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domingo, 15 de novembro de 2009

Filosofia - Quem é o EU?

Quem é o EU? Ele é fixo? É permanente? Se fosse seríamos a mesma pessoa e não cairíamos em contradições. Uma hora estou alegre, na outra, estou triste; uma hora, estou calmo; na outra, estou nervoso; uma hora quero; na outra, não quero. A mente humana (EU) é o conjunto de tudo isso. Como poderia um Eu pensar independentemente do pensamento? Quando penso, o único processo que existe é a relação de pensamentos. Num conflito sem fim. O Eu é impermanente, muda o tempo todo, mas ao tentar congelar o real, ele entra em conflito e em contradição. É preciso mergulhar fundo nisso. Não é fácil compreender. E nem vou tentar explicar. Ficaria aqui um ano. Sugestão: leiam os livros do Krishnamurti. Ele não é místico como muita gente pensa. Ele é um cético que suspendeu todos os juízos. Quem consegue suspender os juízos só percebe os pensamentos. Contudo, não interferem nele. É como se cada ser humano fosse um labirinto. Os pensamentos estão dentro do labirinto( mente ), eles vão para lá e para cá, mas não conseguem escapar da sua própria natureza, que é o movimento, o dinamismo e a impermanência. O Eu é o centro que se forma por querer ser permanente e estático. Ele quer segurança. Mas não existem segurança e permanência. Só existem mudanças. Compreendendo isso profundamente, não há o que fazer. Assim, como é perda de tempo tentar escapar do labirinto, pois não tem saída, é perda de tempo querer controlar o "oceano" dos pensamentos. Toda tentativa de controle vai gerar uma neurose no indivíduo.

Logo, esta pretensão de rotular: eu sou isto; eu sou aquilo, é perda de tempo. O ser humano é o resultado das suas escolhas. Ele é o resultado dos seus atos, mas não de uma forma definitiva. Posso querer hoje e desistir amanhã. Não há felicidade permanente num mundo, ontologicamente, impermanente. Mais: o prazer contém a dor.

Tudo tem o seu preço. Quer prazer? Ótimo!!! Mas ele traz consigo a dor, pois tudo o que vira memória e lembrança é fonte de prazer e de dor. Os desejos são infinitos, mas quem vive como se fosse um animal, dando vazão aos seus instintos primitivos, não deveria reclamar. Todo prazer é vontade de mais prazer, num processo ad infinitum. Quando não vem, tome sofrimento e dor. Gostoso, não?

Texto: Marco Aurélio Machado