao nosso assunto: a ideia de tempo nos remete à História. No caso, a História de um partido político, em geral, e a de um indivíduo que coloca o seu nome à disposição de um partido para ser candidato, em particular. Penso que não sabemos como será o futuro, e a lógica nos assuntos sobre o comportamento humano não nos autoriza a dizer que o passado será igual ao presente e muito menos ao futuro. Todavia, no que se refere à ética e à política, talvez o passado de um partido ou de um indivíduo possa nos dar alguma pista. O que você acha?

CANDIDATO A CIDADÃO:_Mais uma pergunta! Eu quero é ter certeza, pois a dúvida é um verdadeiro pesadelo para mim. Eu acho que vou anular o meu voto. Todo político é desonesto mesmo! Talvez, quem sabe, vender o meu voto... São todos iguais! E eu ainda ganharia um dinheiro extra. O que tem o passado que ver com a política? A maioria absoluta dos políticos é corrupta. Uma vez corrupto sempre corrupto. Além do mais, não está escrito na testa de ninguém a palavra "honestidade". E mesmo que a pessoa seja honesta, quando chega "lá" tem que entrar no esquema, caso contrário, não faz nada. Eu vou é vender o meu voto mesmo e pronto.

FILÓSOFO:_Calma! Vamos analisar a situação mais de perto. De um ponto de vista lógico, não podemos dizer que o passado necessariamente repetir-se-á no futuro. Aqui caímos numa situação complexa, pois desse prisma, mesmo que um político tenha sido desonesto, não podemos concluir que ele o será no futuro. O mesmo argumento serve para o político honesto, pois o fato de ele ter sido honesto no passado, não legitima a inferência que ele o será no futuro, certo?

CANDIDATO A CIDADÃO:_Onde eu estava com a cabeça quando resolvi procurá-lo? Agora as coisas pioraram de vez. Pode explicar melhor?

FILÓSOFO:_Claro. Se logicamente é possível, tanto um político desonesto, ficar honesto e vice-versa, então o silogismo dedutivo não serve para resolver o problema, pois os fatos podem nos contradizer, ou seja, um único político desonesto, ficar honesto , ou um único político honesto, ficar desonesto. Basta isso, para que o nosso silogismo seja falso.

CANDIDATO A CIDADÃO:_Que confusão! Mas estou começando a gostar disso. Continue, por favor!

FILÓSOFO:_Não temos garantias em nada que é humano. Ser humano é estar aberto para as escolhas. Nós escolhemos dentro dos limites humanos. O ser humano não é como o animal, que já nasce "sabendo" das coisas, instintivamente. Ele é um ser social e cultural. Ele tem que se autoconstruir o tempo todo. Fica claro que a política é uma dimensão muito importante da vida em sociedade. Se todos nós fôssemos programados pela leis naturais apenas, não precisaríamos da política. E se todos fôssemos éticos, não precisaríamos de leis, logo, o Estado não seria necessário. Concorda?

CANDIDATO A CIDADÃO:_Estou tentando acompanhar o seu raciocínio, mas confesso que ainda está muito teórico e eu estou começando a acreditar que os que dizem ser a Filosofia muita abstrata não deixam de ter razão. Para que tanto lenga-lenga para responder uma simples pergunta? Tudo me parece tão óbvio...

FILÓSOFO:_O óbvio só é óbvio para os tolos. Se as pessoas tivessem o hábito de fazer reflexões sobre a vida, o mundo, a natureza e a cultura, talvez o mundo humano fosse bem mais rico e feliz. E a política, volto a dizer, é uma dimensão essencial para que possamos viver em sociedade. Ao menos nos próximos séculos, isto é, se os homens não abrirem mão da política e partir para a selvageria de uma guerra atômica...

CANDIDATO A CIDADÃO:_Deus nos livre e guarda, senhor filósofo! Vire essa boca para lá! Credo! O senhor ainda vai demorar muito, hein?!

