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segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

O MITO DA "MERITOCRACIA"!!

Há uma discussão rasa,  preconceituosa, ideológica e alienada sobre a "meritocracia", principalmente, com o advento das reformas neoliberais no mundo, em geral, e, no Brasil, em particular. O mantra não vem de um místico, nem foi contemplado na metafísica platônica, por parte de algum capitalista "iluminado". Aliás, um capitalista iluminado existe? Acredito que sim!! Pelos holofotes em suas variadas formas: mídia, festas, badalação, ostentação...Depois? As trevas da alma!! Todavia, "a alma", neste contexto, não deve ser confundida com alguma substância eterna e imortal preconizada pelas religiões e " o esoterismo" dogmático.

A perplexidade só aumenta no atual sistema, pois a impressão que passa,  àqueles que têm uma percepção ampla da situação, é que há uma espécie de escatologia histórica e que o sistema capitalista de produção existe como se fosse o outro nome da História  e esta tem uma finalidade inexorável decretada por Deus!! Um Deus que estaria de acordo com a exploração e a opressão; com a destruição da criação, ou seja, a natureza?  Deus aceitaria a extinção da própria espécie humana por causa da ambição, ganância e egoísmo? Será? Duvido...

O maior problema é que a maioria das pessoas não desvela problema nesta concepção!! Enquanto o apocalipse não chega, podemos fazer deste mundo um "eterno" CARNAVAL!! Contudo, onde entra, neste texto,  a tal "meritocracia"? O que é meritocracia? O poder do mérito!! E de onde vem o mérito? Segundo a "nata" bem nascida,  sabe-se lá como, vence na vida quem é "esforçado", que estuda e trabalha duro"; que tem uma imensa "força de vontade"; que acredita em Deus e é abençoada por "Ele"; que a inteligência é apenas "inata", ou seja, está no DNA do indivíduo que nasceu para vencer, porque é merecedor!! Uma pessoa realmente inteligente acredita nisso? Duvido...

Evidentemente, que o esforço pessoal, a força de vontade, o estudo e o trabalho duro são essenciais para uma pessoa "vencer na vida". Mas,  não podemos esquecer,  que uma pessoa que nasceu numa família das classes com maior poder aquisitivo, tem muito mais possiblidade de garantir o "mérito". Senão, vejamos: a alimentação balanceada, o acesso à cultura: teatro, cinema, livros, intercâmbios, escolas particulares, aprendizado de línguas, maior preparo, por causa do sustento dos pais, que bancam os estudos nas melhores escolas públicas federais, inclusive, a extensão desses privilégios,  até mesmo nas melhores universidades do mundo, fará ou não,  alguma diferença?

Eis a prova cabal desta tese: basta supor a adoção, de algumas crianças pobres,  desde a mais tenra idade, por famílias abastadas. Elas teriam, ou não, mais chances de conseguirem a tal "meritocracia"? Usufruiriam o conforto e as benesses, incluindo, além do supracitado, as diversas influências: política, econômica, social e cultural. Se tais crianças nascessem e crescessem numa família pobre ou miserável, só com muita "força de vontade", todavia, esta é uma exceção e não uma regra, afinal o fundamento da MERITOCRACIA é o "berço" em que se nasce. Algumas pessoas conseguem fugir do destino de reprodução da pobreza, porém, não é fácil.


Conclusão: A MERITOCRACIA É UM MITO, uma ideologia que inverte a realidade, cujo objetivo é naturalizar o que é social, econômico, político, histórico e cultural. "Os denominados "coxinhas" não sabem disso, porque a alienação faz com que o sujeito não saiba a diferença entre ele e um objeto...Ele não pensa, é pensado!! A sua voz é um eco do que há de mais podre neste País: o ódio de ter que dividir o mesmo espaço com os sem quase tudo...


TEXTO: Marco Aurélio Machado





quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

REFLEXÃO SOBRE LIVROS DE AUTOAJUDA!!

Os denominados livros de autoajuda e aqueles "especialistas" que fazem das palestras sobre tal tema,  um meio de ganhar a vida, sobretudo os mais "famosos",  provavelmente,  não devem ter o que reclamar em termos financeiros, pois o mercado referente à autoajuda parece que aumenta na proporção que se aprofunda a depressão, a angústia, o vazio existencial e o desejo infinito de ser feliz das pessoas.


Estamos "vivendo" numa época em que trocamos a reflexão pessoal pela "sabedoria" superficial dos vendedores de soluções fáceis para a tal decantada "felicidade". O importante é ser feliz, mas não perguntamos, questionamos, indagamos ou problematizamos o que significa a felicidade. Substituímos um tempo, que deveria ser necessário para mergulhamos profundamente nas questões essenciais da existência,  para lermos livros e frequentar palestras  dos conselheiros de autoajuda,  de como devemos pensar, sentir e agir.


Em outras palavras, trocamos a autonomia pela heteronomia; a escolha pessoal pelas escolhas dos especialistas da "alma humana"; a liberdade pela suposta experiência de quem sabe o que é a vida e a felicidade. Será que tais livros e "especialistas" de autoajuda sabem mesmo o que é ser feliz e são felizes em ato e não apenas em potência, como talvez diria Aristóteles?
É difícil acreditar naqueles que preconizam soluções para todos os dilemas e sofrimentos da vida, vivam, de fato, a felicidade ditada em livros e em frases decoradas nas constantes palestras. Parece-me, para relembrar aqui o grande filósofo, Epicuro, que aquilo que não é natural nem necessário, não pode nos proporcionar alegria e uma vida digna, honrada e feliz.


Pelo contrário, a ânsia de fama, poder, glória e muito dinheiro são desejos artificiais que podem nos trazer muitas amarguras. Não seria justamente isso, que a sociedade do consumo faz apologia,  como a panaceia de uma vida feliz?


A meu ver, os livros de autoajuda deveriam ser "lidos" com uma lupa. Deveriam ser comparados com a biografia dos autores, porque parece-me que quem propõe soluções fáceis para os grandes desafios da existência,  quase sempre não consegue resolver os próprios problemas. Dizer o que o outro precisa fazer em tal e qual situação é uma coisa; colocar em prática as "teorias" (conselhos),  é outra muito diferente...


Além do mais, é preciso ter-se uma visão de conjunto da realidade humana, afinal as vicissitudes  pessoais estão num contexto mais amplo, não são apenas psicológicas: o homem é um ser econômico, religioso, cético, cultural, social, político, entre outros. Ao nos depararmos com livros de autoajuda e especialistas da área, devemos nos perguntar: estes livros e as pessoas que os escreveram são sujeitos que escolhem e vivem a felicidade, ou estão mais interessados em serem escravos do dinheiro e são tão vazios e infelizes quanto a maioria das pessoas que os idolatram? É possível ser feliz sem saber o que é a dita cuja ou a felicidade só pode existir em ato,  neste sentido,  as crianças seriam os nossos melhores exemplos? Pois é...


TEXTO: MARCO AURÉLIO MACHADO