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sábado, 31 de outubro de 2009

Filosofia - A arte de fazer perguntas

Infelizmente, para muitos, é a arte de chegar com as respostas prontas. O que é lamentável. Não há assunto que seja tabu em Filosofia. Contudo, muitos querem falar de realidade, verdade, essência, fenômenos, lógica dedutiva e indudiva, enfim, querem falar de assuntos complexos, como se estivéssemos filosofando como na época dos gregos. Confundem a palavra Filosofia com as diversas correntes da disciplina. Isso gera toda forma de equívocos. O problema é que muitas pessoas não sabem nem a etimologia da palavra.

Os conceitos em Filosofia são essenciais. Contudo, desde Kant, não há mais conceitos de Filosofia que ultrapassem o mundo dos fenômenos. Filosofar é ir à raiz das questões. Quem vai à raiz, muitas vezes, não encontra a paz. Pelo contrário. O problema é que achamos que a filosofia é única. Esquecemo-nos que existem várias correntes na Filosofia. Cada uma parte de um pressuposto diferente. Enfim, filosofar é fazer uma reflexão profunda sobre todos os aspectos do real. Todavia, vai depender muito da corrente filosófica que a pessoa segue. Se não fosse assim, a Filosofia já teria morrido há muito tempo. Cada resposta em filosofia se torna numa nova pergunta: infinitamente. É por isso, que cada vez que uma disciplina se separa da Filosofia, nasce uma Filosofia dessa disciplina. Outro dia estava lendo algo que me deixou intrigado: a Filosofia da BIOLOGIA. Não conhecia essa área.

Qual é o conceito de verdade que uma pessoa que se interessa pela Filosofia preconiza? É racional, lógica, rigorosa e de conjunto? De que corrente filosófica é o seu conceito de Filosofia? A verdade está no objeto? Está no sujeito? É uma relação sujeito-objeto? É práxis? É histórica? É uma convenção social das comunidades científicas e filosóficas? O que você acha?

É possível falar de um fato sem uma teoria que o sustente? O fato, em si, prova alguma coisa? Ou os fatos são feitos? Eu, particularmente, sigo o método científico. Ele é provisório, mas é o melhor que tem. Melhor, porque evolui. A Filosofia para mim é uma reflexão. É retomar o pensamento sobre si mesmo, para ver se há novas possibilidades. Contudo, essa porta não se fecha. Sempre há novas possibilidades.

Por exemplo, Hegel foi um gigante. Não sou especialista em Hegel, mas não gosto do Idealismo de jeito nenhum. Total inversão de mundo, a meu ver. Viaja nas idéias...
Hegel foi um gênio. Um grande filósofo, sem dúvida. Contudo, construiu um grande castelo de idéias sem relação com a realidade. Karl Marx, sim, usou a dialética nas entranhas do real. Foi à raiz ontológica do ser humano. Ou seja, só se é homem através das relações sociais de produção. Ninguém filosofa com a barriguinha vazia. Deixe o planeta ficar sem produzir durante um mês, para ver o que acontece!! Vou falar um pouquinho das várias concepções do conhecimento, resumidamente, para que possamos ter uma visão panorâmica do assunto.

Os filósofos gregos, de uma maneira geral, eram metafísicos. A realidade era racional e o homem, sendo racional, poderia extrair o conceito de dentro das coisas. Buscavam a essência das coisas no objeto. A pergunta era: como é possível o erro? De uma certa forma, essa maneira de filosofar passou pela Filosofia Medieval. Tanto é que os filósofos medievais buscavam provar a existência de Deus, da alma etc, através da razão. Deus dá a certeza-iluminação-, posteriomente, a razão confirma.

A partir da Filosofia Moderna essa concepção muda. René Descartes desloca a verdade para o sujeito. É o famoso "Cogito, ergo sum": "Penso, logo existo". A única certeza que tenho é que sou uma coisa pensante. Descartes duvidou até do próprio corpo. Mas, não poderia duvidar que existia: nem que fosse como uma coisa pensante. A pergunta é: como é possível a verdade? Passamos por Locke e Hume. Empiristas ingleses. Este último detonou com a metafísica e a própria razão. Tudo o que conhecemos não passa de hábitos e costumes da nossa mente. De um ponto de vista estritamente lógico-dizia ele-, não temos certeza nem que o sol nascerá amanhã. Não entrarei em detalhes. David Hume acordou Kant do seu sono dogmático. Resumindo: Kant questionou Hume e procurou fazer uma síntese entre o empirismo e o racionalismo. O chamado CRITICISMO. Para fundamentar a física, acabou com a metafísica. Em última análise, é o sujeito quem constrói o conhecimento. Só podemos conhecer o mundo fenomenal, ou seja, aquilo que está no espaço e no tempo. Kant abre o caminho para o agnosticismo.

Com Edmund Husserl aparece a FENOMENOLOGIA. Em síntese: toda consciência é intencional, ou seja, toda consciência tende para um objeto. E todo objeto só existe para uma consciência. Não existe a coisa em si ( o númeno) kantiana.

A práxis é um conceito de que todo conhecimento é uma relação dialética entre teoria e prática. Uma aperfeiçoa à outra. O marxismo preconiza essa forma de pensar. Incluindo a idéia de uma verdade histórica, portanto, relativa.

O conhecimento como convenção social é um acordo entre os especialistas sobre o que é verdadeiro. A verdade é uma convenção social. Temos outras, mas fico por aqui. Espero ter contribuído!

Texto: Marco Aurélio Machado