FILÓSOFO:_Deus? Bom, se ele existe, parece que não interfere no mundo, por outro lado, se não existe, nunca saberemos. Então, até que se prove o contrário, só podemos contar com a capacidade humana de resolver os seus problemas. É por isso que a política é laica, leiga e os seres sobrenaturais devem ser assunto para as religiões, mas na esfera da vida privada. A política é da ordem do público, profano, mundano...

CANDIDATO A CIDADÃO:_O senhor não deveria blasfemar! O senhor não teme a palavra de Deus? Deus castiga, viu?

FILÓSOFO:_Por quê? Porque estamos buscando a verdade? Se Deus castiga, ele terá muito trabalho para condenar tantos religiosos e políticos que ganham dinheiro explorando pessoas humildes com falsas promessas. Sem contar as guerras santas feitas em nome do amor divino, certo? Não se preocupe com isso agora. Precisamos saber algumas regras para escolher os nossos representantes.

CANDIDATO A CIDADÃO:_Tudo bem...Termina hoje ainda? Queria assistir à novela das 9h.


FILÓSOFO:_Sim, não vamos demorar. Não há como prever o comportamento humano. Como vimos, o passado não determina necessariamente os nossos atos no futuro, e quando se trata do poder político, então, a situação é imprevisível. Todavia, não temos muitas escolhas. Numa "democracia" temos direitos e deveres. Se, como você disse antes, não está escrito na testa de uma pessoa ou político, a palavra "honestidade", logo só podemos contar com os atos do passado do político. Não há outra alternativa. É importante saber a vida pregressa do candidato (a). Ter um passado "limpo", tanto do ponto de vista ético, quanto do ponto de vista jurídico. Como tal candidato(a) aborda o cidadão para pedir votos. A meu ver, um "bom candidato diz exatamente quais são as funções do cargo que ele deseja ser eleito. Por exemplo, o candidato a vereador (Legislativo) não é candidato ao Executivo. Como pode , então, fazer promessas que são da alçada do prefeito? Um vereador não faz obras e nem tem a obrigação de fazer "serviço social". Um vereador deve legislar ( fazer leis); fiscalizar os atos do prefeito ( Executivo); denunciar possíveis irregularidades na administração pública; fazer emendas ao orçamento municipal, ou seja, pode tentar negociar uma verba para fazer obras em uma determinada região, por exemplo; e pode ainda fazer parte da oposição ou participar da base de apoio do prefeito, e ser um canal de comunicação entre o prefeito e o povo. É pouco? Pelo contrário, é muita coisa.

CANDIDATO A CIDADÃO:_O que o senhor disse é muito importante, sem dúvida, mas ainda não disse como identificar um bom candidato...

FILÓSOFO:_Eu já disse sobre o passado do candidato. É muito importante procurar se informar a esse respeito. Contudo, há informações que não podem faltar. Por exemplo: o candidato solicita o seu título de eleitor para anotar? Se faz isso, então é bom desconfiar. Isto é ilegal e também uma tentativa de controlar o voto do eleitor. Um "bom" candidato não faz promessas absurdas e levianas, não doa cestas básicas, dentaduras, cimento, tijolos, e outros favores. Não promete empregos. Isto não é da alçada de um candidato. E torna a eleição profundamente desigual, pois o poder econômico é para os ricos. Evidentemente que para cada comprador de votos há um vendedor. E quem é o vendedor de votos? O próprio eleitor. Neste sentido, onde está a diferença entre comprador e vendedor de votos? A meu ver, não há distinção entre os dois: ambos são desonestos. Existe uma relação de cliente: comercial ou de favor. O político é o retrato da sociedade, afinal ele também faz parte dela, não é mesmo? E tal relação custa muito caro para o eleitor, porque esse dinheiro sairá de algum lugar. Que lugar? Fica aí uma sugestão para uma posterior reflexão. Pensar "dói" um pouco, mas liberta...

