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sexta-feira, 1 de junho de 2012

EUTANÁSIA

Eis um assunto polêmico: a eutanásia. Mas o que é a eutanásia? Não vou consultar dicionários e nem "especialistas" sobre a etimologia do termo. Vou no popular: eutanásia é o direito de morrer com dignidade e com o menor sofrimento possível.

A meu ver, todo ser humano tem esse direito, mas quase tudo o que é humano tem divergências, e com a eutanásia não poderia ser diferente. A eutanásia é um tema controverso, porque envolve juízos de valores éticos, religiosos, sociais e culturais. Todavia, penso que a vida de um indivíduo é da sua responsabilidade e cabe somente a ele julgar se ela vale a pena ser vivida. Isto com a pessoa gozando de saúde perfeita, imagine, doente e com dores alucinantes?! Sou a favor da eutanásia e talvez continuarei a ser até o "fim"...

Mas por que ser a favor da eutanásia? Respondo com outra pergunta: por que ser a favor do sofrimento? Por que ser a favor das dores insuportáveis, de um câncer, por exemplo, que consome o indivíduo? Por motivos religiosos? Não tenho crenças. Por razões éticas? Alguém já descobriu uma verdade ética objetiva e que fosse referência para toda a humanidade? Penso que não. Por questões culturais? As culturas são relativas e o que é certo para um povo pode não o ser para outras concepções culturais. Enfim, a vida do indivíduo moribundo lhe pertence e só ele pode escolher. Mas e quando a pessoa estiver em coma e não puder optar?

De minha parte, se algum dia ficar em tal situação, quero o seguinte: MORRER. Penso que lei humana nenhuma pode estar acima do direito de uma pessoa de querer a morte em circunstâncias tão cruéis. Afinal, por exemplo, se uma pessoa não puder decidir, quem, em tese, poderia? Aquele que não é o proprietário da vida? Se a pessoa tiver deixado a sua opção, de uma forma clara, é mais fácil. Caso contrário, como proceder? Quais são as razões que tal pessoa teria? Ela teria preocupação com a minha "partida," ou com o desejo egoísta de não sofrer com a minha morte? Ela estaria pensando na ausência do meu sofrimento, ou no bem-estar dela? E se eu tivesse deixado uma fortuna como herança, qual seria a atitude dela? Haveria algum conflito de consciência por desejar um ato e preconizar outro? Quem sabe?

A finitude é para todos, prolongá-la com saúde é uma coisa, com dores insuportáveis, ou num estado de coma, é outra muito diferente. Em que situação somos mais dignos? Deixar a natureza fazer a sua parte e desligar os aparelhos, ou prolongar o sofrimento de todos os envolvidos? Mesmo que a priori fosse por uma boa causa? Pergunto: o que é uma boa causa? A causa de qual interessado? E a causa dos religiosos? A aposta de Pascal, mesmo que não saibam o que ela significa? Os religiosos não deveriam ficar preocupados com a morte do corpo físico, afinal, acreditam que o corpo é deste mundo finito e efêmero, e a alma é uma substância de um "outro reino", logo, ela é imortal e eterna...Meras apostas, nada mais, infelizmente...

Fica claro que a situação supracitada é apenas uma em centenas de outras possíveis. Numa circunstância limite como o é a eutanásia, quase sempre outros interesses ditam as regras...


PS: Hoje, dia 01/06/2012, é um dia muito especial para mim. Quis falar um pouco sobre a morte, para poder celebrar a vida! Parabéns, filha! Nós te amamos!


Texto: MARCO AURÉLIO MACHADO