Página

MAPA DOS VISITANTES DESDE O DIA 29/11/2009

domingo, 30 de maio de 2010

OS PEQUENOS PODERES

Gostaria de fazer uma reflexão sobre o poder, mormente, os pequenos poderes. O que é o poder? Vou definir o poder como a capacidade que uma pessoa, um grupo, uma sociedade tem de impor a sua vontade, seja pelo diálogo, persuasão, pela força de uma lei e, no último caso, pela força bruta policial ou militar. O Estado, por exemplo, tem a legitimidade do uso da força. Isso pode ser garantido pela Constituição de um país, ou por interesses vários. Quase sempre os interesses econômicos são os motivos fundamentais...

Todavia, o poder tem vários tentáculos: pode ser poder político, econômico, cultural, ideológico, social, religioso, midiático, carismático, etc. O poder está espalhado por toda a sociedade e é uma espécie de DEUS: onipotente, onisciente, onipresente, e que nos dá a impressão de ser invisível.

Entretanto, eu queria escrever um pouco sobre os pequenos poderes: os "presidentes" de associações de bairros, sindicatos, grêmios representativos de várias categorias e associações, hospitais, postos de saúde...Mais: gerentes, supervisores, "chefes", professores, diretores de escolas privadas ou públicas, vereadores, prefeitos de cidades pequenas e médias, entre outros.

O que há de tão importante no poder? Por que as pessoas incapazes de fazer uma reflexão superficial sobre o fascínio que o poder exerce em si e nos outros, desprovidas de "gerenciar","coordenar" e controlar os próprios conflitos internos são seduzidas por essa espécie de demônio que habita a mente de tantas pessoas medíocres e imbecis? Por que as pessoas que sabem que o poder neste mundo é efêmero, passageiro e transitório, se encantam por esse demônio? Uma vez um prefeito me disse que o poder é solitário. Ele havia sofrido um atentado e esteve entre a vida e a morte, contudo, após se recuperar, retornou ao poder. Bom, se o poder é solitário e "sofrido", por que tantas pessoas o querem? Que magia é essa? O poder deve ser um meio para promover o bem comum, e não um fim em si mesmo.

Se não passamos de seres finitos e a "vala" é o destino de todos nós, por que as pessoas querem glória, fama, dinheiro, status, juventude, beleza e outras coisas que o poder pode, em teoria, fazer uma pequena concessão?

Eu, particularmente, tenho receio dos pequenos poderosos, mesmo que eles tenham um grande poder de direito; sim, pois o poder exercido de fato e consciente é para muito poucos...Não há nada pior do que ser vítima dos "poderosos" paranoicos e inimigos da razão, logo, da lucidez. Caminham na escuridão com os seus "assessores", que têm alergia ao bom senso. Quero distância dos poderosos sem poder. Paradoxal, não? Poderosos sem poder? Explico: não têm o poder de iluminar o próprio caminho, mas querem iluminar o caminho dos seus "subalternos". "Manda quem pode, obedece quem tem juízo", é o ditado popular. Pois é...

De minha parte, quero apenas um poder: o poder de ficar bem longe de desejar o poder. Quero ter o poder de não desejar o poder. E, se algum dia o tiver, por forças alheias e circunstanciais, que eu tenha o poder de ser o seu senhor. A escravidão do poder, prefiro deixar para as mentes que acumulam invejas, ciúmes, egoísmos e tiranias. São os pequenos ditadores, que só trazem desgraças ao mundo...Sim, porque é a partir dos pequenos poderes que as sociedades se sustentam. Os pequenos filhotes da ditadura não têm o poder de saber disso. Por quê? Porque são ignorantes, pois estão muito preocupados com os aplausos e não sobra tempo para se dedicarem à sabedoria e exercerem um poder de fato, e não apenas de "direito". Amém!

Texto: Marco Aurélio Machado

domingo, 23 de maio de 2010

PLATÃO, ARISTÓTELES, MAQUIAVEL E A EDUCAÇÃO EM MG

Platão dizia que o governante deve ser primeiro capaz de controlar as suas paixões, desejos e ambições para, posteriormente, poder promover o bem comum. Em outras palavras, se o governante não é capaz de controlar os seus apetites corporais e mundanos, como poderá governar os cidadãos?

