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quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

PLATÃO E A BELEZA

Outro dia estava fazendo um debate numa dessas comunidades de Filosofia e surgiu a pergunta sobre "O que é a beleza"? Quero deixar claro que todos os textos que escrevo neste espaço são apenas reflexões que faço na hora; não faço consultas de nenhuma espécie. Tento puxar pela memória e acaba saindo alguma coisa. Alertando, então, para isso, discordei ( para variar, pois o dia em que não discordo de alguma coisa, não durmo), e postulei uma ideia muito peculiar a Platão. Vejamos:

Platão não achava a beleza subjetiva. Daí o seu idealismo realista. O Belo vivia num mundo à parte, existia como "modelo"e, que, portanto, era o MUNDO PERFEITO.

Este nosso mundo era, para Platão, um mundo das aparências, sombras e ilusões. Ele é múltiplo, em contraposição à unidade do verdadeiro mundo. Ele é uma cópia do mundo real, eterno e imutável.

Quando se diz que Platão era um idealista realista parece paradoxal, mas é que as ideias, para Platão, não estão dentro apenas do nosso cérebro, elas são reais, eternas e imutáveis. Eis a bendita metafísica que Platão sistematizou tão bem. Apesar de não gostar muito dele, penso que ele está muito presente até hoje, afinal, Platão foi cristianizado por SANTO AGOSTINHO. Foi colocado dentro do esquemão CRISTÃO.

A beleza é subjetiva e relativa ou objetiva e absoluta? Ela existe na própria estrutura do Universo e nós a descobrimos ou ela é histórica e cultural? O que é a beleza? O que faz a beleza ser a beleza e não outra coisa? Eis a metafísica nua, pura e crua. Para Platão, a beleza existe num mundo à parte.

O interessante é que para Platão explicar um suposto mundo à parte e, segundo ele, era o mundo original, perfeito, imutável e eterno, ele postulou a existência de uma alma imaterial que viveu no MUNDO DAS IDEIAS, FORMAS E ESSÊNCIAS, antes de encarnar num corpo físico. Platão propôs a chamada Teoria da Reminiscência. Mas o que é isto? Teoria da Reminiscência? Para ele, na Teoria da Reminiscência, a nossa alma antes de nascer num corpo físico contemplou o mundo verdadeiro, ou seja, o MUNDO DAS IDEIAS, FORMAS E ESSÊNCIAS. A alma "conheceu" este mundo (MUNDO PERFEITO) e ao nascer" na matéria densa e sólida, esqueceu-se do que contemplou, inclusive, a tal BELEZA OU O BELO.

A alma esquece a "verdade," por assim dizer. Como ela pode relembrar? Através do método dialético, do diálogo racional e lógico entre as pessoas, para purificar os possíveis erros e equívocos. Consequentemente, conhecer, para Platão, é reconhecer, relembrar o que a alma contemplou antes de seu nascimento na prisão do corpo, no mundo das aparências, sombras e ilusões (o nosso mundo).

Daí o idealismo de Platão ser UM IDEALISMO REALISTA. Não sou especialista em nenhuma corrente filosófica. Mas, basicamente, penso ser isso que Platão quis dizer.

Os diálogos platônicos são belos, mas, como eu disse em outros textos, não gosto do idealismo enquanto Filosofia que inverte a ordem do mundo. Castelos lógicos são bonitos, entretanto, prefiro uma ontologia mais simples: NATURAL, SOCIAL, HISTÓRICA E COM HOMENS VIVOS, ATIVOS e sendo os únicos responsáveis por fazer deste mundo um lugar melhor para se viver. Por quê? Porque a Filosofia dissociada de um engajamento político e social para mim não serve para nada. Simples!

Ass: Marco Aurélio Machado