CANDIDATO A CIDADÃO:_É...Realmente, eleição para escolher os nossos representantes é uma coisa muita séria. Eu nunca tinha pensado em todas essas coisas...

FILÓSOFO:_Vamos fazer uma pequena digressão agora? Eu me lembro de cada palavra sua quando fiz uma pergunta sobre a loucura. Todavia, vou dizer o mínimo. É o filósofo realmente um louco como você disse? Quem parece não ter consciência, de não ser o responsável pelos próprios atos; de estar num estado de insconsciência, e que confunde o sonho com a realidade é, por acaso, o filósofo? A maioria das pessoas vive num estado de entorpecimento, de alienação, que chega a dar pena. E são essas criaturas que normalmente chamam o filósofo de louco. Quem é o verdadeiro louco? Podemos concluir, que é aquele que vegeta no mundo, que não apenas desrespeita o seu voto, mas que vende o maior tesouro que um ser pode ter: A SUA CONSCIÊNCIA! O que eu disse sobre o Legislativo, serve também para o Executivo. Isto não é uma conclusão, ao contrário, é o ponto de partida para um debate, uma discussão para todos os candidatos a cidadão. BOM VOTO nas próximas eleições!


TEXTO: Marco Aurélio Machado

sábado, 4 de agosto de 2012

O PODER POLÍTICO!

O poder é um verdadeiro maná dos deuses para o homem. Ele está nas palavras, na hierarquia das classes sociais, na economia, na cultura, na ideologia, nos meios de comunicação, na religião, na ciência, na técnica, na tecnologia, mas, principalmente, na política. O poder político é o fundamento de todos os outros poderes, porque ele tem a "legitimidade", o monopólio da força, e as suas consequências mais nefastas e desastrosas. O poder é onipresente: está em toda parte. Onde houver duas pessoas conversando, haverá, sem dúvida, relação de poder. O homem deseja o poder como o "demônio"deseja almas para um "passeio" no inferno."

Pouquíssimos homens ( e mulheres ) desejam o poder como um meio. O poder como meio é para promover o bem comum dos cidadãos e cidadãs. Existe o poder como um fim em si mesmo para a promoção do bem comum? A meu ver, não. Por quê? Porque o poder como meio é um instrumento de ideais nobres e altruístas. O poder mesquinho, egoísta, bajulador, ambicioso e perverso não é um meio, mas é um fim em si mesmo. O poder pelo poder é, em última análise, o poder como um fim. E, infelizmente, são os homens e mulheres mais despreparados que normalmente gostam do poder como um fim. O poder pelo poder significa privilégios para uma minoria e a desgraça da maioria. Geralmente, com o consentimento da própria maioria...

Se o cidadão comum soubesse a importância do poder político, não daria o seu voto sem conhecer profundamente o candidato ao poder. O homem que ainda não conseguiu domar os seus instintos mais primitivos não deveria desejar o poder. Todavia, ele o deseja justamente porque há uma ambição desmedida e o ódio pela reflexão racional. Aliás, Platão já preconizava mais ou menos isto. Para ele, o governante que ainda não dominou a ganância, o egoísmo, a ambição, numa palavra, o homem que não tem autodomínio e sabedoria não poderia nunca ser governante. Para governar os outros, antes é preciso governar a si próprio.

E quem disse que alguém chega ao autodomínio e à sabedoria sem sacrifícios? E quem deseja o poder pelo poder, ou seja, o poder como um fim em si mesmo, quer atalhos para prazeres e privilégios pessoais. O poder político como meio exige, ao contrário, desprendimento, espírito de sacrifício, generosidade. Ele tem o dever de estar a serviço do povo.