O filósofo e discípulo de Platão, Aristóteles, preconizava que o homem é um animal político por natureza. Ele dizia que para sermos felizes, deveríamos usar aquilo que distingue o homem do animal, ou seja, viver de acordo com os princípios racionais para nos guiar na esfera privada e no espaço público: na vida pessoal, social e política. A política e a ética deveriam ser unidas. A política propiciaria uma vida digna aos cidadãos e a ética aperfeiçoaria o indivíduo para que fizesse da política um instrumento universal em prol do bem comum.

Com Maquiavel, aquele que é considerado o pai da Ciência Política, a situação supracitada mudará. O velho e sábio ideal grego daria lugar à separação entre a ética e a política. A ética passa a ser o espaço da esfera privada e a política assume, peremptoriamente, a dimensão pública. Não entrarei em detalhes, porque aqui neste espaço, infelizmente, não é o foro ideal para profundas reflexões filosóficas. E eu não faço consultas ao escrever, vou puxando pela memória o que escrevo neste blog. O meu objetivo, no atual texto, é voltar à greve dos professores e a relação entre a política e a ética, mesmo que de uma forma "superficial".

Bom, o "governo" estadual de MG reclama que a greve dos professores da rede estadual é "política". As pessoas inteligentes cujo bom senso e a capacidade de refletir são frutos de um exercício diário tão simples, mas que o governo de Minas insiste em não reconhecer. O governo gasta milhões de reais com propagandas na televisão, no rádio e na mídia impressa. Quem acredita? Só os alienados, a direita raivosa e muitos pais desinformados pelo MANTRA DO GOVERNO. Quando "olham" para a classe de professores lutando por melhores salários e condições de vida, não veem pessoas, só "enxergam" cifrões. A razão, senhora nobre inventada pelos gregos antigos, para eles se resume à matemática. O ser humano, na visão deles, não passa de números e quantidade. A palavra qualidade é estranha...Ora, a política permeia, perpassa todas as dimensões da sociedade. Onde houver duas pessoas conversando, há relação de poder, logo, há política. A Política é poder, o poder é político e se espalha tal qual o vento do mês de agosto. O que tem tudo isso a ver com este texto, que parece não ter fim? Muito! E quem são os grandes culpados? O governo, a sociedade, a mídia e a categoria.

Foi por falta de ação política da categoria e dos sindicatos pelegos, que a situação chegou neste ponto, ou seja, apatia e indiferença durante muitos anos por parte da categoria e excesso de uma política de baixo nível, rasteira e desprezível por parte dos governantes do Estado.

Se os nossos governantes leram Maquiavel, deve ter sido um resumo de gosto duvidoso, pois dificilmente fazem algum "bem aos poucos", em compensação, a capacidade de fazer o mal parece eterna. E a coisa pública? É administrada como se fosse a esfera privada. O cidadão quase sempre só é lembrado para pagar taxas e impostos, em troca de uma prestação de serviço de quinta categoria. É lamentável!


Texto: Marco Aurélio Machado

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Greve, Educação e Consciência Política

Penso que se o prejuízo para os alunos, segundo o editorial, é incalculável, o que dizer da situação dos professores durante os últimos oito anos? O Estado, independentemente de ameaças e demissões , perderá excelentes profissionais. E a qualidade das aulas vai piorar, porque a SEE/MG contratará "professores" que fizeram licenciatura por telepatia e querem apenas "fazer um bico" no Estado. Se os ricos e a classe média alta tivessem os seus filhos matriculados na rede estadual, duvido que este governo reacionário continuaria a pagar migalhas aos professores. A educação no Estado é de péssima qualidade, por causa da falta de consciência e poder de pressão da maioria dos pais, que não acompanham ou não têm noção do que acontece na rede estadual. Infelizmente, os incautos formam opiniões através de uma mídia que, em sua maioria, não está preocupada com a educação pública de qualidade. Será que os filhos dos donos da mídia estudam na rede estadual? Duvido. Por mim, a greve continuará...

TEXTO: Marco Aurélio Machado

P.S.: FIZ este comentário no jornal O TEMPO/MG, editorial do dia 20/05/2010. Espero que publiquem na edição impressa.

domingo, 9 de maio de 2010

FILOSOFIA E EDUCAÇÃO NO BRASIL

A Filosofia deveria começar no "útero materno". Li numa revista, há muitos anos, sobre a Filosofia para crianças. Um caso me chamou muita atenção: uma criança de oito anos fez esta pergunta: "Professora, quando o fogo se apaga, ele vai aonde"? Um outro emendou: "E as bolhas de sabão, o que acontece quando estouram"? Bonitinho, não?

As crianças são naturalmente curiosas e, por isso, fazem perguntas muito interessantes. Depois acabam sendo condicionadas pelas crenças descabidas dos mais velhos. Infelizmente, é enorme o número de pessoas que é contra a Filosofia nas escolas. Entretanto, ninguém pergunta o porquê deveríamos ter tantas aulas de Matemática, Física, Química e Biologia...


Ser um cidadão crítico e consciente; raciocinar com clareza e questionar os dogmas e superstições; ser capaz de fazer escolhas com maturidade intelectual, não serve para o resto da vida? Por acaso, isso é inútil? Pelo tipo de político que ganha as eleições no Brasil, é possível perceber como os nossos alunos são "cidadãos". Talvez, se desde a mais tenra idade tivéssemos mais boa vontade com a leitura e a escrita, principalmente, das disciplinas da área de humanas, os problemas fossem bem menores e a capacidade de resolvê-los fosse bem maior...

Alguns dizem que a Filosofia foi imposta no currículo do Ensino Médio. Discordo. Não é imposição. Todas as outras matérias são impostas também? Quais são os critérios para se escolher uma determinada disciplina? O que é a educação? Para que precisamos ser "educados"? Esta educação está a serviço de quem? Por que eu deveria formar um "cidadão" para reproduzir a forma de pensar, sentir e agir da atual sociedade consumista? Desejar um mundo melhor e ter a Filosofia como o caminho da liberdade, não é muito mais importante do que ser um robô programado para dizer: "Sim, SENHOR"?!!

O problema é que os "donos" do país pensam que a razão é privilégio deles e não um direito de todos os seres humanos. Querem fazer da razão uma seita de iniciados; uma espécie de maçonaria. A reflexão filosófica deveria ser estimulada sempre. Temos horror à ideia de prisão do nosso corpo numa cadeia, todavia, quantos questionam a prisão emocional, psicológica, preconceituosa e, principalmente, a tortura das crenças que dividem os homens?



Texto: Marco Aurélio Machado

segunda-feira, 3 de maio de 2010

O QUE É A MORTE?

A morte é a certeza inexorável e implacável, de que todos os seres humanos, animais e vegetais não escaparão. O ser humano, ao que tudo indica, por enquanto, é o único que sabe conscientemente e peremptoriamente (definitivamente), que a destruição do seu "corpo" material é inevitável.

Eis a grandeza e a miséria humana: por um lado, a consciência, a razão e, portanto, a capacidade de dar significado e sentido às coisas, pessoas e ações. Por outro, essa capacidade humana impõe ao ser humano, tragicamente, a consciência da finitude e, consequentemente, o desaparecimento e o aniquilamento total. Devolveremos os nossos átomos à mãe de todos nós: a natureza.

O homem não sabe o que é a morte. Se soubesse, não sofreria tanto...A imaginação, faculdade humana por excelência, pode ser benigna ou maligna, dependendo da dose. O ser humano, por isso, inventa as crenças, as superstições e os demais recursos que a sua imaginação coloca a seu dispor para tentar domar esta senhora implacável: a morte. A recusa da finitude e a aposta na imortalidade da alma são apenas algumas das muitas crenças que dão significado ao imenso vazio existencial humano.

Todavia, em Filosofia temos que ser honestos intelectualmente. A "verdade" nua e crua é que ninguém sabe o que é a morte. Se existe uma alma, um espírito, um princípio vital, uma energia que frequenta o corpo de todo ser vivente, em geral, e do homem, em particular, é um profundo mistério...Talvez, seja melhor assim...

Num assunto metafísico e altamente especulativo como o é a morte, cabe ao ser humano procurar um sentido para a sua vida. Ninguém tem a receita, porque a vida, por ser dinâmica, não se deixa enquadrar tal qual uma receita de "bolo". O caminho não tem luz própria, logo, a iluminação virá da razão, da imaginação, dos sentimentos e, principalmente, da ação humana. Se houver uma vida após a morte, ótimo, pois a vida continuará; se não houver, excelente, pois não saberemos que morremos. Melhor ou pior para quem fica, pois dela será a responsabilidade de julgar se a pessoa que morreu fez alguma diferença neste mundo. A meu ver, devemos fazer o melhor que pudermos, apostando na finitude. Assim, faremos o bem sem a esperança de ganhar: única forma verdadeiramente de amar...

Texto: Marco Aurélio Machado