O poder político é tão importante, que alguns governantes do mundo tem o poder de acabar com a fome e a miséria no mundo, assim como têm o poder de fazer uma guerra atômica e mandar este planeta pelos ares. O poder político pode resolver os conflitos por meio da diplomacia ou da força militar. Quando a razão se despede, a força bruta das armas faz a alegria dos poderosos de plantão. Eis o poder político despido das belas palavras...

Texto: Marco Aurélio Machado

quarta-feira, 4 de julho de 2012

O MISTÉRIO!

A palavra mistério é, sem dúvida, uma das mais pronunciadas no mundo. Há vários exemplos na vida cotidiana sobre o conceito de mistério, mas gostaria de me deter no seu sentido metafísico, e a contradição entre a dúvida ou a certeza daquilo que existe e o suposto inexistente...

Desde a primeira vez que ouvi tal palavra, ela sempre ocupou ao menos um pouco a minha mente. Ao me interessar cada vez mais pela Filosofia em geral e pela metafísica em particular, evidentemente que a capacidade de pensar e repensar o conceito de mistério também foi crescendo. Numa palavra, ao refletir sobre um assunto supostamente tão espinhoso, agora tenho sérias dúvidas sobre a possibilidade de alguém tentar sair pela tangente quando é questionado até as últimas consequências sobre assuntos metafísicos relacionados ao "mistério". E penso ser este um problema de paradoxo da linguagem, de contradição lógica, como tantos outros que poderíamos citar, mas que não vou colocar aqui.

É muito comum a discussão e o debate entre as pessoas de fé e aquelas mais ligadas à Filosofia e à Ciência. E não é segredo para ninguém que muitas pessoas religiosas também gostam de Ciência e tentam, na medida do possível, fazer uma conexão, uma ponte entre essas "adversárias". Afinal, contar com o apoio da Ciência seria muito bom. Entretanto, será possível alguém se referir ao mistério sem cair numa grande contradição?

Mas afinal de contas, o que é o mistério? Algo que ninguém pode saber, que é incognoscível para sempre à percepção e ao conhecimento humano, dirão uns; algo totalmente desconhecido e que só Deus sabe, dirão outros. E, provavelmente, muitas outras formas de definição devem existir, mas fiquemos, para o que nos interessa aqui, apenas com os dois conceitos supracitados.

O problema é o seguinte: se o mistério é misterioso, como pode alguém se referir a ele? Em outras palavras, se não sei o que é o mistério, como posso me referir a algo que não sei o que é? Se sei o que é o mistério, como posso continuar a dizer que é um mistério, ou seja, algo desconhecido e misterioso? Se conheço o mistério, ele ainda é misterioso e desconhecido? Se sei o que é o mistério, ele não é mais o mistério, porque pode ser conhecido, se não sei o que é o mistério, não posso falar sobre ele. Logo, o conceito de mistério não pode ser afirmado e nem negado. É apenas mais uma gaiola metafísica... Mais um paradoxo da linguagem humana!

Para terminar, eis mais um paradoxo para quem adora dizer que tem a palavra divina. Como pode Deus ser misterioso e ao mesmo tempo a sua palavra estar na Bíblia ou em outros livros sagrados? Se Deus é um mistério, então, é desconhecido e nada pode se falar a respeito dele; se a palavra de Deus está nos livros sagrados, então não existe mistério algum e tudo o que se precisa saber sobre já está escrito e a humanidade não pode mais se referir à palavra mistério. Fiquem à vontade para escolher...

Penso que o maior "mistério" é saber quem diz a verdade, pois os religiosos não se entendem...O interessante é que poderíamos, diante da tal contradição, dizer que somos todos agnósticos. Penso, sinceramente, que haveria mais tolerância e humildade diante da nossa imensa ignorância do desconhecido...Alguém dizer que a palavra de Deus está contida nos livros sagrados e, diante de questionamentos insolúveis, afirmar que é um mistério, é o mesmo que dizer que um triângulo é um quadrado. Haja pirueta mística!!! Pois é...


Texto: Marco Aurélio Machado